Populações ribeirinhas

Itajaiense ganha prêmio com projeto de casas resistentes às mudanças climáticas

Criação de parque linear, que preserva a vegetação às margens do rio, inclui os moradores ribeirinhos

Cultura da comunidade é respeitada nos projetos de base sustentável (fotos: Acervo pessoal)
Cultura da comunidade é respeitada nos projetos de base sustentável (fotos: Acervo pessoal)

Por Renata Rosa

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Já imaginou transformar a ocupação irregular das margens dos rios em oportunidade para serem colocados em prática conhecimentos avançados de urbanismo, conciliando justiça social, proteção ambiental e crescimento sustentável? Pois a tarefa não é impossível, está na ordem do dia e fez com que o projeto do estudante João Vitor Baldo, da Univali, fosse um dos premiados no concurso do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina, que teve os vencedores em novembro deste ano.

O projeto “Vivendo sob(re) as margens – entre o habitar e o habitat ribeirinho” traz uma alternativa inovadora e mais humana sobre o destino das populações vulneráveis que não seja somente deslocá-las para uma área em terra firme. A ideia é adaptar estes núcleos populacionais aos eventos climáticos, valorizando seus saberes e oferecendo moradias dignas e interconectadas, que estimulem a vida comunitária através de equipamentos de uso comum como biblioteca, restaurante, lavanderia, centro de saúde e educação.

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O estudo foi realizado na população ribeirinha do Igarapé do Mindú, na bacia hidrográfica do Rio Negro, em Manaus (AM). Esta ocupação teve início no final do século 19, quando a Amazônia vivia o ciclo da borracha e atraía imigrantes para trabalhar na extração do látex.  A indústria da borracha começou a entrar em crise em 1920 e chegou ao fim em 1945, mas a expansão industrial de Manaus nos anos 1960 provocou um novo ciclo migratório, quando a região ribeirinha chegou a contabilizar duas mil casas de palafita.

 

Restauração da mata ciliar não foi suficiente para evitar ocupações

João se encantou com a possibilidade de oferecer moradia digna para ribeirinhos ao conhecer projeto de Lerner, em Santos

João se encantou com a possibilidade de oferecer moradia digna para ribeirinhos ao conhecer projeto de Lerner, em Santos

 

João Vitor conta que, em 2003, o governo do Amazonas criou o Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim) para transferir as populações ribeirinhas para conjuntos habitacionais e restaurar as margens dos rios. Mas, apesar da questão ambiental ter sido parcialmente resolvida, o problema social continuou e as ocupações voltaram a crescer.

“Segundo um estudo de doutorado realizado na Universidade Federal do Amazonas, a população se sentia encaixotada nos blocos habitacionais, longe de suas referências culturais, onde pescavam, caçavam e se banhavam”, revela.

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Isso levou especialistas em urbanismo, como o arquiteto Jaime Lerner, a pensar formas de incluir a população local nos projetos que revitalizam a margem dos rios, em habitações resilientes às intempéries.

“Eu conheci o projeto que ele desenvolveu para a prefeitura de Santos e fiquei encantado com a possibilidade de pensar a moradia em termos mais inclusivos e respeitando a cultura local”, afirma.

Segundo João, está na hora de governos e a sociedade civil pensarem no coletivo. “É preciso olhar o nosso entorno e entender que nem tudo é sobre a gente. Os estudos mais atuais revelam esta necessidade, já que a crise climática afeta os mais pobres”, reiterou.

 

Casas seguras sobre palafitas levam em conta regime dos rios

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Deque de madeira conecta casas acima da cota da cheia do rio

Deque de madeira conecta casas acima da cota da cheia do rio

 

O projeto premiado do itajaiense mostra que é possível viver sobre palafitas com conforto, segurança e em acordo com as questões ambientais. Para isso ele utilizou materiais leves (como a palha utilizada no forro) na construção das residências e uma configuração que estimula a circulação de ar e iluminação solar através de um jardim interno com teto aberto.

As casas de 45m² a 100m² abrigam famílias de quatro a oito pessoas e leva em conta hábitos locais, como o uso da rede. A vila comporta 100 casas interconectadas através do deque do parque linear (ao longo do rio) e tem ligação com a cidade graças aos acessos ao eixo estrutural. Equipamentos de uso comum, como o centro de saúde, é flutuante.

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O esgoto pode ser armazenado numa fossa séptica abaixo das casas e é fechado em caso de cheia. A vila tem também uma área administrativa (250m²), um centro de artesanato (150m²), um centro de pesca (80m²), tenda cultural (250m²) e uma feira de pescados (400m²).

João disse, porém, que um projeto dessa natureza não pode ser replicado 100% em outras cidades sem o devido estudo sócio-econômico e ambiental local, porque cada cidade tem suas particularidades. Mas é um vislumbre de como planejar o meio urbano levando em conta o fluxo migratório para as cidades com maior crescimento econômico e sua demanda por moradia acessível, de acordo com as metas globais de desenvolvimento sustentável.

 




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