Inclusão

Brasil facilitará a entrada de refugiados LGBTQIA+

Projeto vai atender pessoas de países em que a sexualidade ou gênero é punível com pena de morte, mutilação, castigo ou multa

Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Decisão é comemorada por pessoas ligadas à causa, mas pouca efetividade preocupa
(foto: freepik)
Decisão é comemorada por pessoas ligadas à causa, mas pouca efetividade preocupa (foto: freepik)
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O governo federal anunciou, na última quinta-feira, que o Brasil simplificará os processos de acolhimento a refugiados LGBTQIA+ vindos de países onde a escolha de gênero ou sexualidade seja perseguida ou criminalizada. O Brasil é pioneiro na implementação desse tipo de política em um cenário internacional em que cerca de 70 países criminalizam a comunidade LGBTQIA+ com penas que podem chegar à morte.

Desde a última quinta-feira os refugiados passaram a ser assegurados com o gozo de direitos, de liberdades e de garantias previstos na Constituição Federal e na legislação brasileira, como obtenção de documentos e reconhecimento de diplomas e certificados. Entre os direitos dos refugiados também estão a não devolução ao país de origem e a extensão dos direitos aos seus familiares.

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Racismo, xenofobia e LGBTfobia

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Beltrand, de 37 anos, é haitiano, homossexual e vive em BC há oito anos. Ele precisou se “manter no armário” na maior parte da vida porque no seu país, embora a homossexualidade não seja proibida por lei, o sexo entre pessoas do mesmo sexo não é visto com bons olhos. Ele achou que no Brasil seria diferente, mas, além da homofobia, ele foi vítima de racismo e xenofobia.

Beltrand conta que que já foi abordado por policiais pelo simples fato de ser haitiano, negro e gay, enfrentou barreiras pelo idioma e ainda encontra dificuldades no mercado de trabalho. Ele é formado em engenharia, tem pós-graduação, e dirige um carro de aplicativo para se manter. “Esse anúncio do governo é muito bonito. Vamos esperar para ver o que vem de concreto”, diz.

O presidente do coletivo Elos Respeito e Cidadania LGBTQIA+ Navegantes, Donielson Santiago Corrêa, reforça a preocupação com a morte por gênero. “O Brasil se destaca como o país que mais mata pessoas LGBTQIA+ no mundo e, em âmbito mais local, é importante destacar que Santa Catarina é o segundo estado brasileiro que apresenta o maior número de células nazistas”, disse.

 

Política pública precisa ser desenvolvida

Margareth Hernandes, presidente da Comissão  Nacional da OBA, diz que ação do governo federal precisa ser acompanhada de perto

Margareth Hernandes, presidente da Comissão Nacional da OBA, diz que ação do governo federal precisa ser acompanhada de perto

 

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Henrique Rabello de Carvalho, secretário geral da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero do Conselho Federal da OAB, reafirma que demanda é antiga

Henrique Rabello de Carvalho, secretário geral da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero do Conselho Federal da OAB, reafirma que demanda é antiga

 

 

“Como uma mãe do coletivo Mães pela Diversidade, vejo essa decisão como uma medida positiva e humanitária. Muitas pessoas LGBTQIA+ enfrentam perseguição e violência em seus países de origem devido à sua orientação sexual ou identidade de gênero”, diz a coordenadora do coletivo em Santa Catarina, Andréa Carvalho. Ela lembra que o Brasil tem um histórico de acolhimento e proteção de refugiados. No entanto, defende um processo de acolhimento adequado e inclusivo para os refugiados LGBTQIA+. “Isso inclui garantir o acesso aos serviços básicos, como saúde e educação, além de fornecer apoio emocional e social. Precisamos também garantir que essa decisão do governo não seja apenas uma medida superficial”, diz.

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O advogado Henrique Rabello de Carvalho, secretário-geral da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero do Conselho Federal da OAB, diz que essa é uma demanda que há muitos anos está presente na comunidade internacional e sobretudo no Brasil. “Essa iniciativa é fundamental [...]. No entanto, deve ser acompanhada de políticas públicas intersetoriais, que envolvam não apenas um único ministério, mas outras instâncias e burocracias dos poderes da República”, alerta.

Ele destaca que o Brasil se insere em um contexto de LGBTfobia estrutural que se reflete em alguns setores da sociedade e cobra capacitação no tema para polícias e outras instituições. “A adoção de políticas públicas deve contemplar as diversas interseções que incidem sobre as pessoas LGBTQIA+, como gênero, raça, classe social e sobretudo o aspecto vinculado à língua e à origem dessas pessoas.”

A presidente da Comissão Nacional da Diversidade Sexual e Gênero da OAB e presidente da Comissão de Direito Homoafetivo e Gênero da OAB/SC, Margareth da Silva Hernandes, concorda que essa ação do governo federal precisa ser acompanhada. “Existe ainda muito racismo, LGBTfobia e xenofobia no Brasil e em Santa Catarina. Essa medida vai exigir capacitação constante de pessoas ligadas às forças de segurança e também a outros setores da sociedade. Vejo a questão da língua como uma outra grande barreira”, alerta Margareth.

 

Polícia afirma estar preparada

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Em nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública diz que as forças de segurança de Santa Catarina “são altamente capacitadas e treinadas” e que a pasta desenvolve a diretriz de diálogo permanente com as forças vivas da sociedade e também atuará no sentido de intensificar políticas públicas de respeito e aproximação com a comunidade LGBTQIA+.

O secretário de Segurança Pública de Balneário Camboriú, Antonio Gabriel Castanheira, diz que a Guarda Municipal está preparada para cumprir a lei e manter a ordem. “Isso independe de orientação sexual, raça, religião,” completa.




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