Itajaí
Garoto agredido pela GM sonha em ser sargento da PM
Adolescente vendia doces quando foi vítima de abordagem violenta da guarda municipal
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]

O estudante G.F., 17 anos, que cursa o terceiro ano do ensino médio e vende doces para ajudar nas contas da casa, sonha em seguir carreira na polícia Militar. Muito abalado, ele conversou com a reportagem do DIARINHO nesta terça-feira e contou que a situação vivida foi humilhante. G. teve seu material de trabalho destruído pela GM, levou golpes de mata-leão e acabou detido pelos guardas municipais.
Há três meses, o rapaz vende doces no centro de Itajaí para ajudar nas contas da casa e para juntar dinheiro pra pagar o curso preparatório para sargento e tenente da PM. “Foi constrangedor e humilhante. Eu só estava vendendo alfajor para ajudar em casa... Para pagar a conta de água, de luz,” explica o rapaz.
G. e a família moravam em Curitiba até dezembro do ano passado, onde ele também já vendia doces. A família se mudou para Navegantes em janeiro atrás de melhores condições de vida.
Sobre a abordagem da GM, G. diz que não foi advertido por fiscais. “Ninguém veio falar comigo. Eu não tive o aviso do fiscal. Já começou com a abordagem da GM, com uma viatura, mandando eu deixar o meu material. Como eu não tenho muitas condições financeiras, eu não queria deixar o isopor... E eles já partiram pra abordagem que vocês viram no vídeo”, explicou.
G. desmente que tenha reagido ou desacatado os guardas. Também diz que é mentirosa a versão de que ele é lutador de jiu-jitsu. Também não tem uma filha deficiente, como muitas pessoas falaram e saiu na imprensa.
O adolescente, após ter sido levado da rua Hercílio Luz, ficou cerca de duas horas na viatura da GM e depois passou mais cinco horas na cela da delegacia. “Eu estou bem triste. Eles me prenderam, eu nunca tinha sido preso. Fiquei na cela, sozinho, nunca tinha entrado em uma cela. Meu pai teve que me buscar na prisão, isso afetou meu psicólogo.... Estou triste e com medo”, desabafa.
A mãe de G. lamenta que o material que o filho carregava foi destruído e que sobrou somente a máquina de cartão de crédito. Ela já adiantou que a família vai processar o município por danos morais. Ela entende, também, que os guardas devem ser exonerados pelo despreparo.
A secretaria de Segurança Pública de Itajaí já abriu uma sindicância para apurar o caso. A investigação deve ouvir os guardas municipais, testemunhas, analisar os vídeos e ser concluída em 30 dias.