Bombardeios
Brasileiros no Líbano serão repatriados pelo Brasil
Missão deve trazer 220 pessoas para o Brasil no primeiro voo
João Batista [editores@diarinho.com.br]
A aeronave KC-30, da Força Aérea Brasileira (FAB), decolou nesta quarta-feira da base aérea do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ), com destino a Beirute, no Líbano, para o primeiro voo da Operação Raízes do Cedro. A missão vai repatriar brasileiros que vivem no Líbano, país do Oriente Médio alvo de ataques militares de Israel. Na viagem, o avião da FAB fará uma escala em Lisboa, em Portugal, para reabastecimento.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, 21 mil brasileiros moram no Líbano, o que representa a maior comunidade de brasileiros no Oriente Médio atualmente. Cerca de três mil brasileiros desejam deixar o país, segundo o governo federal, com base no total de pessoas que procuraram a Embaixada do Brasil em Beirute com pedido de repatriação. A expectativa é que, neste primeiro voo, 220 brasileiros sejam repatriados.
A missão brasileira ocorre em meio à escalada das operações militares israelenses contra o Líbano. Na terça-feira, as Forças Armadas de Israel iniciaram uma invasão por terra ao território libanês, após os ataques aéreos, agravando ainda mais a situação. Milhares de libaneses e estrangeiros estão deixando o país, com famílias lotando aeroportos europeus. A maioria dos moradores é da capital, Beirute, que está no centro dos ataques israelenses.
As operações militares atingem várias regiões do Líbano e provocaram, desde o último dia 17, a morte de mais de mil pessoas, incluindo dois adolescentes brasileiros e seus pais, além de milhares de feridos. Entre as vítimas fatais do conflito está a menina Mirna Raef Nasser, de 16 anos, que nasceu em Balneário Camboriú mas que voltou ao Oriente Médio com os pais ainda quando tinha um ano de idade.
A situação em Beirute é descrita como "tensa e terrível" por brasileiros que estão na região, com risco de guerra total. A repatriação de brasileiros no Líbano será a partir do aeroporto de Beirute, que ainda permanece aberto. O avião da FAB fará escala para reabastecimento em Lisboa, tanto na ida quanto na volta. Outros voos ainda não foram confirmados, mas devem ocorrer nos próximos dias.
A autorização para a operação foi dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ele, o Brasil fará a repatriação de brasileiros do exterior “em todo lugar que for preciso” e condenou o governo israelense pelos ataques. “O que eu lamento é o comportamento do governo de Israel. É inexplicável que o conselho da ONU não tenha autoridade moral e política de fazer com que Israel se sente em uma mesa para conversar ao invés de só saber matar”, disse.
Conflito se agrava
Israel e o grupo Hezbollah, do Líbano, têm trocado tiros na fronteira entre os dois países desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em 7 de outubro do ano passado, detonada após um ataque do grupo palestino Hamas, aliado do Hezbollah, e que controlava Gaza. Na última semana, Israel intensificou a campanha militar no Líbano, provocando reação também do Irã, outro apoiador do Hezbollah.
A embaixada do Brasil em Beirute continua a monitorar a situação, em contato permanente com os brasileiros no país para assistência consular emergencial. O governo brasileiro reforçou o alerta para que todos deixem as áreas conflagradas, sigam as orientações das autoridades locais e, quem tem condições, que deixe o território libanês por meios próprios.
Ainda não há informações sobre catarinenses a serem repatriados do Líbano. Estima-se que 3,2 milhões de libaneses ou descendentes de libaneses vivam no Brasil. Em Balneário Camboriú, há moradores de famílias da região. Entre eles, o empresário Mohamad Abou Wadi, presidente da Uniavan, natural de Lages, filho de pai libanês, que veio pro Brasil fugindo da guerra, e mãe lageana, além do vereador Omar Tomalih, natural de Uruguaiana (RS).