Matérias | Entrevistão


Luiz Carlos Dias | Cientista

“Eu acho incrível que as pessoas parecem ter mais medo da vacina do que da doença”

Entrevistão com o autor do livro "Não há mundo seguro sem ciência"

Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]

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Não há mundo seguro sem ciência”. O livro do professor Luiz Carlos Dias foi lançado nesta semana na Udesc, em Balneário Camboriú, e está à venda em sites online, como a Amazon. No livro, o professor, que nasceu em BC e leciona há 32 anos na Unicamp, dá uma aula sobre desinformação, fake news e negacionismo, que foram responsáveis pelo agravamento da pandemia de covid, resultando no registro negativo de o Brasil ser o segundo país com mais mortes na pandemia: 711 mil vidas perdidas. À jornalista Franciele Marcon, o professor falou sobre o que aconteceu no Brasil durante a pandemia, reforçou que não estamos livres da doença e destacou a importância de a população fazer a sua parte, vacinando-se. O professor ainda falou sobre os riscos do “kit covid”, sobre o combate à doença de Chagas e contou um pouco da sua trajetória até chegar a coordenador de um consórcio internacional de estudos científicos. Luiz deixa um recado direto: “a ciência salva”. A entrevista completa, em áudio e vídeo, pode ser conferida no portal DIARINHO.net. As imagens são de Fabrício Pitella.


DIARINHO – O senhor lançou o livro “Não há mundo seguro sem a ciência”. O que pretende demonstrar com esse trabalho?

 

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DIARINHO – O senhor lançou o livro “Não há mundo seguro sem a ciência”. O que pretende demonstrar com esse trabalho?



Luiz: Esse é um livro em que abordo um pouco sobre a minha visão da pandemia, a minha trajetória de luta contra o processo de desinformação, o obscurantismo científico e toda aquela onda gigantesca de fake news que nós tivemos que enfrentar num momento crucial (...) em que vivenciamos a maior crise sanitária da nossa época. É um livro em que eu abordo como um país com a cultura vacinal fantástica que nós temos; com o Programa Nacional de Imunizações criado em 1973 – absolutamente fabuloso e modelo para o mundo inteiro –, [como] nós conseguimos perder 711 mil vidas para uma única doença. Uma doença que nós tivemos vacinas à disposição; vacinas que foram as grandes estrelas da pandemia e que nos tiraram dessa situação de grave crise sanitária.

DIARINHO - O livro faz um registro histórico da pandemia de covid-19 e dos desdobramentos da crise sanitária ocasionada pela ausência de combate à doença. O que aconteceu no Brasil no início da pandemia?


Luiz: Tivemos que lidar com um movimento negacionista, anticiência, antivacinas que defendeu, por exemplo, tratamento sem eficácia comprovada com medicamentos do kit covid: cloroquina, ivermectina e azitromicina. Houve um descompasso enorme do governo anterior no combate a essa grave crise sanitária. Eles minimizaram a gravidade da pandemia, defenderam tratamento sem eficácia comprovada. A gente viu o que aconteceu em Manaus, quando eles utilizaram aquele aplicativo TratCov que servia para todas as pessoas e que envolvia o tratamento da covid com os medicamentos do kit covid que não tinham nenhuma eficácia comprovada pela ciência. Faltou oxigênio para as pessoas, faltou oxigênio para os bebês prematuros, nós vimos retroescavadeiras cavando milhares de covas, esse momento a gente não pode esquecer. 

"Eu acho incrível que as pessoas parecem ter mais medo da vacina do que da doença”

DIARINHO - A pandemia foi controlada graças à vacinação em massa. Tínhamos um presidente antivacinas e isso agravou a situação. Morreram mais de 700 mil brasileiros por covid. Hoje, temos um novo presidente e a situação da covid está superada, mas este ano faltaram na rede pública doses para vacinação em massa contra a covid. O que o governo Lula está fazendo de errado?


Luiz: A covid ainda não é coisa do passado. A covid não acabou. Nós corremos o risco, por exemplo, de uma nova variante mais transmissível e mais letal surgir. Nós precisamos continuar, no caso da covid, com a vacinação. (...) A questão é que a população acha que a doença acabou, que nós não corremos mais riscos pela covid... É extremamente importante que todos aqueles que são elegíveis para tomar a nova vacina – hoje no Brasil a vacina da Moderna baseada na tecnologia de RNA mensageiro, como é a vacina da Pfizer – que procurem os postos de vacinação para que possamos evitar que esse vírus volte a circular. Hoje, essa vacina está disponível principalmente para os grupos prioritários, pessoas mais idosas e com comorbidades.

DIARINHO - Há uma crise vacinal no Brasil e, em alguns lugares, como Santa Catarina, ela vira um caso de saúde pública. Estamos abaixo da meta para a vacinação da poliomielite e há casos graves de doenças respiratórias. Como os governos podem convencer as pessoas de que vacina é uma necessidade e uma obrigação para se viver em sociedade?

Luiz: Para você impedir que esses vírus (...) voltem a circular, você precisa de altas taxas de cobertura vacinal e no país nós sempre tivemos essa cultura de vacinação (...) para todas essas doenças, poliomielite, sarampo... Você precisa de uma cobertura em torno de 95% das pessoas vacinadas, assim você impede que esses vírus circulem. Nos últimos anos, infelizmente, houve uma queda acentuada na cobertura vacinal para as principais vacinas do calendário infantil, para as crianças até cinco anos. Essas coberturas vacinais estão em torno de 65%, estavam, houve um pequeno aumento no último ano, de 2022 para 2023. É o suficiente? Não, a gente ainda precisa conscientizar, precisa trabalhar muito com a população falando sobre a importância de vacinar. Você vacinado está de certa forma protegido, mas se as outras pessoas não se vacinarem, o vírus vai estar circulando entre essas pessoas e você pode ser afetado. A gente precisa de muitas pessoas vacinadas para que poucas pessoas não vacinadas estejam protegidas. As vacinas também são vítimas do próprio sucesso, porque muita gente acha que poliomielite não existe mais, que sarampo não existe mais, mas eles estão aí, gente. (...) Esses vírus estão aí e vão voltar a circular. Como já aconteceu no caso de sarampo, nós tivemos alguns milhares de casos em 2020. (...) A gente não quer ter poliomielite de volta, a gente não quer ter sarampo de volta, isso vale para todas as vacinas do calendário infantil. Essas doenças não foram erradicadas. A única doença que foi erradicada foi a varíola, que matou 350 milhões de pessoas no século 20 e foi erradicada por uma vacina. As outras doenças são controladas. (...)

"O governo federal foi o maior amigo, foi o maior aliado do vírus, porque ele deixou o vírus circular à vontade”

DIARINHO - Muita gente se recusou a se vacinar, mas fez uso de antibióticos e ivermectina, influenciada por médicos falastrões, achando que assim preveniria a covid. Como diferenciar um profissional da saúde sério de um mau profissional?

Luiz: Esse livro também é sobre isso, é uma defesa da ciência, uma defesa de que as políticas na área de saúde pública devam ser baseadas nas melhores evidências científicas, na melhor ciência hoje disponível. Infelizmente, isso não aconteceu durante a pandemia. Nós vimos muitos profissionais, não só médicos, mas cientistas, profissionais da área de saúde, incluindo médicos, defendendo tratamentos sem nenhuma eficácia comprovada, como foi o caso desses medicamentos que você citou, cloroquina, azitromicina, ivermectina. Nós tivemos que lidar com uma bandeira política. Nós vivemos essa dicotomia entre economia e saúde pública/ciência, e isso serviu para enganar a população brasileira de que havia uma saída para a covid. (...) Nós, cientistas/pesquisadores, sabíamos que esses medicamentos não iriam nos ajudar no combate efetivo à pandemia; que era uma farsa, que o que realmente iria nos tirar da pandemia seriam vacinas, desde que fossem seguras e eficazes.  [Qual país foi exemplo no combate à covid?]  Nós tivemos vários países que seguiram a ciência desde o início: Reino Unido, Islândia, Finlândia. Nós tivemos alguns países que foram o modelo ao contrário, como os EUA e o Brasil. Os EUA foi o país que teve o maior número de óbitos pela covid. O Brasil foi o segundo, mas nós não temos a segunda maior população do mundo. Nós fomos um exemplo totalmente negativo.


"A gente precisa de muitas pessoas vacinadas para que poucas pessoas não vacinadas estejam protegidas”

DIARINHO - É possível mensurar quantas vidas poderiam ter sido salvas se não houvesse o negacionismo científico na pandemia?

Luiz: Isso é difícil, mas um trabalho realizado por colegas da Universidade de Oxford e aqui da Universidade Federal de Pelotas (RS) mostrou que nós poderíamos ter salvo algo próximo a 500 mil vidas. Só que a pandemia não se limita a pessoas que seriam salvas ou não. Nós permitimos que o vírus circulasse à vontade. O governo federal foi o maior amigo, foi o maior aliado do vírus, porque ele deixou o vírus circular à vontade. Não é só uma questão de número de óbitos, mas também é o prejuízo que essas pessoas que foram infectadas, antes mesmo de ter as vacinas, vão ter para o resto da vida, pelo menos por um bom período da vida, porque algumas dessas sequelas são irreversíveis.

“A única doença que foi erradicada foi a varíola, que matou 350 milhões de pessoas no século 20 e foi erradicada por uma vacina, por campanhas de vacinação”

DIARINHO - Já é possível saber quais as sequelas pelo uso do kit covid e do tal tratamento precoce?

Luiz: Vou falar primeiro sobre a cloroquina, porque eu coordeno um consórcio internacional na área de doenças parasitárias tropicais, que nós buscamos desenvolver medicamentos para tratar a malária e a doença de Chagas. A cloroquina a gente usa como um parâmetro de comparação:  tudo que nós não queremos é desenvolver um medicamento novo para a malária que seja como a cloroquina. Porque a cloroquina não é mais utilizada para tratar a malária nos países africanos, embora essa fake news tenha rolado durante a pandemia, mas o uso descontrolado dela causa uma série de efeitos adversos, graves, principalmente arritmia cardíaca. A gente sabe que a cloroquina pode, sim, dependendo da dose que a pessoa utiliza tendo comorbidades ou não, causar problemas cardíacos, arritmias e pode levar à morte, dependendo da dose. A azitromicina é um antibiótico, e a gente viu prefeitos do país inteiro, muitos aqui no Vale do Itajaí, distribuindo esse medicamento nos ginásios de esportes. Você precisa de uma receita para comprar antibiótico, porque um dos maiores problemas hoje na área de saúde pública é a infecção bacteriana. Se você usa antibióticos sem nenhum controle, você pode estar colaborando para que as bactérias adquiram cada vez maior resistência e isso pode levar as pessoas a morrerem por infecções bacterianas. A gente teve também o uso de ivermectina – um antiparasitário que se usa no tratamento de piolhos.... [Em BC, tivemos um surto de sarna. O parasita da sarna ficou resistente à ivermectina?] Não, eu não posso dizer que isso foi causado pela ivermectina, porque tudo que eu defendo é baseado na ciência... Eu digo para você: não há nenhuma evidência científica sólida, concreta, robusta de que esse parasita adquiriu resistência à ivermectina.

“Tudo aquilo que não passa pelo crivo da ciência e dos ensaios clínicos a gente considera pseudociência ou falsa ciência, que tem uma pretensão de ser ciência, mas não é ciência”

DIARINHO - Alguma vacina contra a covid foi atestada como inadequada?


Luiz: Nós tivemos vários projetos de vacinas desde o início, umas 300, muitas delas não passaram no crivo da ciência, nas fases de testes 1, 2 e 3. Nas fases de ensaios clínicos, algumas delas foram aprovadas e nos serviram, por exemplo, para nos tirar daquela situação de pandemia. Nós usamos no país a Coronavac, que é uma boa vacina, não era a melhor vacina, mas nos ajudou a sair da pandemia. Nós tivemos a vacina da AstraZeneca, por algum tempo nós usamos a vacina da Janssen e depois nós usamos a vacina da Pfizer. Agora nós estamos usando a vacina da Moderna, (...) que tem a mesma plataforma da vacina da Pfizer. Todas essas vacinas aprovadas pelas agências clínicas, várias agências de vigilância sanitária, não só aqui no país (Anvisa), mas como nos EUA, como na agência europeia, todas elas se mostraram seguras e eficazes. As vacinas mudaram o curso natural da doença, nos tiraram de uma situação em que pessoas estavam morrendo. Sem dúvida nós saímos da pandemia por causa das vacinas. [Se falou muito n que vacinas traziam sequelas. Teve alguma comprovação nesse sentido?] Eu acho incrível que as pessoas parecem ter mais medo da vacina do que da doença. Vacinas são a melhor ferramenta de saúde pública, junto com antibióticos – que revolucionaram a saúde humana –, saneamento básico, água potável, esgoto tratado e alimentos. As vacinas, junto com todas essas medidas, ajudaram a melhorar a nossa qualidade de vida, a aumentar a nossa expectativa de vida, sem dúvida nenhuma. Eu acho incrível que chegou a pandemia e nós vimos esse embate (...) Essa briga entre grupos que defendiam a ciência e as vacinas, e outros que eram contra as vacinas.  (...). Somos oito bilhões de pessoas, nós temos quase seis bilhões de pessoas vacinadas no planeta. Isso é impressionante! O que acontece é que nós lidamos com esse movimento anticiência, esse movimento antivacinas; um movimento criminoso, irresponsável, considerado pela Organização Mundial da Saúde uma das 10 maiores ameaças à saúde global, e que vem espalhando mentiras e fake news. Os efeitos adversos que as vacinas têm, como comprovado inclusive no mundo real, são aqueles comuns e esperados: dor no local, às vezes um pouquinho de dor no corpo, um pouquinho de febre, nas primeiras 24, 48 horas... Nada comparado aos danos que o vírus da covid pode causar no nosso organismo. [O que são pseudociências?]As pseudociências são uma série de tratamentos que a gente tem, os quais não são baseados nas melhores evidências científicas sólidas, robustas; que não se baseiam, por exemplo, no método científico. A gente tem hoje, por exemplo, inclusive no SUS, constelação familiar, homeopatia e algumas outras terapias que não são consideradas ciência. São tratamentos que não têm eficácia comprovada pela ciência, mas que estão aí, que as pessoas estão utilizando. Tudo aquilo que não passa pelo crivo da ciência e dos ensaios clínicos a gente considera pseudociência ou falsa ciência, que tem pretensão de ser ciência, mas não é ciência. (...) Hoje a gente luta contra uma máquina de desinformação, Brasil Paralelo, uma máquina muito bem orquestrada, muito bem financiada por interesses escusos de vários atores. É uma máquina que produz conteúdos com desinformação para um espectro político da extrema direita. Toda vez que nós tivermos uma crise pública, seja ela na área de saúde, seja como a gente teve, por exemplo, as enchentes agora no Rio Grande do Sul, essa máquina está lá pronta para operar. Nas eleições, essa máquina vai estar lá pronta para operar e para espalhar conteúdos com desinformação, sempre tentando o quê? Descredibilizar as instituições públicas, as universidades ou os institutos públicos – ou descredibilizar governos.

“Os Estados Unidos foi o país que teve o maior número de óbitos pela covid e o Brasil foi o segundo, mas nós não temos a segunda maior população do mundo. Nós fomos um exemplo totalmente negativo”

DIARINHO - A Fiocruz e o Instituto Butantan mostraram a força da ciência brasileira, com a produção emergencial de vacinas na covid. Há investimentos para valorizar e promover o trabalho científico no Brasil?

Luiz: Há investimento muito aquém daquilo que a gente precisa. Hoje, nós começamos a ter um aumento de financiamento para as pesquisas, mas eu digo para você, ainda é muito aquém daquilo que a gente precisa e do potencial que a ciência brasileira tem para contribuir. (...) Fiocruz e Butantan produzem a maior parte das vacinas para as nossas crianças e durante a pandemia o Butantan produziu a Coronavac contra a covid e a Fiocruz produziu a vacina da AstraZeneca, também contra a covid. São duas instituições centenárias que nos orgulham muito, mas certamente, apesar de que o financiamento voltou a ser respeitado, os professores voltaram a ser respeitados, a gente ainda pode ir muito mais além. A gente precisa de mais investimentos em termos de formação de recursos humanos, precisamos de bolsas para os nossos alunos, precisamos de auxílios à pesquisa.

DIARINHO - O senhor trabalha agora para produzir uma vacina para a doença de Chagas que ainda mata muito na América do Sul. Como está esse processo?

Luiz: Eu coordeno, desde 2013, um consórcio internacional com duas organizações que são baseadas em Genebra, na Suíça. Essas duas organizações têm a missão que é desenvolver novos medicamentos e novos tratamentos para doenças tropicais. Doenças parasitárias tropicais são causadas por parasitas – organismos muito mais complexos que o vírus SARS-CoV-2 que causou a covid. Nosso objetivo é desenvolver um novo medicamento, em dose única, um comprimido ou dois, mas de uma única vez, e elimine o parasita da malária em cerca de sete a 10 dias. Mas tem que ser barato, porque é uma doença que afeta pessoas negligenciadas, populações desassistidas, vulneráveis, principalmente em países de baixa renda. Ele tem que ser seguro de modo que possa ser usado por crianças pequenas e gestantes. A malária é a doença parasitária tropical que mais mata no mundo. A cada cinco minutos, seis crianças abaixo de cinco anos morrem de malária no mundo, para você ter uma ideia. A malária é, dessas doenças parasitárias tropicais, a única que tem uma vacina. Ela só pode ser usada por crianças até 18 meses. Ela precisa de quatro doses. (...) Depois da quarta dose ela tem 30% de eficácia, mas vai ajudar a salvar milhares de vidas.  A doença de Chagas é uma doença que afeta principalmente populações vulneráveis aqui na América do Sul, na América Latina. Ela é causada por um parasita, pelo barbeiro. A malária é causada pela picada do mosquito. Eu me sinto muito orgulhoso de coordenar esse consórcio, que é o único na América Latina voltado ao tratamento de doenças que afetam pessoas vulneráveis, populações negligenciadas.

“As vacinas mudaram o curso natural da doença, elas nos tiraram de uma situação em que pessoas estavam morrendo. Sem dúvida nós saímos da pandemia por causa das vacinas”

DIARINHO - Há um alerta na África para o agravamento do quadro de doentes contaminados pela nova cepa da mpbox (doença conhecida como a varíola do macaco). Há risco de essa doença se alastrar a ponto de se tornar uma crise sanitária como a da covid? O que as autoridades precisam fazer para evitar isso?

Luiz: Nós temos um risco enorme de que não só essa doença, mas outras, inclusive a covid, voltem a circular com força. Nós não temos vacina ainda para essa doença. Nós temos vacina para a covid. O que a gente precisa é também de uma maior conscientização ambiental. Você citou uma doença, mas nós temos outras. A gente precisa entender que esses patógenos vão circular lá e eles vão chegar em algum momento aqui. Mas se nós continuarmos queimando o Pantanal, se nós continuarmos desmatando a Amazônia, nesses ecossistemas têm vários patógenos, vírus, bactérias, parasitas, enfim, coexistindo lá (...). Se a gente modifica esse ecossistema, esse equilíbrio em que estão vivendo, eles vão migrar para as zonas rurais e das zonas rurais eles vêm para as urbanas. Não só isso que está acontecendo na África pode nos afetar, como uma nova pandemia pode começar aqui no país, se nós não tivermos em mente de que a destruição dos nossos ecossistemas naturais pode levar ao surgimento ou à migração de vários outros vírus e, consequentemente, várias doenças.

DIARINHO - Como o senhor, morador de BC, se tornou uma das referências em química medicinal do Brasil?

Luiz: Eu sou nascido aqui em Balneário Camboriú, minha família toda mora aqui, sempre que posso eu venho aqui. Eu sempre gostei muito de ler, quando eu comecei a ler, lá bem pequenininho, eu absolutamente me apaixonei por ciências e decidi seguir nessa área. Eu sou um defensor ferrenho da ciência. Eu tive a oportunidade de fazer meu doutorado na Unicamp na área de ciências. Fiz um pós-doutorado na Universidade de Harvard (EUA), que é um ambiente acadêmico incrível. Nunca imaginei eu saindo aqui de Balneário Camboriú e indo para a Universidade de Harvard. Estou há 32 anos como professor lá na Unicamp, liderando um consórcio internacional para desenvolver medicamentos que afetam pessoas negligenciadas.

“Esse movimento anticiência, antivacinas, que é criminoso, irresponsável, é considerado pela Organização Mundial da Saúde uma das 10 maiores ameaças à saúde global, e vem espalhando mentiras e fake news”

DIARINHO - O senhor é irmão de um ex-prefeito de BC que será candidato em Camboriú neste ano, o Piriquito. Também tem envolvimento com política partidária?

Luiz: Não, eu tenho pouco envolvimento, não sou filiado a nenhum partido político, mas claro, sou progressista, sempre defendendo as causas das minorias, das populações vulneráveis, dos grupos minoritários, de mulheres, da comunidade LGBTQIA+.

Raio X

 

NOME: Luiz Carlos Dias

NATURAL: Balneário Camboriú

IDADE: 60 anos

ESTADO CIVIL: Solteiro

FILHOS: três filhas

FORMAÇÃO: Graduação em Química (UFSC), Doutorado em Ciências Químicas (UNICAMP) e Pós-Doutorado (Harvard University-EUA)

TRAJETÓRIA: professor Titular do Instituto de Química/Unicamp onde atua como docente desde 1992, e pesquisador do CNPq. Atua na área de química medicinal; lidera um consórcio internacional com duas organizações que são baseadas em Genebra, na Suíça, com foco em desenvolver novos medicamentos e novos tratamentos para o tratamento de doenças parasitárias tropicais. Autor do livro “Não há mundo seguro sem ciência | A luta de um cientista contra as pseudociências”; Membro da Força-Tarefa Unicamp no combate à covid; membro do Comitê Gestor do INCT-INOFAR e do Comitê Científico do Movimento SoU_Ciência; membro Titular da Academia de Ciências de São Paulo, Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, membro Titular da Academia Brasileira de Ciências, Fellow da International Union of Pure and Applied Chemistry e Fellow da Royal Society of Chemistry.




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