Luto
Morre em Barra Velha o artesão que transformava gaiolas em comedouros de pássaros
Lenilson Luiz da Silva tinha 44 anos e enfrentava um câncer no estômago
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Foi sepultado no final de semana em Barra Velha o corpo do artesão e ativista cultural Lenilson Luiz da Silva, de 44 anos. Ele faleceu na sexta-feira vítima do retorno de um câncer agressivo no estômago.
Lenilson era um artista múltiplo, produzindo peças de madeira a partir de materiais da orla, e conhecedor da gastronomia pesqueira “raiz” de Barra Velha. Filho do pescador Arnoldo da Silva e da professora Dilza Gonçalves, ele herdou do pai o conhecimento dos temperos locais e produzia pratos típicos como tainha “escalada” e outros peixes tradicionais. Sua originalidade na preparação desses pratos era amplamente reconhecida.
Participou de feiras dentro e fora de Santa Catarina, produzindo tábuas, móveis e utensílios de cozinha. Possuía um acervo de peças da pesca artesanal, que foi exposto no Centro Cultural Casa de Palmitos. Orgulhava-se dessas peças, muitas herdadas do pai, e liderou o projeto “Liberdade na gaiola”, transformando gaiolas em comedouros para pássaros, instalando-os pela cidade.
Incentivado por sua tia, cursou Pedagogia e se tornou professor de Educação Quilombola nas comunidades descendentes de escravizados do Itapocu. Ele também manteve contato com as tribos indígenas da região.
Lenilson era motorista profissional e, por último, trabalhou para a Associação dos Portadores e Ex-portadores de Câncer de Barra Velha (AAPEC), transportando pacientes para tratamento. Ele foi um dos primeiros artistas a integrar o Núcleo de Artes da Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina – Seccional “Acácio Borba Coelho”, de Barra Velha.