Apesar da justificativa do decreto de 1998 mencionar que a intenção da prefeitura na desapropriação era a pavimentação da avenida Reinaldo Schmithausen e as obras de arte na frente da ponte que margeia o Itajaí-mirim, Jandir diz que sua intenção original era construir uma creche e a praça pública para o bairro Cordeiros naquele terreno. Ele justifica o motivo de ter recuado na ideia inicial Íamos fazer a praça e a creche, mas depois vimos que o lugar estava contaminado desde a enchente de 1983, por causa do vazamento de combustível. Por isso, o terreno não servia e revogamos o decreto, explica Jandir.
Ele ainda destaca que o decreto já tinha caducado, portanto a prefeitura precisava decidir: desapropriar a área ou não. E a decisão foi suspender o documento e enterrar os planos, que já tinham ...
Ele ainda destaca que o decreto já tinha caducado, portanto a prefeitura precisava decidir: desapropriar a área ou não. E a decisão foi suspender o documento e enterrar os planos, que já tinham sido anunciados aos moradores da região do Cordeiros. Depois da revogação, a Shell poderia dar o destino que achasse melhor ao terreno. O que sei é que havia o interesse da Femepe [indústria de pescados] na compra, mas não podia por causa da contaminação. Só servia mesmo para atividade portuária, afirma o prefeito.
Apesar de ser sócio da Bellini Participações e da empresa ter ingressado no grupo Trocadeiro, o prefeito resiste ao termo sócio. Por modéstia ou por cautela, Jandir recua da participação no empreendimento portuário quando questionado se acha certo a entrada dele na sociedade. Eu não sou sócio. Foi feita a empresa e tenho uma pequena participação. Mas não tem nada a ver comigo, declina.
Os outros sócios
Nenhum dos três fundadores da Trocadeiro comentou o assunto com a reportagem. Augusto Dalçoquio informou, através da assessoria de imprensa, que não vai se pronunciar e que Guto que hoje é o administrador do complexo portuário é quem deveria falar em nome da empresa. Já o ex-deputado federal Artenir Werner não foi encontrado na Avantis, faculdade que preside em Balneário Camboriú.
Já o terceiro sócio fundador da Trocadeiro não faz mais parte do grupo. A reportagem descobriu que Osmar Amaral é presidente de uma indústria de produtos agrícolas no estado do Paraná. A secretária dele ficou de colocá-lo em contato com o DIARINHO para comentar o caso. No entanto, ao invés de telefonar para o jornal, ele ligou para Dalçóquio, pedindo que o próprio entrasse em contato com a reportagem para isentá-lo de qualquer participação no porto, por já ter deixado a sociedade.
Foram justamente as frações da parte que Osmar Amaral tinha na Trocadeiro que deram acesso à WGC Participações, a empresa de Amílcar Gazaniga. Eu não tenho nada a esconder. Nem sabia deste decreto de desapropriação. Na época nem tinha acesso a essas informações, ressalta Amílcar, que hoje é publicamente um dos conselheiros da administração Bellini, apesar de recusar os convites para um cargo oficial na mesma administração. Amílcar explica que entrou para a Trocadeiro em fevereiro de 2004, depois que Osmar Amaral deixou o grupo. Só entrei para a empresa depois que eu saí do porto de Itajaí. Nós prestávamos consultoria privada na área de energia para o Dalçoquio. E recebemos a participação societária como pagamento, salienta Amílcar. Ele tem outros dois sócios na WGC: o ex-secretário de energia do ministério de Minas e Energia, Benedito Aparecido Carraro, e o engenheiro Gustavo Ferrari Wolowski. Eles têm 10% de participação no complexo portuário.