Colunas


O poder sem face


Sir Poolcket juntou o lixo espalhado na calçada em frente à sua casa. Os cachorros fugiram, mas deixaram avisos de comportamento. Estava apreensivo porque fora convidado para uma cerimônia de formalidades à noite e necessitava estar preparado. Nos últimos tempos sempre se envolvia com os outros, ainda que desconhecidos, em ambientes controlados. Aqui e ali, quase todos que ficavam em convívio, mesmo que rápido, eram inclementes adorados.

O Poder é formado por tramas de um tecido que muda de cor ao passar dos tempos. Embora cada ser humano venha a sair da linha do tempo, ainda que possa estar muito mais vivo em lugares distantes, o Poder é uma rede que não pode pertencer a ninguém. As pessoas nascem e se vão, e o Poder permanece imaculado. Sir Poolcket sentia que algo escorria pelas suas mãos. Sentia esses pensamentos lhe atormentar a vida enquanto recolhia o lixo espalhado. O Poder se evaporava com o tempo que afligia seu futuro.

A manhã se foi, a tarde se apressou, e Sir Poolcket estava ansioso e com incertezas a rondar sua respiração e seus músculos da face. Seria a primeira vez que participaria de uma festa e que ficaria à solta no ar, sem controle sobre as atitudes dos outros convidados, sem bajulação, sem o apoio dos adoradores. Os outros da festa estavam no controle. Seriam “grandes personagens” e ficariam seguros porque estavam em seu próprio território, em sua “casa”, e ali tinham o comando.

Sir Poolcket percebia que os “amigos” que até então estavam ao seu lado adoravam o Poder e, por muitas vezes, o suportavam. Enquanto Sir Poolcket estivesse ali a distribuir benefícios, ...

Já tem cadastro? Clique aqui

Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais

Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!

O Poder é formado por tramas de um tecido que muda de cor ao passar dos tempos. Embora cada ser humano venha a sair da linha do tempo, ainda que possa estar muito mais vivo em lugares distantes, o Poder é uma rede que não pode pertencer a ninguém. As pessoas nascem e se vão, e o Poder permanece imaculado. Sir Poolcket sentia que algo escorria pelas suas mãos. Sentia esses pensamentos lhe atormentar a vida enquanto recolhia o lixo espalhado. O Poder se evaporava com o tempo que afligia seu futuro.

A manhã se foi, a tarde se apressou, e Sir Poolcket estava ansioso e com incertezas a rondar sua respiração e seus músculos da face. Seria a primeira vez que participaria de uma festa e que ficaria à solta no ar, sem controle sobre as atitudes dos outros convidados, sem bajulação, sem o apoio dos adoradores. Os outros da festa estavam no controle. Seriam “grandes personagens” e ficariam seguros porque estavam em seu próprio território, em sua “casa”, e ali tinham o comando.

Sir Poolcket percebia que os “amigos” que até então estavam ao seu lado adoravam o Poder e, por muitas vezes, o suportavam. Enquanto Sir Poolcket estivesse ali a distribuir benefícios, a definir a viagem do dinheiro e a decidir a junção de pessoas-cargos, haveria servilidade, adulação, sabujo. O Poder é um mundo de torpor e alucinação. Seu usuário volta à realidade do dia e fica “limpo” quando o Poder se vai para outras mãos. Sir Poolcket começava a sentir suas fraquezas.

A festa começou e todos estavam animados, felizes e comemorativos. Sir Poolcket chegou e foi levado ao lugar que lhe estava reservado: ao centro e isolado. Sentia-se como uma vespa no formigueiro: um mundo sem amigos para conversar, para refazer sua autoridade a cada minuto, para perguntar para si e responder aos demais. Os que chegaram para cumprimentá-lo, o fizeram sem entusiasmo.

Os amigos de Sir Poolcket eram parte do entorpecimento do Poder. Ainda não havia, em sua vida, experimentado o fato de que seus “amigos” adoravam mais o poder do que a pessoa que o exercia. A solidão da ausência do poder marcava o destino de Sir Poolcket.

A “festa” começara! Todos sorridentes e a trocar olhares como espiões que estavam prestes a encontrar o momento crucial de uma ação secreta: colar o chiclete mascado num vidro para causar a “explosão”. Sir Poolcket começou a expressar seus desconfortos em caretas, abaixar a cabeça por longos momentos e por agitar as pernas de modo descontrolado. Sir Poolcket começou a sentir raiva, e sua ira lembrava aos seus “opositores” seus próprios medos de infância.

Sir Poolcket conseguiu retornar à sua casa com desolação, sentindo o infortúnio do Poder e de como havia gerado confusões e problemas. Sua revolta e tristeza pessoais eram o retrato em cores de seus erros por ser o mais admirador, adorador, por se sentir o mais forte Adonis [herói grego famoso por sua rara beleza] em relação ao Poder. O Poder desvanecia, e Sir Poolcket ressentia-se que nunca estivera preparado para estar ali. Os amigos começaram a fugir de modo desorganizado.

Sir Poolcket era vítima de si mesmo: de sua arrogância, de seu egoísmo, de sua estupidez, de seus medos de infância. Os “amigos” de outrora, por ora, serão “amigos” de outros, em auroras passadas, adversários. Sir Poolcket voltou a colocar o lixo em frente à sua casa! Reencontrou os cachorros, um preto por completo e outro cinza.


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

O que mais te irrita quando acaba a luz?



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

“Marketing” e “força eleitoral”: por que Hugo Motta insistiu na aprovação do PL Antifacção

PL ANTIFACÇÃO

“Marketing” e “força eleitoral”: por que Hugo Motta insistiu na aprovação do PL Antifacção

“Caos climático” pode ser evitado: veja os caminhos indicados pela Ciência

MUNDO

“Caos climático” pode ser evitado: veja os caminhos indicados pela Ciência

Linha de frente da crise climática toma as ruas de Belém

CRISE CLIMÁTICA

Linha de frente da crise climática toma as ruas de Belém

Cúpula dos Povos reúne 20 mil e apresenta agenda popular para a COP30

COP30

Cúpula dos Povos reúne 20 mil e apresenta agenda popular para a COP30

Gigantes das criptomoedas movimentaram bilhões ligados a fraudes, traficantes e hackers

CRIPTOMOEDAS

Gigantes das criptomoedas movimentaram bilhões ligados a fraudes, traficantes e hackers



Colunistas

Sertanejos em BC

Coluna do Ton

Sertanejos em BC

Jair Renan faltou a Câmara para visitar o pai na prisão

JotaCê

Jair Renan faltou a Câmara para visitar o pai na prisão

Projeto 2026

Coluna Esplanada

Projeto 2026

Segurança reforçada para receber Alexandre de Moraes e Fachin em SC

Coluna Acontece SC

Segurança reforçada para receber Alexandre de Moraes e Fachin em SC

Black Friday

Charge do Dia

Black Friday




Blogs

Mais árvores para a cidade

Blog do Magru

Mais árvores para a cidade

Sacaneou o pai

Blog do JC

Sacaneou o pai

Bayer 04 reúne lendas e imprensa em São Paulo (SP) para balanço da temporada no Brasil

A bordo do esporte

Bayer 04 reúne lendas e imprensa em São Paulo (SP) para balanço da temporada no Brasil

O Socorro Improvável - Poema

VersoLuz

O Socorro Improvável - Poema






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.