INVESTIGAÇÃO
Jair Renan é acusado de lavagem de dinheiro e falsificação
Filho de Bolsonaro teria fraudado declarações pra conseguir um empréstimo
João Batista [editores@diarinho.com.br]
Morador de Balneário Camboriú desde 2023 e anunciado como pré-candidato a vereador, Jair Renan Bolsonaro, filho “zero quatro” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi indiciado pela Polícia Civil do Distrito Federal por falsidade ideológica, uso de documento falso e lavagem de dinheiro. Pela investigação, ele teria falsificado declarações de faturamento de uma empresa pra conseguir um empréstimo.
O inquérito concluído pela polícia também indiciou Maciel Alves de Carvalho, ex-instrutor de tiro de Jair Renan, acusado dos mesmos crimes. Segundo a investigação, os dois teriam fraudado quatro relações de faturamento da empresa RB Eventos e Mídia, que pertencia ao filho do ex-presidente. A falsificação apontava um faturamento de R$ 4,6 milhões em um ano, entre 2021 e 2022, valor que, conforme a polícia, nunca existiu.
A fraude da dupla seria pra conseguir garantia para um empréstimo bancário. “Não há dúvidas de que as duas declarações de faturamento apresentadas ao banco são falsas, por diversos aspectos, tanto material, em razão das falsas assinaturas do técnico em contabilidade, quanto ideológico, na medida em que o representante legal da empresa RB Eventos e Mídia fez inserir nos documentos particulares informações inverídicas”, diz o relatório policial.
Ainda conforme o inquérito, o empréstimo original era de R$ 157 mil, valor que foi aumentado em 2023 com dois novos empréstimos, de R$ 250 mil e R$ 291 mil, sendo que o último ainda não foi quitado. Parte do dinheiro teria sido usada por Jair Renan para pagamento de contas de cartão de crédito da empresa. A polícia também suspeita de operações envolvendo um “laranja”, com indícios de lavagem de dinheiro.
O resultado da investigação foi encaminhado para o Ministério Público, a quem caberá decidir se oferece ou não denúncia contra os acusados à justiça. Havendo abertura de processo, eles se tornam réus. Durante o inquérito, em agosto de 2023, Jair Renan, Maciel e outros dois investigados foram alvo de operação de busca e apreensão. A polícia bateu em endereços do filho do ex-presidente em Balneário Camboriú e em Brasília.
Em depoimento, Jair Renan disse que não reconhecia suas assinaturas nas declarações de faturamento apontadas como falsas, contrariando o exame de peritos, que atestaram a veracidade da assinatura.
Para a polícia, ele teve atuação direta na fraude e se beneficiou diretamente do esquema. O advogado de Jair Renan não se manifestou sobre o indiciamento devido ao sigilo do caso.