Dor no bolso
Impostos indiretos vão comer mais de 40% da ceia do brasileiro
Levantamento mostra taxação nos itens mais comuns na festa natalina e em presentes
João Batista [editores@diarinho.com.br]
Um levantamento feito pela equipe do Instituto Brasileiro de Gestão e Planejamento Tributário (IBGPT) mostrou que no Natal de 2023 os impostos indiretos vão comer mais de 40% da ceia do brasileiro. Ao todo, 10 itens mais comuns na celebração natalina foram analisados, além de presentes procurados nessa época do ano.
As famílias poderiam ter uma economia expressiva se não fosse o imposto que recai sobre o consumo de produtos como lentilha, arroz, queijo, peru, bacalhau e o tradicional panetone, além de bebidas como cerveja, refrigerante, champagne e espumante. ´
O especialista tributário e sócio-diretor do IBGPT, Thiago Alves, explica que o estudo aplicou uma média de preço para cada um dos itens, chegando ao total da compra em R$ 442,64. “Então, retiramos os valores dos tributos da lista e chegamos a uma economia de 40,28%, no qual o jantar custaria R$ 264,34 sem tantos impostos indiretos”, destacou.
Analisando o prato do catarinense que optar por um pernil, chester ou peru na ceia, 29,32% do valor pago será puro imposto. O panetone tem tributação que corresponde a 34,63% do preço. As taxações mais altas são de champanhes e espumantes (59,49%), e o refrigerante de garrafa (44,55%).
O levantamento do instituto ajuda a sensibilizar o consumidor sobre a alta taxação que incide sobre o consumo e como ela agrava a desigualdade social, já que afeta muito mais os que ganham menos. De acordo com o tributarista, o encargo de 40% numa ceia de Natal atinge ricos e pobres de maneira diferente, dadas as discrepâncias na renda das famílias.
“Qual a renda da pessoa que está bancando essa celebração? Ela recebe R$ 15 mil de salário ou apenas um ou dois salários mínimos? A tributação sobre o consumo pesa muito mais no bolso das pessoas mais pobres, que acabam presenteando sempre, na verdade, o fisco nacional”, analisa.
Presente de grego
O estudo também avaliou a fatia de impostos de alguns itens mais procurados para presentes nessa época do ano. Mais da metade de um tênis importado é puro imposto: 58,59%. O preço das joias é formado por 50,44% de imposto, bola de futebol (48,49%) e barbeador elétrico (48,11%) vem em seguida entre os que mais pesam em tributação. Num celular, a taxação chega a quase 40%
“Caso o consumidor queira presentear a mãe ou a pessoa amada com um buquê de flores, vendido a R$ 129,90 em floriculturas, poderia gastar R$ 23 a menos sem os tributos indiretos. Um óculos de sol para aproveitar o verão, que custa R$ 149,99, contém 44,18% de impostos. Ou seja, poderia sair por R$ 83,73 sem a tributação”, aponta Thiago Alves.
Impostômetro
Ceia de Natal:
• Champagne - 59,49%
• Espumante - 59,49%
• Refrigerante garrafa - 44,55%
• Bacalhau importado - 43,78%
• Cerveja garrafa - 42,69%
• Panetone - 34,63%
• Peru/Chester/Pernil - 29,32%
• Lentilha - 26,20%
• Arroz - 17,24%
• Queijo - 16,59%
Presentes:
• Tênis importado - 58,59%
• Joias - 50,44%
• Bola de futebol - 48,49%
• Barbeador elétrico - 48,11%
• Óculos de sol - 44,18%
• Bijuteria - 43,36%
• Bolsa de couro - 41,52%
• Celular - 39,80%
• Boneca - 39,70%
• Chocolate - 39,61%
• Calça jeans - 38,53%
• Tablet - 37,79%
• Camiseta - 34,67%
• Bermuda - 34,67%
• Boné - 35%
• Buquê de flores - 17,71%