Proposta prevê parque na morraria
Projeto inclui trilhas, mirantes, deques, observatórios de aves, pista de parapente e até funicular
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



Uma proposta de parque turístico na morraria do Canto do Morcego, entre a praia Brava e o bairro de Cabeçudas, em Itajaí, tem circulado pela internet e despertado curiosidade. O projeto está sendo elaborado pela associação de Proprietários de Terrenos na Praia Brava e o instituto Itajaí Sustentável, mas ainda não foi apresentado oficialmente. A associação é a mesma que questionou o zoneamento ambiental do canto Norte da Brava, em disputas jurídicas entre 2012 e 2017 que terminaram com a liberação de construções na área.
A proposta que circula nas redes traz um estudo preliminar do parque assinado por um escritório de arquitetura e urbanismo de Florianópolis. O projeto prevê estrutura como mirantes, trilhas, pista de voo de parapente, observatórios de aves, deques de madeira e até uma travessia chamada funicular, espécie de vagão de transporte sobre trilhos que faria a ligação de Cabeçudas com o topo do morro. A linha teria base no terreno entre a igreja e o hotel Marambaia.
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A entrada principal do parque ficaria no canto Norte da praia Brava, no encontro da avenida José Medeiros Vieira com a rua José Menescau do Monte. Aos pés da morraria haveria um posto de serviço e base de fiscalização, com banheiros, bicicletário e estacionamento. A entrada daria acesso às trilhas ecológicas do Canto do Morcego, que se ligariam com outras trilhas de Cabeçudas e aos mirantes e pontos de parada.
A atual área do farol de Cabeçudas, que seria mantida, receberia um posto de lazer, prevendo café, restaurante e estrutura de apoio com banheiros e deques. Seria permitido o acesso de veículos pela estrada que hoje é usada pelo serviço de manutenção do farol, administrado pela Marinha. O projeto prevê ainda dois mirantes, um no caminho pra ponta de Cabeçudas, e outro mais perto do Canto do Morcego.
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No lado oposto à ponta do farol, a proposta sugere usar a pista de parapente já existente como outra atração, fazendo uma base de apoio no local, com estacionamento e ligação com as trilhas. Nos dois lados da ponta de Cabeçudas haveria locais de observação de aves.
O parque propriamente dito ficaria em terras públicas, do município e da Marinha, com áreas de amortecimento formadas por terrenos particulares. O projeto defende que todas as intervenções devem ser mínimas. “A proposta é resguardar ao máximo os aspectos ambientais e paisagísticos”, diz o material.
A professora da Univali e doutora em engenharia florestal, Rosemeri Marenzi, coordenou os estudos pra criação da APA Orla de Itajaí e do parque Natural do Canto do Morcego. A criação da área faz parte de um acordo judicial firmado em 2014 entre o ministério Público, prefeitura e PB Internacional Empreendimentos, como medida de compensação pela construção do Bravíssima Private Residence.
Rosemeri disse que não tinha conhecimento do projeto turístico na morraria. A professora avaliou que a proposta não parece ter levado em consideração o estudo de delimitação de área para o parque ou de plano de manejo, elaborados pela Univali.
Sobre a viabilidade da estrutura numa região de interesse ambiental, Rosemeri considerou que precisaria analisar o projeto com mais detalhes. “Mas, a princípio, parece uma estrutura exagerada para uma área tão pequena”, adiantou.
O parque Natural do Canto do Morcego fica dentro da APA Orla, compreendendo a morraria do canto Norte da Brava, passando pela orla da praia e o ribeirão Cassino da Lagoa até o ribeirão Ariribá, no limite com Balneário Camboriú. A delimitação do parque está pendente e a criação da APA ainda aguarda decreto do munícipio.
Análise
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O presidente do Inis, Fábio da Veiga, explicou que a proposta é uma sugestão de projeto preliminar que será doada pela associação e deve ser entregue na semana que vem ao município. Ele frisou que uma possível implantação vai depender ainda de uma série de discussões, principalmente com a União, que é dona da maior parte das terras da praia Brava.
A análise do projeto, segundo Fábio, deve se estender por cerca de três meses e vai considerar as regras do plano de manejo. Ele disse que o instituto trabalha na criação da APA e dos parques municipais do Canto do Morcego e do Cassino da Lagoa, esse mais adiantado, previstos no acordo celebrado.