SETOR PESQUEIRO
Região lidera atividades ligadas à pesca no Brasil e na América Latina
Itajaí e Navegantes abrigam indústrias de pescados
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Santa Catarina é um dos maiores produtores de pescados do Brasil, nas modalidades industrial ou artesanal, e Itajaí e Navegantes formam o maior polo pesqueiro do país. Juntos, os dois municípios abrigam a maior unidade de recepção de pescados da América Latina e sediam importantes nomes das indústrias beneficiadora e enlatadora. Outros municípios que ganham destaque, quando o assunto é pesca, são Porto Belo e Penha, que cresceram em torno do mar e, nele, têm seus maiores pilares econômicos.
“Itajaí é a capital nacional da pesca, uma cidade que cresceu em torno dessa atividade, assim como cidades adjacentes e que dependem muito dos recursos pesqueiros de Santa Catarina”, pontua Jorge Seif Júnior, secretário nacional de aquicultura e pesca, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
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Seif destaca que Itajaí contempla ainda um dos maiores sindicatos na área da pesca industrial [senão o maior do Brasil], e a pesca artesanal e a carpintaria naval são atividades bastante fortes em toda a região.
“A região tem a pesca da sardinha, do camarão, da tainha. Uma diversidade enorme que impulsiona diversas atividades ligadas ao mar”, acrescenta Seif. Inclusive, todo esse potencial justificou a criação do primeiro escritório regional da secretaria de Aquicultura e Pesca em Itajaí. “ Foi em reconhecimento à atividade pesqueira, aos nossos pescadores, às nossas indústrias, aos nossos armadores e a toda cadeia produtiva ligada à pesca”, arremata.
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A cadeia produtiva, mencionada por Seif, engloba, desde a retirada do pescado até a manipulação, armazenamento nas empresas e venda em peixarias e mercados, inclusive, com a exportação de algumas espécies. Inclui as atividades de industrialização do pescado, o que possibilita um significativo aumento no valor agregado do produto.
Cada armador emprega não só os tripulantes, mas redeiros, encarregados, caminhoneiros, calafates, estaleiros, empresas de tecnologia pesqueira, mercados que fornecem o rancho para a tripulação, postos de abastecimento de óleo diesel marítimo, fábricas de gelo, redes, caixas de plástico e papelão, entre tantos outros”, destaca o presidente do Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Jorge Neves.
O executivo observa, ainda, o potencial das indústrias de beneficiamento. Elas, além de absorverem as produções da frota nacional, também empregam milhares de pessoas, de forma direta e indireta. “São empresas que seguem rígidos padrões de qualidade, contando com a supervisão de engenheiros de alimentos e de produção, médicos veterinários e tantos outros colaboradores comprometidos com a excelência do produto final”, complementa o presidente do Sindipi.
SC dispõe de frota de 700 barcos e 50 mil pescadores
O estado catarinense conta com uma frota aproximada de 700 embarcações industriais e mais de 50 mil pescadores e 850 embarcações industriais autorizadas no sudeste e sul do Brasil. As 36 indústrias associadas ao Sindipi registram 447 associados. As embarcações são divididas por modalidade de pesca, como arrasto de camarão rosa, emalhe, vara e isca-viva, long line ou espinhel de superfície ou de fundo, polvo, cerco, arrasto de camarão sete barbas e arrasto de peixe.
Os desembarques nas diversas frotas oscilam ano a ano e interferem na economia local. Porém, a falta de estatísticas, por parte dos órgãos governamentais, compromete um diagnóstico mais aprofundado. Segundo os números apurados pelo Projeto de Monitoramento da Atividade Pesqueira no Estado de Santa Catarina (PMAP-SC), da Universidade do Vale do Itajaí, no ano de 2019, a produção pesqueira industrial de Santa Catarina foi de 60 mil toneladas. Os números relativos ao ano passado ainda não estão disponíveis.
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Segundo o Sindipi, em 2011 [último ano em que o governo federal publicou a estatística pesqueira nacional], a pesca industrial de Santa Catarina desembarcou 160 mil toneladas, quase quatro vezes mais que em 2019. “Essa redução observada nos desembarques, provavelmente, está relacionada à dificuldade para obter informações fidedignas das pescarias e proibições de pesca, como a portaria n° 445/2014, que proíbe a descarga de mais de 30 espécies de peixes que possuem valor comercial”, informa o Sindipi.
Além disso, desde 2018, o setor está proibido de trabalhar a menos de 12 milhas náuticas da costa do Rio Grande do Sul. Essa proibição foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas, para a pescaria retornar, é preciso uma regulamentação do governo federal.
O Sindipi representa, há 41 anos, o polo pesqueiro de Itajaí, com a bandeira da manutenção da pesca sustentável e rentável.
Com relação ao mercado internacional, de acordo com dados da secretaria de estado da Agricultura e da Pesca, Santa Catarina exportou, no ano passado, 22,7 mil toneladas de peixes, crustáceos, moluscos e derivados.