10 ANOS
STJ mantém anulação do júri da Boate Kiss
Com a decisão, os quatro réus vão aguardar o novo julgamento em liberdade
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve a anulação do júri da Boate Kiss, realizado em dezembro de 2021. A sessão foi finalizada nesta terça-feira e teve quatro votos a um. O resultado confirma a decisão tomada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que havia acatado, em agosto de 2022, o recurso da defesa dos réus e anulou o julgamento por supostas irregularidades jurídicas.
O julgamento tem quatro réus que foram condenados: Elissandro Spohr, Mauro Hoffmann, Luciano Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. As penas, que vão de 18 a 22 anos e meio de prisão, perdem validade e os réus aguardam novos julgamentos em liberdade.
O Ministério Público havia entrado com recurso junto ao STJ para reverter a decisão do tribunal gaúcho que pediu a anulação. O MP emitiu uma nota oficial onde informou que "respeita a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas lamenta profundamente que o recurso da instituição não tenha sido aceito".
O STJ votou o recurso apresentado pelo MP para que não houvesse a anulação do julgamento. Em junho, o relator do processo, ministro Rogério Schietti Cruz votou a favor do MP, ou seja, para manter as condenações. Após o voto, dois pedidos de vista foram feitos pelos ministros Antonio Saldanha Palheiro e Sebastião Reis.
Na retomada da votação, o ministro Palheiro empatou, sendo contrário ao recurso do MP. Os mesmos votos foram dados pelos ministros Sebastião Reis, Jesuíno Rissato e Laurita Vaz.

Defesa diz que houve irregularidades jurídicas
Os advogados de defesa dos condenados apresentaram apontamentos para argumentar o pedido de anulação. Eles citam a escolha dos jurados, que foi feita depois de três sorteios, quando o rito estipula apenas um; o fato do juiz Orlando Faccini Neto ter conversado em particular com os jurados, sem a presença do MP e dos advogados de defesa. Apontam também o fato do magistrado ter perguntado aos jurados sobre questões ausentes do processo.
Os advogados ainda citam que o silêncio dos réus, garantia constitucional, foi citado como argumento aos jurados pelo assistente de acusação. E o uso de uma maquete da Boate Kiss, anexada aos autos sem prazo para que as defesas pudessem analisar.
Incêndio aconteceu há 10 anos
A Boate Kiss pegou fogo no dia 27 de janeiro de 2013. O incêndio matou 242 pessoas. A casa noturna foi tomada por uma fumaça tóxica. O local estava lotado, não tinha ventilação, nem saídas de emergências suficientes, nem brigada de incêndio.
O julgamento, que foi anulado na votação do STJ, durou 10 dias e quase nove anos de espera. No dia 10 de dezembro de 2021, os quatro réus foram condenados pela morte de 242 jovens.
Continua depois da publicidade
Redação DIARINHO
Reportagens produzidas de forma colaborativa pela equipe de jornalistas do DIARINHO, com apuração interna e acompanhamento editorial da redação do jornal.