Travessia
Comunidade anuncia manifestação, neste sábado, em frente ao ferry boat
Protesto terá início às 9h em frente à plataforma de embarque no centro de Itajaí; abaixo-assinado já tem 10 mil assinaturas
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
Um protesto reinvindicando melhorias da empresa que faz a travessia Itajaí x Navegantes foi anunciado para a manhã deste sábado. O pedido é para que ciclistas e pedestres tenham gratuidade na travessia e para que motoristas tenham mais opções de pagamento além de dinheiro em espécie.
A manifestação está marcada para as 9h em frente à área de embarque, no centro de Itajaí. Os organizadores esperam que cerca de duas mil pessoas participem do ato.
A principal reivindicação é para que a NGI ofereça a opção de pagamento por Pix ou cartão de crédito e débito. Atualmente, a empresa só aceita dinheiro em espécie. O pagamento com cartão só é aceito de forma antecipada e no escritório da empresa.
“A empresa justifica que um dos impedimentos para oferecer outras formas de pagamento no embarque está relacionado ao uso da internet, mas a internet tem uma excelente velocidade na travessia. Todos os usuários estão no celular fazendo a travessia e funciona muito bem”, afirma Patrick Dauer, presidente da Unidos por Itajaí, uma das entidades que promove o protesto.
O ato pedirá ainda a gratuidade na travessia para ciclistas e pedestres. “Essa será uma manifestação apartidária, pelo bem dos moradores de Itajaí e Navegantes”, afirma Patrick .
Abaixo-assinado
Nesta semana, Patrick e outras lideranças deram início a um abaixo-assinado pra exigir que a direção do ferry boat aceite mais opções de pagamento. Durante toda esta semana, cerca de 10 pessoas ficaram se revezando no ferry recolhendo assinaturas. Na próxima semana, o grupo atravessará para o lado de Navegantes e terá uma equipe também na balsinha da Barra do Rio.
“Toda vez que a gente precisa se deslocar entre as cidades precisa pagar. Já era para ter saído essa ponte. É túnel, é ponte móvel, e não sai nada. Estamos insatisfeitos. Eu moro aqui há 20 anos e há 20 anos é assim”, comenta o operador Nivaldo dos Santos, de 52 anos, que assinou o documento no local.
As entidades esperam recolher 20 mil assinaturas. Até sexta-feira, cerca de 10 mil pessoas já haviam assinado o documento. “Ao chegar a 20 mil, vamos enviar ao Ministério Público, governo do Estado, Assembleia Legislativa, prefeituras de Itajaí e Navegantes, além das câmaras de vereadores das duas cidades”, informam os organizadores.
O vereador Osmar Teixeira (SD), de Itajaí, aprovou requerimento na câmara de vereadores cobrando explicações da NGI Sul e do governo do Estado sobre os problemas na travessia. O vereador cobra mais transparência no controle do fluxo dos usuários.
Procon fiscaliza, mas não exige pagamento em cartão
O Procon de Navegantes fez uma fiscalização na NGI Sul na última quinta-feira. A defensoria do consumidor fez três solicitações à empresa – nenhuma delas relacionada à forma de cobrança ser apenas em dinheiro.
A fiscalização focou na reivindicação de maior visibilidade sobre a gratuidade da travessia para portadores de deficiência e do transtorno do espectro autista, alvo de uma denúncia já realizada.
Segundo a procuradora Janice Freygang, foi abordada a questão da modernização dos sistemas de cobrança – mas esse não foi o tema central da fiscalização. “Tratamos das placas de gratuidade porque houve denúncia”, observou. “Sobre cobrança, não existe lei que obrigue a empresa a aceitar cartão. Mas o cliente pode comprar o cartão via internet”, acrescentou.
Janice ainda alegou que a concessionária já instalou pagamento com cartão na entrada do terminal a pedestres e ciclistas. O problema técnico, segundo alega a empresa, seria não haver sinal de internet durante a travessia, o que prejudica o serviço.
O Procon constatou que a empresa cumpre a lei e garante a gratuidade, mas falta divulgação do benefício no site e com placas na travessia. O terceiro pedido foi o de liberação de recibos de pagamento da passagem.
Cenas de agressão
A pressão sobre a NGI Sul tem aumentado desde as cenas de agressão ocorrida dia 26 de março, quando o programador gaúcho Alexandre Canes, de 41 anos, filmou a confusão e agressões na travessia. O usuário estava com a filha e esposa grávida dentro do carro, e não tinha dinheiro em espécie para a travessia. Ele queria pagar em cartão ou pix a travesia.
A NGI Sul alegou que o motorista teria tentado atropelar os funcionários e que a agressão foi cometida por um motorista, usuário da travessia, e não por colaboradores da empresa. A NGI justificou que o pagamento no embarque é aceito somente em dinheiro. No entanto, o usuário pode comprar passe, por meio de cartão de débito ou Pix, de forma antecipada, em horário comercial, no escritório da empresa.
Sobre a fiscalização do Procon, a NGI Sul justificou que já atualizou o site conforme solicitado pelo Procon e também colocou cartazes com a informação. As placas serão instaladas em breve. Elas terão também o fone do Procon.