A temporada de floração dos ipês já começou em Itajaí e região, prenunciando a primavera, oficialmente a partir de 22 de setembro. A florada cria um espetáculo pelas ruas. No jardim do herbário Barbosa Rodrigues, no centro de Itajaí, os ipês roxos criam um cenário encantador, com mais de 10 árvores floridas. Em outros locais, os ipês amarelos também dão show. Já os rosas costumam entrar em cena em outubro.
O biólogo e doutor em botânica, Luís Funez, curador do herbário, explica que a floração acontece conforme os tipos de ipês, nem todos ao mesmo tempo. “Os ipês roxos (handroanthus heptaphyllus) florescem ...
O biólogo e doutor em botânica, Luís Funez, curador do herbário, explica que a floração acontece conforme os tipos de ipês, nem todos ao mesmo tempo. “Os ipês roxos (handroanthus heptaphyllus) florescem exatamente nessa época, na saída do inverno para a primavera. A impressão de que estejam adiantados é justamente por existirem muitas espécies de ipês e nem todas têm a mesma época de floração”, informa.
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Os ipês amarelos costumam vir logo na sequência dos roxos. Embora não seja regra, Luíz diz que dificilmente as floradas deles se sobrepõem. O pesquisador detalha que o ipê-amarelo-do-morro (handroanthus chrysotrichus) e o ipê-amarelo-do-brejo (handroanthus umbellatus) são as espécies mais comuns em cultivo. “Temos muitos indivíduos dessas espécies plantadas pelas nossas cidades e costumam florescer já no início da primavera. Metade/final de setembro geralmente é o auge”, conta.
O terreno do herbário é cercado de ipês, a maioria roxos. Luís relata que nunca viu uma florada tão bonita e com várias árvores floridas ao mesmo tempo. O cenário contrasta com os prédios ao redor, a construção histórica do herbário e as torres da igreja Matriz, ao fundo. A floração também pode ser vista pelos bairros. Em Balneário Camboriú, ipês roxos e amarelos floresceram um perto do outro no bairro das Nações.
Outras espécies costumam florescer mais tarde, podendo se estender até dezembro. Dois tipos de ipês, também amarelos, são mais raros na região e florescem em outubro e novembro. Trata-se do ipê-da-praia (handroanthus pulcherrimus), com pouquíssimos cultivados na região, e o ipê-da-serra (handroanthus albus), mais raro ainda na região. “Esse nem cresce direito no litoral. Nunca vi na região, apenas na serra (Urubici, São Joaquim e Lages) e no oeste catarinense”, comenta o pesquisador.
O ipê rosa (tabebuia rósea) também dá show na primavera, com floração esperada em outubro. Luís observa que, ao contrário das demais, essa é uma espécie exótica, possivelmente invasora no Brasil. Em Itajaí, são marcantes os exemplares na avenida Beira Rio.
“Apesar de ter flores bonitas, o espetáculo não é tão vistoso quanto das nossas espécies nativas, porque essas espécies não perdem totalmente as folhas durante o inverno, uma vez que vêm de áreas totalmente tropicais, como El Salvador, na América Central”, explica.
Espécies com flores comestíveis
Luís Funez lembrou uma curiosidade sobre os ipês. Algumas espécies têm flores comestíveis e podem ser usadas na gastronomia, cruas ou em diferentes preparos. “As flores dos ipês roxo e amarelo são, além de belíssimas, comestíveis, mas o roxo costuma amargar, enquanto os amarelos têm sabor neutro adocicado”, disse.
Mas a importância das árvores vai além da beleza e do uso das flores. A floração integra um processo ecológico fundamental para animais polinizadores e para a reprodução das espécies a partir das sementes contidas nos frutos. Nesse processo, o tempo é uma condição crucial.
“Depois da floração, os frutos se desenvolvem, possuem o formato de vagens e contêm centenas de pequenas sementes que saem voando. Se quiser multiplicá-los, tem de ser rápido, pois em questão de dias essas sementes já perdem a viabilidade e não germinam mais”, completa.
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