Oriente médio

Avião que vai repatriar brasileiros pode não pousar no Líbano

Missão deve trazer 220 pessoas para o Brasil no primeiro voo, mas FAB esperava liberação depois de bombardeios em Beirute

Com bombardeios próximos do aeroporto de Beirute, FAB não descarta suspender missão de resgate
(foto: reprodução)
Com bombardeios próximos do aeroporto de Beirute, FAB não descarta suspender missão de resgate (foto: reprodução)
miniatura galeria
miniatura galeria

A aeronave KC-30, da Força Aérea Brasileira (FAB), que decolou na quarta-feira da base aérea do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ), com destino a Beirute, no Líbano, aguardava tratativas para pousar em Beirute na noite desta quinta-feira. A missão pretende repatriar brasileiros que vivem no Líbano, no Oriente Médio, alvo de ataques militares de Israel.

Como uma série de explosões ocorreu próximo ao aeroporto de Beirute, capital no Líbano, também na noite de quinta-feira, não havia informações se a operação seria cancelada. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, não descarta suspender as operações se novos ataques ocorrerem.

Continua depois da publicidade

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, 21 mil brasileiros moram no Líbano, o que representa a maior comunidade de brasileiros no Oriente Médio atualmente. Cerca de três mil brasileiros desejam deixar o país, segundo o governo federal. A expectativa é que, neste primeiro voo, 220 brasileiros sejam repatriados.

O objetivo do governo brasileiro é repatriar cerca de 500 pessoas por semana. Terão prioridade de embarque idosos, mulheres, crianças e pessoas com necessidades médicas. "Estamos repetindo o que fizemos de outubro do ano passado até o início deste ano com relação aos brasileiros que estavam na Palestina, Faixa de Gaza e Israel. A operação foi muito bem-sucedida, com cerca de 1600 cidadãos repatriados", lembrou o ministro das Relações Exteriores.

Continua depois da publicidade

As rotas dos voos podem sofrer alterações em função das condições de segurança. Perguntado sobre uma possível saída pela Síria, por base russa, o ministro da Defesa José Múcio Monteiro Filho disse que outras alternativas estão sendo examinadas.

Invasão

Na terça-feira, as Forças Armadas de Israel iniciaram uma invasão por terra ao território libanês, após os ataques aéreos, agravando ainda mais a situação. Milhares de libaneses e estrangeiros estão deixando o país, com famílias lotando aeroportos europeus. A maioria dos moradores é da capital, Beirute, que está no centro dos ataques israelenses.  As operações militares atingem várias regiões do Líbano e provocaram, desde o último dia 17, a morte de mais de mil pessoas, incluindo dois adolescentes brasileiros e seus pais, além de milhares de feridos. Entre as vítimas fatais do conflito está a menina Mirna Raef Nasser, de 16 anos, que nasceu em Balneário Camboriú mas voltou ao Oriente Médio com os pais quando tinha um ano de idade.

 

Empresário de BC que tem família no Líbano lamenta a escalada de violência

 

Mohamad viveu situação semelhante quando era criança

Mohamad viveu situação semelhante quando era criança

Continua depois da publicidade

Mohamad Abou Wabi, presidente do Conselho de Administração da Uniavan, natural de Lages, morou no Líbano quando criança até retornar ao Brasil aos 12 anos. Ele comenta que a guerra agora está começando, mas lembra que, quando morava lá, o conflito era muito mais intenso e, em 1982, era o auge da guerra. “Porque Israel dominava o Líbano inteiro por terra. Estava praticamente em 100% das barricadas dentro do Líbano, com aquelas barricadas entre cidades. Então, tu não conseguia se locomover mais que cinco quilômetros, e o país inteiro tava em guerra”, lembra.

“E, agora, óbvio que a apreensão começou. Está começando a lembrar, vindo na minha mente, o que eu passei. Porque começa assim, um pequeno conflito, vai avançando e já estão dizendo que vão avançar por terra também e aí começa a devastação. É um país que já está com a economia bem frágil, o povo já está com muita dificuldade financeira, a grande maioria sobrevive de dinheiro de imigrantes que moram fora do país, mandando dinheiro para lá para as pessoas poderem sobreviver”, analisa.

Ele ressalta que o Líbano tem uma ligação muito forte com o Brasil, tendo muitos descendentes libaneses aqui e milhares de brasileiros vivendo lá, com o conflito impactando os dois países, inclusive com as primeiras mortes de brasileiros já registradas. “São dois países que se misturam muito. Hoje tem mais libaneses morando no Brasil do que no Líbano, pra você ter uma ideia. Estamos falando de uma população, quase que o dobro do que tem no Líbano tem no Brasil, hoje de libaneses, descendentes de libaneses”, diz.

O empresário costuma visitar todos os anos os familiares no Líbano, boa parte deles primos e tias que seguem no país, além da avó de 96 anos e de amigos de infância. Neste ano, Mohamad decidiu não ir por causa do conflito, acompanhando os desdobramentos à distância. A decisão segue a de outros estrangeiros que planejavam visitar aos parentes durante o verão. Sem as viagens, a economia do turismo é afetada ainda mais.  “Já estava num desafio econômico importante, então fica muito mais frágil a situação, porque o dinheiro do turismo de verão, que depende dos imigrantes indo pra lá, não vão ter também. Então, está muito complicado”, lamenta. Mohamad informa que, ao menos por ora, todos os seus familiares estão bem. “Meus parentes lá são libaneses, então não têm como pedir repatriação, mas bem que eu gostaria. Mas têm muitos [estrangeiros] lá pedindo, se agravando o conflito”.

 

Continua depois da publicidade

 

Conflito se agrava

Israel e o grupo Hezbollah, do Líbano, têm trocado tiros na fronteira entre os dois países desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em 7 de outubro do ano passado, detonada após um ataque do grupo palestino Hamas, aliado do Hezbollah, e que controlava Gaza. Na última semana, Israel intensificou a campanha militar no Líbano, provocando reação também do Irã, outro apoiador do Hezbollah.

A embaixada do Brasil em Beirute continua a monitorar a situação, em contato permanente com os brasileiros no país para assistência consular emergencial. O governo brasileiro reforçou o alerta para que todos deixem as áreas de conflito, sigam as orientações das autoridades locais e, quem tem condições, que deixe o território libanês por meios próprios.

Ainda não há informações sobre catarinenses a serem repatriados do Líbano. Estima-se que 3,2 milhões de libaneses ou descendentes de libaneses vivam no Brasil. Em Balneário Camboriú, há moradores de famílias da região. Além do empresário Mohamad, o vereador Omar Tomalih, natural de Uruguaiana (RS), também tem parentes lá.

Continua depois da publicidade




Conteúdo Patrocinado



Comentários:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Clique aqui para fazer o seu cadastro.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

WhatsAPP DIARINHO

Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






216.73.216.60

TV DIARINHO


Quem esteve nas proximidades do Porto de Itajaí na tarde desta terça-feira viu helicópteros da equipe ...





Especiais

Como indígenas quebram estereótipos e preconceitos no mercado

Aldear direitos e trabalho

Como indígenas quebram estereótipos e preconceitos no mercado

Por que o ódio às mulheres viraliza entre os jovens?

Adolescência

Por que o ódio às mulheres viraliza entre os jovens?

Filha vira advogada para ajudar a inocentar a mãe 12 anos após acusação de homicídio

JUSTIÇA

Filha vira advogada para ajudar a inocentar a mãe 12 anos após acusação de homicídio

Maternidade atípica: os desafios do cuidado e da aceitação

DESAFIADOR

Maternidade atípica: os desafios do cuidado e da aceitação

Escravizador na pele de abolicionista: abolição teve apoio de políticos que escravizaram

POLÍTICA

Escravizador na pele de abolicionista: abolição teve apoio de políticos que escravizaram



Blogs

Quarta etapa do Bike Series confirmada

A bordo do esporte

Quarta etapa do Bike Series confirmada

Moda à flor da pele: o bazar que você esperava

Blog da Jackie

Moda à flor da pele: o bazar que você esperava

Topázio Neto internado

Blog do JC

Topázio Neto internado



Diz aí

Superintendente do Itajaí Shopping é o convidado do “Diz aí” desta quarta-feira

ENTREVISTA AO VIVO

Superintendente do Itajaí Shopping é o convidado do “Diz aí” desta quarta-feira

"O comunista é tudo aquilo que eu não gosto"

Diz aí, Vitor Vogel!

"O comunista é tudo aquilo que eu não gosto"

Criador do canal Vogalizando a história participa do Diz aí!

AO VIVO

Criador do canal Vogalizando a história participa do Diz aí!

“Eu acho que isso pode acontecer. Pode acontecer do PSD estar com o PL”

DIZ AÍ, FABRÍCIO OLIVEIRA

“Eu acho que isso pode acontecer. Pode acontecer do PSD estar com o PL”

“Não sou favorável a golpe, e também não acredito que houve tentativa do golpe”, diz Fabrício Oliveira

DIZ Aí!

“Não sou favorável a golpe, e também não acredito que houve tentativa do golpe”, diz Fabrício Oliveira



Hoje nas bancas

Capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.