BALNEÁRIO
Menino de cinco anos morre de meningite; família acusa negligência no Ruth Cardoso
Antes de ser internado, relatos são de que família procurou o hospital por quatro vezes
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]




Faleceu na sexta-feira o menino J.W.M., de cinco anos, que estava internado no hospital Pequeno Anjo com meningite bacteriana e tuberculose. Familiares e amigos da família do menino, que é haitiana, alegam que houve negligência no atendimento inicial que foi no hospital Ruth Cardoso de Balneário Camboriú.
Durante a semana retrasada, os pais contaram que levaram o menino várias vezes ao Ruth Cardoso. “Sempre voltavam apenas com remédio, falando que era uma virose, uma gripe comum, e não pediram exames, nada”, contam. No domingo retrasado, eles foram ao PA da Barra e o pequeno foi transferido rapidamente para o Pequeno Anjo em coma induzido.
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Com exames foi descoberta a doença de J.W.M. “Foram feitos todos os exames que um hospital de verdade deve fazer e descobriram que ele tinha meningite bacteriana e tuberculose. Estão a semana inteira tentando salvar a vida dele. Hoje [sexta], chegaram a falar que iriam desligar os aparelhos para ver se ele voltava, mas não deram esperança para os pais, pois os órgãos não estavam respondendo e deram como morte cerebral”, explicaram.
Por volta das 16h de sexta, a criança faleceu. “Esse hospital Ruth Cardoso tem que ser investigado, porque não é possível tanta falta de respeito com a vida de um ser humano”, acusa uma amiga da família. A família de J. mora na Quinta avenida, no bairro dos Municípios, e está desolada.
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O Pequeno Anjo confirmou a morte da criança, mas não pôde repassar detalhes sobre as causas ou se a demora no atendimento agravou o quadro clínico.
Hospital nega negligência
O Hospital Ruth Cardoso negou que tenha havido negligência no atendimento ao menino. A secretaria de Saúde informou que todos os atendimentos foram feitos conforme protocolos médicos. “O paciente deu entrada em nossa unidade no dia 26 de junho de 2025, apresentando sintomas álgicos sem local específico, sem evidências clínicas que indicassem, naquele momento, quadro de gravidade. Foi prontamente avaliado por profissional médico, o qual, observando os protocolos assistenciais e diretrizes clínicas vigentes, instituiu tratamento medicamentoso pertinente e monitorou a evolução do quadro”, disse a nota.
Segundo o hospital, a criança permaneceu por cerca de seis horas na unidade e recebeu alta por não apresentar, à época, critérios técnicos que justificassem internação ou intervenção adicional. “A criança veio a procurar novamente atendimento nove dias após a alta hospitalar, junto à Unidade de Pronto Atendimento da Barra, no dia 6 de julho, sendo transferida ao Hospital Pequeno Anjo, onde, lamentavelmente, evoluiu a óbito”, completou o comunicado.
Ainda de acordo com a nota, o hospital reforçou que não houve qualquer responsabilidade ou negligência no caso. “Seria leviano, e profundamente desrespeitoso com os profissionais envolvidos, atribuir a eles a responsabilidade por uma condição de saúde que, à época da consulta, não se apresentava de forma manifesta, nem era previsível a partir dos elementos clínicos então disponíveis”, destacou o hospital.
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O hospital se pronunciou por meio de uma nota oficial de esclarecimento. Leia abaixo:
"A Direção Geral do Hospital Ruth Cardoso vem a público esclarecer os fatos:
O referido paciente deu entrada em nossa unidade no dia 26 de junho de 2025, apresentando sintomas algicos sem local específico, sem evidências clínicas que indicassem, naquele momento, quadro de gravidade. Foi prontamente avaliada por profissional médico, o qual, observando os protocolos assistenciais e diretrizes clínicas vigentes, instituiu tratamento medicamentoso pertinente e monitorou a evolução do quadro algico.
Não havendo, à época, critérios técnicos que justificassem internação hospitalar ou medida de intervenção adicional, e tendo em vista a evolução estável do paciente durante o período em que permaneceu sob observação (inferior a 6 horas), foi concedida alta médica com as orientações de praxe.
A criança veio a procurar novamente atendimento, nove dias após a alta hospitalar, junto à Unidade de Pronto Atendimento da Barra, no dia 6 de julho, sendo posteriormente transferida ao Hospital Pequeno Anjo, onde, lamentavelmente, evoluiu a óbito.
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É imprescindível esclarecer que não se pode imputar a este Hospital ou a seus profissionais qualquer responsabilidade, tampouco alegar negligência, uma vez que todos os procedimentos adotados seguiram rigorosamente os protocolos clínicos estabelecidos. Seria leviano, e profundamente desrespeitoso com os profissionais envolvidos, atribuir a eles a responsabilidade por uma condição de saúde que, à época da consulta, não se apresentava de forma manifesta, nem era previsível a partir dos elementos clínicos então disponíveis.
O Hospital Municipal Ruth Cardoso solidariza-se com os familiares do paciente neste momento de profunda dor e luto, e reitera seu compromisso com a transparência, a ética, a segurança do paciente e a qualidade na prestação do cuidado em saúde. Permanecemos à disposição das autoridades competentes para quaisquer esclarecimentos adicionais, assegurando, sempre, o respeito à intimidade e à dignidade dos envolvidos"
Franciele Marcon
Fran Marcon; formada em Jornalismo pela Univali com MBA em Gestão Editorial. Escreve sobre assuntos de Geral, Polícia, Política e é responsável pelas entrevistas do "Diz aí!"