O buxixo sobre as transferências de pequerruchos da Casa da Criança, em Balneário Camboriú, rende cada dia mais. Em entrevista coletiva ontem, a presidente do conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, Jade Martins, disse que toda a equipe da instituição será afastada e a pirralhada transferida pra um abrigo de Camboriú, por causa de uma liminar da dona justa após pedido do Ministério Público. O bafão aumenta porque a presidente da Casa da Criança, a advogada Reti Jane Popelier, numa outra coletiva ontem, falou que a instituição tá sendo vítima do MP por causa de denúncias que ela fez há alguns anos contra o órgão. Já o promotor da Vara da Infância e da Juventude, Mário Vieira Júnior, jura que isto não tem nada a ver.
No início da tarde de quinta-feira, Jade reuniu a imprensa pra falar que uma decisão liminar num agravo do Tribunal de Justiça foi encaminhada ao conselho após chegar nas mãos do prefeito Edson ...
No início da tarde de quinta-feira, Jade reuniu a imprensa pra falar que uma decisão liminar num agravo do Tribunal de Justiça foi encaminhada ao conselho após chegar nas mãos do prefeito Edson Periquito (PMDB), na última sexta-feira. No documento, foi determinado o afastamento da presidente da Casa da Criança. O município tinha 48 horas pra firmar um novo convênio e começar a transferir os pequenos pra outra entidade. Ficou acertado num contrato de dois meses que o lar Bom Pastor, de Camboriú, vai dar abrigo pros pequerruchos.
Jade não deu detalhes da ação. Disse que apenas seguiu ordens. Ela conheceu o lar Bom Pastor, falou que a estrutura física é boa, mas a questão dos quartos é complicada porque já tem 15 pessoas no abrigo de Cambu. O ideal, segundo Jade, seria que as crianças fossem transferidas pra um abrigo de Balneário, mas na city não há nenhum outro lugar que possa atender à demanda da pirralhada. Até agora, oito crianças já foram transferidas e 14 continuam na Casa da Criança. Quatro delas foram pro novo abrigo, na Capital da Pedra, e as outras quatro, que eram de São João Batista, foram levadas pra Biguaçu. A forma de transição não foi adequada. Já existe um trauma criado, lamenta.
Um pouco mais tarde, a presidente da Casa da Criança concedeu coletiva e garantiu que ainda não tinha recebido ordem da justa pra se afastar da casa. Reti acredita que todo o bafão é uma briga pessoal, já que fez denúncias em 2008, dizendo que o MP estava conduzindo processos irregularmente. Um deles, lembra a advogada, seria separar famílias de irmãos sem motivo.
Reti também diz que o promotor Mário denunciou estupros dentro da entidade com base numa ocorrência registrada por ela, de um caso isolado de crianças que teriam feito brincadeiras sexuais. Esse fato isolado foi transformado numa coisa gigante. A briga é entre o Ministério Público e eu, mas eles tão atacando a Casa da Criança, detona.
Não tem perseguição
Já o promotor Mário disse à reportagem que o afastamento de Reti e de toda a equipe foi decidido pelo Tribunal de Justiça de Florianópolis. Como não tinham como montar outra equipe, as crianças estão sendo transferidas. Ele negou que esteja rolando perseguição contra a advogada e lembrou que um processo, ainda em aberto, apura diversas irregularidades dentro da Casa da Criança desde 2008. Mário só não falou que irregularidades seriam essas. Nós temos que proteger as crianças, afastar onde há perigo, resume o dotô.
O juiz Adilor Danieli, da Vara da Infância do Balneário, não quis se manifestar sobre o assunto. Limitou-se a informar, através da sua assessoria, que o caso corre em segredo de justiça. As transferências de todas as crianças devem ser concluídas em 30 dias.