Itajaí

Depois de vencer a morte, Kauê mena montou academia

Mesmo com sequelas na fala, visão e coordenação, ex-lutador se formou em educação física e dá aulas

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Passados seis anos do episódio que quase tirou sua vida e depois de um longo processo de recuperação, Kauê Terra Mena, 28 anos, ex-lutador de MMA que foi espancado violentamente em 2013 num posto de gasolina em Camboriú, vive um processo de superação. Após passar por oito cirurgias no crânio e um ano e meio no hospital, sendo seis meses de UTI e 44 dias em coma, Kauê retomou os estudos, se formou em Educação Física em Pelotas (RS) e desde o ano passado toca a academia KM Gym, em Santa Vitória do Palmar, sua cidade natal, no extremo sul gaúcho. Kauê e a mãe do lutador, a pedagoga Gisele Terra, 56 anos, falaram com o DIARINHO sobre o drama dos últimos anos e a retomada de uma nova vida. Após deixar o hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, Kauê passou seis meses na o hospital Santa Casa, em Pelotas. “Foi uma grande luta pela vida. Ele fez várias cirurgias até recolocar novamente a calota [do crânio]. Foram meses e meses de muito sofrimento pra mim e para toda nossa família”, conta a mãe, sócia da academia. Segundo Gisele, a família teve que fazer uma campanha pra bancar os gastos do tratamento, incluindo exames não custeados pelo SUS e as enfermeiras que o acompanhavam 24 horas na UTI. “Só tenho que agradecer a todos que me ajudaram. Aos meus pais que conseguiram pagar todo meu tratamento. Uma campanha de ajuda foi feita nas redes sociais e o mundo inteiro me ajudou”, comenta Kauê. Após ser liberado do hospital em Pelotas, o lutador voltou pra cidade natal, onde ficou mais um ano e meio em recuperação. Durante o período, não falava e não conseguia andar, dependendo de cadeiras de rodas e dos cuidados da mãe. A família voltou a morar em Pelotas em 2015, pra que Kauê pudesse terminar o último ano da licenciatura em Educação Física. Ele tinha trancado o curso pra ir morar em Balneário Camboriú e seguir a carreira de lutador. Além de concluir o curso, emendou um bacharelado em Educação Física, pra depois abrir a academia, apesar das sequelas que a agressão lhe deixaram. Volta por cima Ontem, a academia de Kauê completou 11 meses. Ele dá aulas de boxe e muay thai, além de orientar sobre atividades físicas funcionais, atendendo alunos de 6 a 62 anos. “Estou trabalhando muito bem, tendo apoio de todos meus alunos e superando cada obstáculo”, afirma. Fazendo o que gosta, Kauê treina um grupo pra participar de competições representando a academia. A agressão que sofreu interrompeu a carreira do atleta, que chegou a concorrer pro TUF Brasil 2, um reality show de MMA. Pela Company Fight Team, ele somou sete vitórias e uma derrota entre 2008 e 2013. Kauê diz que as poucas coisas ruins que se lembra do período de tratamento tem superado com o que chama de “bênçãos recebidas” com a academia. “Peço a Deus para prosperar meu local de trabalho para ter condições financeiras de um dia retornar a Balneário e Itajaí, rever meus amigos e todos aqueles que ajudaram minha mãe”, planeja, agradecendo também ao DIARINHO que, em 2013, fez matérias divulgando a campanha. Pra Gisele, todo o processo de recuperação é uma prova que Deus existe, que Jesus faz milagres e que o amor de mãe ajuda a curar e superar tudo. Kauê não discorda. “Existe uma única justificativa e prova de minha superação: Deus e a fé de todos unidos em orações no mundo inteiro”, comenta. Autores da agressão ainda estão impunes Segundo Gisele, a justiça até hoje não puniu os responsáveis pela agressão. Ela entende que o maior culpado é Maiquel Falcão, com quem Kauê não tem mais amizade desde a briga. A mãe não gosta nem de falar no nome do lutador, porque o filho se sente mal. Antes do episódio, Maiquel já havia sido expulso do UFC, principal entidade do MMA, por problemas envolvendo agressão, e depois da briga em Camboriú, acabou saindo também do Bellator, a maior organização de MMA dos Estados Unidos. Ele ainda luta e vive em Pelotas. A mãe de Kauã diz que os acusados ainda esperam pelo julgamento. Segundo relata, eles e Falcão não comparecem nas audiências. “Ignoraram o caso”, lamenta. Quatro jovens são réus no processo, respondendo por lesão corporal e tentativa de assassinato. Kauê foi atacado pelas costas 
e espancado brutalmente A agressão contra o lutador foi na madrugada do dia 6 de julho de 2013, na loja de conveniência do posto de gasolina Paixão, na avenida Santa Catarina, no Tabuleiro, em Camboriú. Kauê, com 22 anos na época, tava acompanhado do também lutador de MMA, Maiquel Falcão, 32. O amigo se envolveu em uma confusão, após ter encoxado uma cliente que aguardava ser atendida na fila do caixa. A mulher se queixou e Falcão a agrediu, dando início a uma briga ainda dentro da loja, envolvendo os amigos da moça. A pancadaria se estendeu pro pátio do posto, onde Kauê, na tentativa de defender o colega, foi atingido por uma paulada violenta na cabeça. Ele caiu e desmaiou. Ainda no chão, Kauê sofreu vários socos, chutes e pontapés na cabeça. O lutador foi levado pro hospital Ruth Cardoso entre a vida e a morte. Sem vagas na internação, foi transferido pro hospital do Coração, onde passou por duas cirurgias. Ele teve que tirar uma parte do osso da cabeça em função do inchaço no cérebro e perdeu massa encefálica. Depois, Kauê foi encaminhado pro Marieta e, em seguida, foi levado pra Pelotas, onde continuou o tratamento e a recuperação. O espancamento deixou Kauê com sequelas na fala, na memória, na visão periférica e na coordenação motora. Ele não tem lembranças da briga.




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