Após quase um mês do incêndio no Warung Beach Club, a câmara de vereadores de Itajaí aprovou, nessa quinta-feira, pedidos pra instalação de uma base do Corpo de Bombeiros na Praia Brava e a construção de uma ponte de concreto para veículos entre os lados sul e norte da praia. As propostas foram do vereador Laudelino Lamim (MDB), que lembrou da ocorrência que destruiu o Warung em 22 de fevereiro.

O parlamentar justificou a ideia falando das dificuldades que os bombeiros tiveram pra chegar até o local, relatando demora de 40 minutos num trajeto de mais de 10 quilômetros da unidade mais próxima, no bairro Fazenda. “Já imaginaram o que seria se o incêndio fosse numa noite de show? Com certeza, teríamos aqui uma tragédia igual ou maior que a da boate Kiss. Temos que pensar em como o socorro pode chegar mais rapidamente naquela região”, considerou.

A proposta será encaminhada ao governador Jorginho Mello (PL) e ao comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Fabiano de Sousa, e prevê a realização de estudos pra implantação da base dos bombeiros junto com uma base da Polícia Militar na Brava. Foi uma emenda do vereador Paulinho Amândio (PDT) que sugeriu ao governo estadual que a PM também ocupe a base dos bombeiros.

“Temos que pensar na grande quantidade de casas noturnas naquela região, atraindo milhares de jovens todas as noites, além das famílias que frequentam a praia. Todos precisam ter a certeza de que podem contar com o rápido atendimento em qualquer circunstância”, reforça.

A ideia de uma ponte para veículos sobre o ribeirão da Lagoa do Cassino não é nova. A Associação dos Proprietários Praia Brava Norte (Aprobrava) tem projeto de construção da travessia, numa ideia ainda a ser apresentada ao município e que dependerá de aprovação. O projeto seria integrado a outras mudanças viárias previstas na Brava, como a revitalização do acesso pelo morro de Cabeçudas.

No momento, o Canto Norte da Brava está recebendo a estrutura de uma central de apoio de segurança, fruto de acordo de uma construtora com o município. A proposta é que o espaço, à beira da Lagoa do Cassino, abrigue guarnições da PM e sirva de apoio aos guarda-vidas. A estrutura contará ainda com um mirante de acesso público.

Acesso único por Cabeçudas

A Praia Brava tem o único acesso pra veículos pelo Canto Norte, onde fica o Warung. A dificuldade no acesso envolve o tráfego pelas ruas estreitas dentro de Cabeçudas e o caminho pelo morro entre os dois bairros. “O acesso de veículos tem que ser por Cabeçudas, de modo que, quando chega o socorro, já não dá para fazer mais nada, só o rescaldo”, comentou o vereador Lamin.

Ele ressalta a importância das ações porque os bombeiros não atendem apenas casos de incêndio, mas também ocorrências de afogamentos e resgate de pessoas em acidentes, tempestades, enchentes, explosões, elevadores, vítimas de quedas e até gatinhos presos nos telhados.

“A dificuldade de acesso ao canto norte da Praia Brava é um assunto que deve ser muito discutido. Embora tenhamos que ter o máximo de cuidado com as questões ambientais, é urgente que se encontre outras soluções para atender de forma rápida e efetiva qualquer incidente naquela região da nossa cidade”, completa.

Incêndio no beach club completará um mês

O incêndio no Warung completa um mês na semana que vem. O prazo inicial era de 30 dias pra divulgação do relatório dos bombeiros sobre as causas do acidente, mas a corporação não respondeu se o trabalho pericial já foi concluído.

A avaliação inicial não havia determinado onde as chamas começaram e apontou falha no sistema hidráulico do clube. A demora em chegar ao local também foi confirmada pelos bombeiros, devido às dificuldades de acesso.

O fogo atingiu a pista principal do beach club, consumindo a estrutura de madeira. O estabelecimento continua fechado, enquanto a casa também aguarda a conclusão dos laudos oficiais.

“Ideia da ponte na Brava Norte é tiro no pé”

A presidente da Associação Comunitária da Praia Brava, Daniela Occhialini, entende que a construção de uma ponte não é adequada pra resolver o problema em relação a incêndios ou de acesso. Para ela, a decisão precisa envolver um planejamento maior para a Praia Brava.

Especialmente pra região do Canto do Morcego, Daniela defende uma destinação turística e não de ocupação de empreendimentos habitacionais. Ela lembra que atrações como o Warung levaram Itajaí pro mundo dentro dessa vocação. “Mas infelizmente a gestão pública não teve essa atenção com relação aos usos daquela região”, critica.

A criação dos parques do Canto do Morcego e da Lagoa do Cassino, previstos no Plano Diretor, já indicariam, conforme Daniela, que o uso da área deveria ser prioritário pra economia do turismo, esportes e preservação ambiental. “A abertura da ponte vai acabar com qualquer proposta de proteção, uso voltado ao turismo e criação dos parques, que é o que estamos buscando”, comenta.

Outra preocupação da líder comunitária é que o novo acesso poderá sobrecarregar o bairro de Cabeçudas, que viraria opção de desvio por dentro da cidade quando a BR 101 estiver trancada, por exemplo. “Precisa haver planejamento. Nesse momento eu acho que a proposta de acesso à Brava Norte é um tiro no pé”, completa.