Por Alfa Bile - alfabile@gmail.com
Fotógrafo, poeta e escritor. Autor do livro Lume, suas obras Fine Art já decoram hotéis como Hilton e Mercure. Publicado pela National Geographic e DJI Global @alfabile | @alfabilegaleria
Publicado 18/11/2025 10:48
📸 ✍️ Por Alfa Bile – Blog VersoLuz | Jornal Diarinho
Alguns haikais nascem de uma imagem recente. Outros, como este, vêm de um lugar muito mais antigo: a infância.
A poesia abaixo surgiu num daqueles dias em que o ar cheira a terra molhada, e a memória decide voltar correndo, sem pedir licença.
Barro molhado —
infância travessa corre,
joelhos ralados.
Quando escrevi, não pensei em técnica nem em métrica. Pensei naquele menino que existia antes de mim — correndo descalço pelas ruas de terra, caindo sem medo, vivendo com pressa de descobrir o mundo.
Barro molhado tem esse poder: abre a porta do passado.
O haikai fala desse instante em que a chuva se mistura com lembranças.
A infância sempre foi o território das pequenas ousadias: joelhos ralados, roupas sujas, risos que vinham rápidos e iam embora do mesmo jeito.
Era como se o mundo inteiro coubesse numa rua de terra depois da chuva.
Escrevendo, percebi que o tempo passa, mas o cheiro do barro continua sendo um atalho para tudo o que fomos.
E talvez seja isso que a poesia faça tão bem: devolver o que a vida levou, ainda que por um segundo.
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Publicado 17/11/2025 19:48