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Cultura viva reconhece raízes e diversidade em Balneário Camboriú
Edital premia entidades que mantêm as tradições locais e fortalecem a identidade cultural
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Uma parceria entre a Fundação Cultural de Balneário Camboriú e o Ministério da Cultura resultou no reconhecimento de 10 coletivos e entidades não governamentais por meio do Edital Cultura Viva 2025. A iniciativa premiou cada selecionado com R$ 28.789,24, valor proveniente da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) de Fomento à Cultura, além da certificação como Ponto de Cultura. Os recursos visam fortalecer ações culturais que resistem ao tempo e ao avanço urbano, mantendo vivas as raízes históricas e a diversidade da cidade.
Entre os contemplados está a centenária Colônia de Pescadores Z-7, que completa 100 anos em 2025 e foi a primeira da cidade a obter o título de Ponto de Cultura, em 2018. Também receberam a certificação o Coletivo Morro do Boi, o Grupo Percussivo Maracatu Nova Lua, o coletivo Artes em Conchas, Totens de Laranjeiras, Capoeira Cangaço BC, Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Taquaras, CTG Barra Mansa, Abadá Capoeira Balneário Camboriú e a Associação de Moradores da Praia do Estaleiro.
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A proposta do edital é descentralizar as políticas culturais, levando recursos diretamente às comunidades onde a cultura é criada e transmitida. “A iniciativa marca um avanço na descentralização da política cultural em Balneário Camboriú, levando o fomento diretamente às comunidades onde a cultura é vivida e produzida”, destaca o diretor-presidente da Fundação Cultural, Allan Müller Schroeder. O prêmio, classificado como doação sem encargo, dispensa contrapartidas e prestação de contas, facilitando a continuidade dos projetos.
Além das 10 entidades contempladas, outras 22 foram pré-certificadas e aguardam a conclusão do processo para também receberem o reconhecimento como Pontos de Cultura. Novos editais devem ser lançados ainda em 2025, ampliando a rede cultural e fortalecendo a preservação das manifestações que compõem a identidade de Balneário Camboriú.
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Resistência e preservação cultural
O Grupo Percussivo Maracatu Nova Lua, fundado em 2016, atua na difusão do Maracatu de Baque Virado e na valorização da cultura afro-brasileira por meio de oficinas gratuitas, vivências com Mestres e rodas de conversa. “Esse reconhecimento valida o trabalho contínuo de preservação e difusão da cultura afro-brasileira, reforçando a importância do Maracatu como instrumento de resistência, identidade e transformação social”, afirma a coordenadora Clarisse Beltrão. O grupo conta com cerca de 50 integrantes e tem como foco o empoderamento de mulheres, pessoas negras, LGBTQIAP+, quilombolas e jovens de baixa renda.
O Quilombo do Morro do Boi, reconhecido pela Fundação Cultural Palmares em 2009 e oficialmente como comunidade quilombola em 2023, também celebra o apoio recebido. “Hoje estamos recebendo muito mais alunos e visitantes na casa que foi da dona Margarida, nosso espaço de referência. Com a premiação, queremos ampliar esse atendimento e criar um novo espaço para acolher ainda mais pessoas”, afirma Sueli Marlete Leodoro, representante da comunidade.
Outro coletivo premiado, o Artes em Conchas, transforma resíduos da maricultura e materiais recicláveis em arte e geração de renda. Formado em 2006 por mulheres da comunidade pesqueira do Bairro da Barra, o grupo cria peças artesanais com conchas, escamas, couro de peixe, fibras naturais e outros materiais reaproveitados. “O grupo foi visto, ganhou visibilidade”, comemora Roseni Salete dos Santos Cruz, integrante do coletivo. O recurso será utilizado na reforma da loja onde as peças são comercializadas. Ao longo dos anos, o coletivo ampliou sua atuação e hoje integra a rede Encantos da Barra, junto a outros grupos como a comunidade quilombola do Morro do Boi.