Confusão na travessia
Vídeo viraliza com motorista sendo agredido
Agressões a usuário do ferry boat ocorreram em março, mas só ganharam as redes sociais nesse fim de semana
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]




Um vídeo de uma confusão ocorrida na travessia do ferry boat, há quase dois meses, ganhou repercussão nas redes sociais nesse fim de semana.
As imagens mostram a agressão de funcionários a um motorista, que não tinha dinheiro para pagar a travessia de Navegantes para Itajaí, e foi surpreendido pela notícia de que não poderia pagar com cartão de crédito ou débito. Ele se dispôs a pagar a travessia por cartão ou PIX, mas, mesmo assim, foi agredido com um soco. Num segundo momento, o veículo encostou num carro da travessia e a confusão se entendeu com um terceiro envolvido. O caso foi registrado nas Polícias Militar e Civil e a agressão está sendo levada adiante na justiça pelo motorista.
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O programador gaúcho Alexandre Canes, de 41 anos, conversou com o DIARINHO nesse domingo e contou sobre as agressões que sofreu no dia 26 de março, por volta das 23h. A família mora, há cerca de dois anos, em Itajaí e, no carro, estavam, além do motorista, a esposa grávida de seis meses e a filhinha, na cadeira de bebê, no banco traseiro.
A família decidiu pegar o ferry para agilizar a travessia entre as duas cidades, porque estavam cansados e não queriam encarar a BR 101. “O motivo de toda aquela truculência, daquela violência, foi porque não aceitaram a nossa forma de pagamento. Adentrando no ferry boat, nós verificamos que estávamos sem dinheiro em espécie. Relatei ao atendente, ele me informou que eu deveria me retirar da balsa. Só que, nisso, a balsa saiu de Navegantes. Quando atracou em Itajaí, eles nos forçaram a retornar a Navegantes. Qual a coerência que tem nisso, se eu já estava lá? Era só formalizar uma forma de pagamento e tudo estava resolvido", argumenta Alexandre.
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Só que não foi isso que ocorreu. A confusão só se agravou a partir daí, pois envolveu o motorista de outro carro. “Levei um soco do atendente, do funcionário que me atendeu desde o início. Fecharam a saída com outro veículo, de um cidadão que era conhecido deles. Ele alega que eu bati no carro dele, mas não houve colisão. Eles fecharam propositalmente a saída. O cidadão me agrediu daquela forma covarde”, conta Alexandre.
A vítima, ainda, denuncia que os demais funcionários não fizeram nada para evitar ou coibir as agressões. “Pelo contrário, instigaram a situação, a violência. Nos xingando verbalmente, causando um dano psicológico na minha esposa grávida. A minha filhinha quase levando cotovelaço, porque o cidadão dava soco atrás do meio banco. Antes, o atendente deu um soco no meu rosto”, conta.
PM foi chamada
O motorista chamou a PM, que registrou o caso, e orientou Alexandre a procurar os seus direitos na justiça. O motorista passou por exame de corpo de delito. Ele reforça que nunca se negou a pagar a travessia, mas não tinha dinheiro e ofereceu outras opções de pagamento, que não foram aceitas pela empresa.
A travessia não dispõe de contrato de concessão pública, mas atua através de um contrato. A NGI só aceita dinheiro vivo. Não trabalha com cartão de crédito ou débito, ou aceita PIX ou transferências bancárias para pagar a travessia.
Para Alexandre, o resumo das filmagens mostra funcionários totalmente despreparados em lidar com o consumidor. “Não desejo que isso aconteça com nenhum outro usuário. Por causa de dinheiro? Uma forma de pagamento? Onde vamos parar? É lamentável e muito triste”, diz Alexandre.
Empresa confirma que só aceita dinheiro
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A direção da NGI, empresa responsável pela travessia, se pronunciou através de uma nota oficial. A empresa justifica que a ocorrência foi registrada há mais de 30 dias, no período noturno, quando o usuário se negou a pagar a tarifa da travessia de carros, alegando que só teria cartão. “A empresa esclarece que o pagamento no embarque só é aceito em dinheiro em espécie, podendo o usuário comprar passe através de cartão de débito ou Pix no escritório da empresa, na modalidade compra antecipada”, explica.
Sobre o vídeo que circula nas redes sociais, a empresa alega que ele foi editado. “O cidadão que aparece na segunda parte (de camiseta azul) era um segundo usuário e não funcionário da empresa. O carro, de onde a filmagem era feita, colidiu na traseira do carro à frente, motivo que gerou a discussão”, afirma.
A NGI, ainda, alega que está em tratativas com a Secretaria de Estado da Infraestrutura pra implantar a bilhetagem eletrônica, para aceitar outras formas de pagamento. Mas a sua implantação “é impedida pelo `passe livre`, benefício concedido pelo Estado a alguns usuários”.