ITAJAÍ
Brava Mix é questionada pelo Turismo
Secretário pediu informações à organização pra discutir liberação de “forma técnica”
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



O secretário de Turismo de Itajaí, Evandro Neiva, questionou, em ofício encaminhado à secretaria de Urbanismo e à associação Comunitária da Praia Brava, sobre a realização da feira Brava Mix, que teve a autorização suspensa pela prefeitura. Evandro quer esclarecer dúvidas sobre o evento pra que possa analisar, “de forma técnica e responsável”, quer que a retomada de feira seja discutida em reunião com outras secretarias.
O ofício foi enviado, na sexta-feira, e lista cinco questões principais. A secretaria pediu informações e documentos da entidade que organiza a feira e quem, na entidade, é responsável pela organização, já que houve mudança na coordenação. O documento também questiona quais os critérios e as regras pra participar e expor na feira, se há seleção e limite de expositores, pagamentos à organização e outras exigências.
Outro questionamento está ligado à gestão da feira. A secretaria busca saber os dias e horários de funcionamento, quem fornece energia elétrica ao evento, quem faz a coleta de resíduos e se existe alguma empresa contratada pela organização pra fazer a segurança. Por último, a secretaria pede a relação e o contato dos expositores das últimas edições da feira.
Segundo o secretário, a ideia é conhecer melhor o projeto, esclarecer dúvidas e saber das contrapartidas, considerando que evento usa um espaço público e gera impactos no entorno. “Precisamos entender melhor o regramento da feira, quem ela beneficia diretamente e suas contrapartidas reais para a cidade, com isso podermos ajustar as demandas e equilibrar todos os interesses locais”, comentou.
O secretário ressaltou o entendimento de que a feira é um evento e, como tal, precisa ter organização e regramento para o uso de um espaço público. Ele destaca que a secretaria vem trabalhando de modo organizado pra beneficiar artistas locais, pequenos comerciantes e produtores da cidade, como as cervejarias artesanais e os grupos de artesanato.
Evandro aguarda a resposta pra que a secretaria possa analisar o projeto da Brava Mix, dentro de um modelo que será usado pra outras feiras. “É importante dizer que eu não sou contra a feira. Eu não sou contra nenhuma feira, principalmente feiras culturais, que trazem o turismo e beneficiam as pessoas e a sociedade, mas eu sou contra o desequilíbrio específico de cada local”, diz.
Suspensões desde o ano passado
Promovida pela associação Comunitária da Praia Brava (ACBrava), a feira Brava Mix teve cancelamentos, suspensões e falta de autorizações desde o ano passado. O evento de rua, conforme a organização, reúne artistas, produtores e pequenos comerciantes, com exposição e vendas de produtos de comércio popular. A secretaria quer saber quem são esses expositores.
Segundo a associação, a feira gera trabalho e renda pra cerca de 50 famílias e já recebeu mais de 190 feirantes ao longo de 28 edições, que ocorriam semanalmente aos domingos. O evento, que começou na avenida Carlos Drummond de Andrade, havia se mudado pra rua Jucília Maria da Silva Miguel, mas, mesmo com a mudança, continuou a ser alvo de questionamentos.
A autorização foi, novamente, suspensa no final de agosto, após um restaurante local alegar que a feira impediria o uso do estacionamento da rua. A associação tentou, várias vezes, uma nova liberação. A prefeitura liberou uma nova área, que foi considerada inadequada pela organização, sem circulação de pessoas, inviabilizando a realização do evento. A última edição da feira foi no dia 15 de agosto.
Impasse na Brava e novo modelo, com regras, pra realização de feiras em locais públicos
A presidente da associação, Daniela Occhialini, informa que a maioria das informações já é de conhecimento da secretaria de Urbanismo e do prefeito, pelos pedidos e projetos protocolados para o retorno da feira. Os questionamentos do turismo estão com o advogado da associação, que deve responder nesta semana.
Daniela acredita na possibilidade de a feira ser retomada, mas avalia que existe uma “má vontade” da prefeitura em resolver a questão. “Cada hora exigem uma condicionante diferente”, critica. Ela destaca que tem cerca de 300 pessoas cadastradas, esperando a volta da feira.
“Eu realmente espero que a secretaria de Turismo tenha um olhar especial para as feiras de ruas no aspecto de sua finalidade de trabalho”, disse. A presidente da associação defende que a Brava Mix volte a funcionar no trecho inicial da avenida Carlos Drummond de Andrade, de “onde nunca devia ter saído”.
“Os comerciantes querem a volta da feira porque isso também ativa o comércio local”, conta. O secretário de Turismo acha “muito difícil” que a feira seja liberada no endereço em razão dos impactos no trânsito e na acessibilidade, numa área já de elevada concentração e com limitada capacidade.
“Já foi feito algumas vezes lá e foi gerado impacto. Então, temos que achar uma alternativa”, considera Evandro. Ele informa que as secretarias de Turismo e Urbanismo e a fundação Cultural devem criar uma metodologia pra essas feiras, como já se tem para os grupos de artesanato.
O modelo prevê um estudo de locais onde as feiras podem ocorrer e regramentos. “Vamos nos reunir com as secretarias pra definir os espaços, não só pro Brava Mix, mas pra outras feiras interessadas”, completa, ressaltando que há pedidos de outros grupos.
Feira de Artesanato na Beira-rio
Enquanto a feira da Brava segue no impasse, a fundação Cultural de Itajaí liberou a mudança da feira do Artesanato, que tradicionalmente ocorria aos sábados no calçadão da rua Hercílio Luz, para a praça Genésio Miranda Lins, na avenida Beira-rio, aos domingos.
Segundo a prefeitura, a proposta vinha sendo analisada pelos envolvidos e foi motivada por um pedido da câmara Setorial de Culturas Populares, ligada ao conselho Municipal de Políticas Públicas, para a fundação Cultural. A feira reúne grupos e artistas independentes, entre eles representantes da associação dos Artesãos de Itajaí, da feira Culturada e do centro de Economia Solidária de Itajaí (Cepesi).
A feira, na praça da Beira-rio, será das 9h às 18h, com a participação de 30 artesãos em 12 barracas. Os expositores vendem peças de perfumaria, máscaras, acessórios, pães artesanais, calçados e roupas sustentáveis. Os comerciantes, ainda, ofertam produtos em crochê, tricô, ponto cruz, patchwork, madeira, bordados e quadros, entre outros.