BALNEÁRIO CAMBORIÚ
Duas crianças morrem em menos de 24 horas no hospital Ruth Cardoso
Familiares questionam atendimento e pedem investigação rigorosa das mortes
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
Duas crianças faleceram no hospital Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, em menos de 24 horas. Os dois meninos que não se conheciam e não tiveram contato, Theo Francisco Neumann, de um ano e nove meses, e Eliadh Lubke Rosa, de seis meses, perderam a vida depois de terem sido avaliados pela equipe médica e receberem indicação pra serem medicados e tratados em casa. As duas crianças pioraram, voltaram ao hospital com os quadros agravados e sintomas respiratórios, falecendo horas depois.
Theo, que frequentava a escolinha Cantinho do Encanto, em Camboriú, morreu na manhã de domingo, em decorrência de pneumonia. Já Eliadh, neto do ex-vereador e ex-secretário de Obras de Camboriú, Jackson Genésio da Rosa, conhecido como Jakinho, faleceu na manhã desta segunda-feira.
Viviane Rocio, avó de Theo, trouxe o caso a público nas redes sociais. “Em menos de 24 horas, duas crianças faleceram com os mesmos sintomas no hospital Ruth Cardoso. Isso não é normal! Se há algo de diferente, um vírus novo, providências precisam ser tomadas. Se for negligência do hospital, isso deve ser investigado. Eu estava no hospital no sábado à noite quando uma das crianças chegou em estado grave e foi mandada embora. O Theozinho ficou lá, mas mesmo assim não resistiu. Isso precisa ser investigado!”, declarou Viviane em vídeo publicado na internet.
Manuela Martins, mãe do Theo, esteve na Polícia Civil na tarde de segunda-feira para registrar o boletim de ocorrência para que o caso seja investigado. “A morte foi pneumonia aguda, com água no pulmão e infecção generalizada. Foi feito o teste do covid e dengue”, explicou Manu ao DIARINHO. Muito abalada, a mãe ainda não conseguiu dar detalhes de tudo o que passou neste final de semana.
Aline Lubke, mãe de Eliadh, também usou as redes sociais para acusar de negligência o atendimento do hospital. “Me deixaram sozinha no quarto com o meu filho. Tive que implorar para eles socorrerem o meu filho. Eu estava num quarto normal da pediatria. Eles não deram a assistência necessária para o meu filho. Fizeram pouco caso. Eles mataram o meu filho. O hospital é para ajudar o filho a sobreviver, não para matar”, disse Aline, aos prantos, em vídeo postado nas redes sociais.
O prefeito Fabrício Oliveira (PL) lamentou as mortes nas redes sociais e disse que a prefeitura estará empenhada na apuração dos fatos e à disposição para dar a assistência às famílias.
Motivos distintos
Em resposta às acusações, o hospital Ruth Cardoso publicou uma nota informando que as mortes ocorreram por motivos diferentes e em momentos distintos. A diretora geral da instituição, Syntia Sorgato, afirmou que “os prontuários estão à disposição das famílias, que podem solicitá-los a qualquer momento. Também estamos disponíveis para fornecer informações complementares.”
De acordo com a Secretaria de Saúde de BC, os atendimentos foram rápidos. Theo foi levado ao hospital na noite de quinta-feira, onde fez exames que não indicaram alterações, e foi liberado. No sábado, a família o levou à UPA do bairro das Nações já em estado grave.
Theo foi encaminhado ao hospital, onde foi internado na sala de emergência enquanto aguardava uma vaga na UTI Pediátrica. “Durante todo o atendimento, os médicos mantiveram a família informada sobre o estado de saúde do menino, e uma conferência foi realizada durante a madrugada para explicar a gravidade do caso. Infelizmente, Theo faleceu na manhã de domingo”, informou a secretaria.
O segundo paciente, Eliadh, deu entrada no hospital por volta das 3h de domingo. Após exames que segundo o hospital não indicaram anormalidades, ele foi liberado. No entanto, retornou ao hospital às 23h do mesmo dia, desta vez com desconforto respiratório grave, e foi internado na emergência. O bebê faleceu na segunda de manhã.
O Ruth Cardoso nega que as crianças tenham contraído infecções hospitalares. “Os critérios para a definição de infecção hospitalar são normatizados pela Anvisa e avaliados por médicos infectologistas. Um dos critérios é a internação mínima de 24 horas, o que não se aplica a esses casos”, explicou a nota.
As causas das mortes só podem ser reveladas diretamente às famílias das vítimas, explicou a direção. A instituição ainda diz que não há relação entre as mortes e que não se trata de infecções contraídas no ambiente hospitalar.