Movida pela construção civil, turismo e serviços, Balneário Camboriú é a 11ª economia do estado, com um PIB de R$ 6,2 bilhões, segundo dados do IBGE. Enquanto avança como um destino permanente para lazer e eventos que a fazem a Capital Catarinense do Turismo, a cidade tem reforçado a fama dos arranha-céus, concentrando sete dos 10 prédios mais altos do Brasil, com projetos luxuosos e tecnológicos que alavancam a valorização imobiliária.

O desenvolvimento das matrizes econômicas reflete em novos investimentos, geração de empregos e aumento de moradores. O Censo 2022 mostrou um crescimento populacional em Balneário Camboriú acima da média estadual.  Enquanto nos últimos 12 anos Santa Catarina cresceu 21%, BC viu a população aumentar 28%, passando de 108.089 habitantes, em 2010, para 139.155, em 2022.

Super habitada

O resultado coloca a cidade como a 12ª mais populosa do estado. A taxa de crescimento anual para BC, conforme a pesquisa, foi de 2,13%, ante o índice de 1,66% no estado, e de 0,52% no Brasil. O desenvolvimento econômico e o crescimento populacional da cidade mantêm a indústria da construção civil aquecida e a criação de empregos em alta.

De acordo com dados do setor para o primeiro trimestre de 2023, a venda de imóveis sobre a oferta ficou em 7,9%, contra 4,4% do trimestre anterior. O estoque geral de imóveis cresceu, passando de 889 unidade no último trimestre de 2022 para 930 no começo de 2023. As unidades correspondem a 93 empreendimentos, sendo 881 residenciais, 27 comerciais e 22 horizontais. O Valor Geral de Vendas (VGV) soma R$ 3,2 bilhões.

Do total de imóveis em estoque, 77% são de empreendimentos em construção, 20% estão prontos e 3% em fase de lançamento. O presidente do Sinduscon de Balneário Camboriú, Carlos Haacke, destaca que a atividade no setor reflete diretamente na geração de empregos, que responde por um estoque positivo de 6902 vagas neste ano.

“Acompanhando este movimento de aquecimento, nosso estoque de empregos segue em alta. Em dezembro do ano passado, fechamos com 6,7 mil profissionais contratados, contra quase sete mil registrados pelo Caged/Ministério do Trabalho na última pesquisa divulgada em maio deste ano”, comenta.

Na geração de empregos, serviços e comércios lideram o estoque de vagas, de quase 30 mil. Alguns dos serviços, no entanto, ainda estão ligados à cadeia produtiva da construção civil, como atividades financeiras, imobiliárias, prestadores de serviços e atividades de transporte e alimentação.

Destaque no cenário nacional

O secretário estadual de Turismo, Evandro Neiva, avalia que Balneário Camboriú soube trabalhar a vocação para o turismo, prestação de serviço e entretenimento. Segundo analisa, esse desenvolvimento tornou a cidade referência turística no sul do Brasil, colocando Santa Catarina em destaque nacional.

Evandro lembra que, no começo, BC se preparou para atender pessoas de outras cidades da região, explorando a temporada ligada ao sol e mar até alcançar o nível atual de maturidade, com turismo e serviços o ano inteiro.

Nesse processo, Evandro ressalta que a construção civil teve um papel fundamental, inicialmente com pessoas que escolhiam a cidade como a segunda casa, depois pra fixar residência e, nos últimos anos, com modernos empreendimentos.

“Se você tem mais gente morando, e com poder econômico alto, as pessoas precisam de serviços, e isso foi deixando a sazonalidade de alguns serviços de lado e mostrando que Balneário começou a trabalhar uma relação anual”, aponta o secretário.

Desde a criação do parque Unipraias, Evandro avalia que BC aperfeiçoou os equipamentos turísticos, como a roda-gigante, o aquário e restaurantes temáticos, entre as atrações mais recentes, e o parque dos dinossauros, prestes a ser inaugurado.

Segundo o secretário, essa evolução mantém Balneário atrativa, para além do sol e mar e da baladada vida noturna que sempre caracterizou a cidade.

“Eu brinco que Balneário Camboriú começou com o [clube] Baturité de um lado e o [hotel] Marambaia do outro. Depois foi se desenvolvendo a rede hoteleira e outros clubes de entretenimento, o que deu a Balneário Camboriú um aspecto jovial e sempre atualizado”, comenta.

O modelo da cidade já começa a ser replicado em outros lugares. São de investidores de BC atrações lançadas em outras cidades catarinenses e em estados como Rio Grande do Sul e São Paulo. “Tudo isso mostra que Balneário Camboriú tem uma participação mais do que importante no turismo catarinense e no turismo nacional”, completa.

“Não existe mais baixa temporada”

O setor de turismo rivaliza com a construção civil na geração de empregos. De acordo com a presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro, Bares, Restaurantes e Similares de Balneário Camboriú e Região (Sechobar), Olga Ferreira, a categoria emprega cerca de 10 mil trabalhadores em BC.

Após as baixas na pandemia, o setor hoje tem oferta de vagas muito maior que a procura e poucas demissões. A demanda nos estabelecimentos é crescente e não se restringe mais só ao verão.

Olga destaca que Balneário ganhou vida própria, sem depender de temporada. “Não existe mais a baixa temporada, existem os momentos de pico, que são aqueles momentos de final de ano, por conta do Réveillon, férias coletivas...”, observa, citando a contribuição de novos equipamentos, como o Centro de Eventos.

O setor ainda sofre com a rotatividade, especialmente em funções operacionais, mas hoje conta com o maior piso nacional da categoria. Em razão da jornada de trabalho diferenciada e melhoras na remuneração, trabalhadores têm migrado para construção civil. O Sechobar tem atuado na qualificação das pessoas que estão entrando na área e discutindo no Conselho de Turismo ações pra atender os trabalhadores de segmento, como em moradia.

Expocentro impulsiona turismo

O desenvolvimento do turismo de eventos e a abertura do Expocentro Júlio Tedesco, que completou um ano de atividades em maio, impactou positivamente vários setores da economia de Balneário Camboriú.

A vice-presidente de Captação de Eventos do Balneário Camboriú Convention & Visitors Bureau, Margot Libório, informa que novos prestadores de serviços para eventos estão chegando na cidade e a hotelaria está se adaptando para atender este público mais exigente.

“E a cidade se mantém oxigenada economicamente, o que é um incentivo para que novos atrativos se instalem e empreendedores de diversos nichos de mercado queiram investir aqui”, analisa.

A organização de um calendário de eventos fixos, incluindo feiras, eventos culturais, esportivos e associativos também estimulam o segmento. “É o conjunto de oportunidades que leva a cidade ao sucesso”, completa Margot.

Se você tem mais gente morando, e com poder econômico alto, as pessoas precisam de serviços, e isso foi deixando a sazonalidade de alguns serviços de lado e mostrando que Balneário começou a trabalhar uma relação anual

Evandro Neiva

Secretário de Estado de Turismo