TURBIDEZ
Itajaí e Navegantes enfrentam falta d´água
ETA São Roque, principal da cidade, opera com menos da metade da capacidade na noite de terça
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]

A terça-feira foi de água aos pingos nas torneiras dos moradores de Itajaí e Navegantes. Com a turbidez no rio Itajaí-Mirim 30 vezes acima do limite recomendado, o sistema de tratamento suspendeu a captação e a produção da água que abastece os dois municípios.
O aposentado Carlos Silva, 67 anos, morador do bairro Fazenda, contou que está há dois dias sem tomar banho. “O Semasa cobra caro, sabe do problema com a água há anos e porque não investe em uma lagoa para armazenar água para tratamento”, opina.
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Para o barbeiro Fernando Mafra, do bairro São João, não há justificativa para o problema. “Quero ver eles não cobrarem esses dias sem água quando vier a fatura”, observa. No bairro Cordeiros, a água veio “às minguas” durante toda a terça, impedindo tarefas como tomar banho ou lavar roupas.
Segundo o engenheiro químico do Semasa e responsável pelo tratamento de água, José Adriano Kielling, a turbidez ocorre por conta das fortes chuvas que atingiram o Alto Vale do Itajaí no final de semana, com as águas barrentas chegando a Itajaí. “Todos os municípios têm dificuldades por causa desses eventos, mas nós, devido à nossa posição geográfica, recebemos os problemas que vão acumulando ao longo do percurso,” justifica.
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Na manhã de terça a turbidez no ponto de captação alcançou o pico de 5.744 ntu (unidades de turbidez), cerca de 70 vezes superior ao recomendado. O sistema já tinha reduzido a produção a menos da metade às duas da madrugada, o que levou ao esvaziamento gradual dos reservatórios.
Por volta das 18h, a principal Estação de Tratamento de Água, a ETA São Roque, operava em menos de 40% de sua capacidade e com constantes interrupções para limpeza. Já a ETA Arapongas manteve apenas 5% de produção durante todo o dia.
As regiões mais altas de Itajaí não estão sendo abastecidas, segundo o Semasa, já que a maioria das bombas de recalque não opera. O motivo da paralisação do funcionamento é porque a pressão é insuficiente para a operação. Apenas os sistemas rurais isolados, como Limoeiro e Brilhante trabalharam regularmente neste terça.
Com o sistema de abastecimento afetado, o Semasa orienta os moradores a economizarem água. E adverte: ainda não há previsão de que o abastecimento seja normalizado. Neste momento, a prioridade do Semasa é abastecer hospitais, o complexo prisional, clínicas médicas credenciadas pelo SUS e escolas. Por isso, caminhões-pipa também devem ser direcionados a estes locais preferencialmente.