A propósito da chegada da primavera, estação das flores, no próximo dia 22, vai-se a seguir transcrever partes do texto com o título acima, do jornalista Silveira Júnior, publicado em seu álbum histórico - “Itajaí 1972” - no qual ele conta como e por quem a cidade se livrou do vexame de ter seus jardins calçados com pedras lascadas.
“Em termos de embelezamento urbano, Itajaí foi assim como uma menina feia que se arruma, pinta-se e fica linda com a chegada da primavera. Porque manda a verdade que se diga que esta era uma das muitas cidades feias e sujas do litoral brasileiro. Ruas estreitas e tortuosas, jardins calçados de pedras, calçadas descuidadas.
Com pequenas nuances para melhor e para pior, foi assim até 1965, quando pela segunda vez Carlos de Paula Seára (Lito) assumiu o governo municipal, precedido da fama de haver sido um bom prefeito no quinquênio 1956/1961.
E Lito não decepcionou aqueles que esperavam dele um bom governo. (...)
O que queremos destacar é o fato de Lito ter transformado Itajaí num jardim. Antes dele não se tem notícia de que qualquer iniciativa nesse sentido não houvesse sido destruída pelo vandalismo, pela depredação.
E tão repetidos foram esses fracassos que nem o próprio Lito no seu primeiro período de governo se julgou com coragem de plantar um pé de rosa que fosse.
Mas no seu segundo mandato tomou uma deliberação: plantou tanta flor, que a população se conscientizou de que aquilo não era para ser destruído. Os escolares passam hoje pelos roseirais floridos sem tocar numa pétala; os portuários tomam conta das amarilis que enfeitam a bela avenida que margeia o cais do porto; os motoristas de táxi estão vigilantes às centenas de rosas que desabrocham no jardim Irineu Bornhausen ou às calêndulas que vicejam na praça Bruno Malburg.
E os milhares de escolares que andam quilômetros de ruas floridas não se lembram de danificar um pé de rosas ou um tapete vermelho de begônias.
Hoje, a cidade, que era triste e descolorida, ri numa primavera de cores e perfumes. A obra de Carlos de Paula Seára é hoje irreversível. Ao assumir a prefeitura, temia-se que Júlio Cesar (seu sucessor) esquecesse as flores plantadas por Lito, mas – pelo contrário – hoje Itajaí tem mais flores nas suas ruas e jardins do que nunca.
As rosas que Lito plantou florescem ao ano todo, porque o povo aprendeu a amar as flores.
Foi um milagre.”