Gabriel fez testes do filtro em Itajaí e no Rio de Janeiro (Foto: Arquivo Pessoal)
Quando completou 20 anos, o estudante Gabriel Fernandes Mello Ferreira comemorou o aniversário com uma festa temática com os personagens do desenho animado Phineas & Ferb. As aventuras da dupla de irmãos que passavam as férias de verão criando projetos mirabolantes, para desespero da irmã Candace, estão entre as fontes de inspiração do jovem. Ele criou um filtro de microplástico para estações de tratamento de água, foi premiado no Brasil e no exterior e agora frequenta as aulas da NYU (New York University) no campus de Shangai, na China. “Eu assistia Phineas & Ferb quando era criança, com o meu avô, e depois ele também me ajudava a construir meus projetos”, lembra.
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Gabriel acredita que a família foi fundamental para que ele se tornasse um apaixonado pelos estudos. Nascido em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, numa família de professores, desde cedo esteve imerso ...
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Gabriel acredita que a família foi fundamental para que ele se tornasse um apaixonado pelos estudos. Nascido em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, numa família de professores, desde cedo esteve imerso no ambiente escolar e acadêmico. “Eu via minha mãe, que é professora, meus tios, meu avô, todos eles repetindo aquela frase clássica de escola, que o aluno tem que se dedicar para além das aulas. Eu levei isso pra minha vida”, explica.
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Do Rio para Itajaí
Quando o pai de Gabriel, que atua na área da logística, conseguiu um emprego em Itajaí, a família mudou-se para a cidade. Ele deixou a escola em que estudava no Rio de Janeiro e foi matriculado no Colégio São José, no sétimo ano. “Foi uma mudança muito drástica e também benéfica pra mim. Lá era uma escola bem simples, de bairro. O ginásio do São José aqui é maior que a minha escola inteira lá”, compara.
Foi no Colégio São José, durante a pandemia, que Gabriel desenvolveu o projeto do filtro de microplástico. Por iniciativa própria, se inscreveu na Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace) e contou com a orientação da professora Fernanda Poleza para formatar o projeto. O filtro funciona com uma etapa complementar ao processo tradicional da estação de tratamento. “Ele é instalado após o tratamento da estação para retirar o microplástico. Esse é um problema que acontece não só aqui, mas em todo o mundo”, explica.
O invento venceu a Febrace e venceu também o Stockholm Junior Water Prize 2021, na categoria votação popular, recebendo mais de 26 mil votos. O prêmio gringo incentiva jovens entre 15 e 20 anos a desenvolverem projetos escolares para encontrar soluções para problemas relacionados à água, ao meio ambiente e à sustentabilidade e tem como patrona ninguém menos que a princesa Victoria da Suécia.
O projeto do filtro de microplástico, apesar de premiado até no exterior, ainda não virou uma realidade nas estações de tratamento de água. Gabriel explica que a invenção carece de incentivo, de apoio político e financeiro. Foram realizados testes em estações de tratamento em Itajaí e no Rio de Janeiro e o estudante ainda tem esperança de ver a ideia sair do papel. “Faltou incentivo e recursos para levar o projeto adiante, é um processo complexo e caro, mas não o abandonei”, garante.
Universidade trouxe novo idioma e muita IA
Quando pode, o estudante acompanha os jogos do Flamengo nas madrugadas de Shangai (Foto: Arquivo pessoal)
Enquanto o filtro não vira realidade, Gabriel realiza outro sonho gestado na época de colégio: estudar no exterior. Quando decidiu realizar o processo seletivo para a NYU, descobriu que a universidade tinha campus fora dos Estados Unidos, em Abu Dhabi e em Shangai. A cidade chinesa o atraiu pela possibilidade de trabalhar com tecnologia. “Lá é um polo de tecnologia, é o lugar perfeito para esses tempos de Inteligência Artificial”, conta. Além das disciplinas curso de Engenharia de Sistemas de Computação, Gabriel terá que falar mandarim para se formar na NYU. “Pra se formar, o aluno tem que ter pelo menos o chinês intermediário 2. Eu cheguei com o chinês zero, só sabia falar “oi!” em chinês (ni hao!). Hoje eu já não morro mais de fome”, conta.
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As aulas na NYU são em inglês e o colega chinês que divide o dormitório da universidade também fala o idioma do Tio Sam. O primeiro ano de aulas rolou dentro da normalidade e ele até já se encantou por um pastel assado no vapor. O lazer tem música, principalmente Linkin Park, vídeo game, séries, filmes e os jogos do Flamengo de madrugada. “É muito difícil assistir aos jogos por causa do horário. “Não tem como acordar às 3h da manhã pra ver Flamengo e Mirassol. No outro dia, tem aula cedo na faculdade. Mas acordei de madrugada pra ver o Flamengo ganhar a Copa do Brasil”, conta.
Da China para Itajaí
Gabriel também teve seu momento de turista na famosa Muralha da China (Foto: Arquivo pessoal)
Às vésperas do aniversário da cidade que o levou para o mundo, Gabriel está de volta a Itajaí, no período de férias da faculdade. E um dos primeiros programas de retorno à terra que o acolheu foi correr pela Beira Rio, fazer o caminho que leva às praias — mesmo com o dia frio do inverno fora de época —, dar uma parada nos molhes, apreciar a vista, tomar um caldo de cana com limão e comer um pastel de queijo. “O pastel assado de Shangai é muito bom, mas o daqui não tem comparação”, garante.
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