Justiça
Mulher acusada de matar grávida para roubar bebê vai a júri popular
Ela responde pelo assassinato da amiga e tentativa de morte da criança, retirada com estilete do útero da mãe, morta a tijoladas
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
A mulher denunciada por matar uma grávida para roubar o seu bebê, em Canelinha, será julgada por júri popular. Nesta semana, segundo o ministério Público, a justiça reconheceu a ocorrência dos crimes contra a vida e os indícios da autoria apontados pela promotoria, decidindo pelo julgamento de R. G., de 27 anos. O marido dela, inicialmente denunciado por participação nos crimes, foi absolvido após comprovação de que não teve conhecimento do que a mulher tinha feito.
O crime foi no dia 27 de agosto de 2020. Na ocasião, a professora Flávia Godinho Mafra, de 25 anos, grávida de oito meses, foi atraída para uma emboscada feita pela mulher, amiga de infância da vítima. Numa olaria abandonada, Flávia foi morta pela amiga com golpes de tijoladas e estiletes. Ela teve o ventre cortado e o bebê foi roubado. Machucada, a criança foi levada a um hospital, onde a mulher tentou se passar por mãe da recém-nascida. A farsa foi descoberta e R. acabou presa, confessando o crime.
No processo, a 1ª promotoria de Justiça de Tijucas sustenta que houve o homicídio doloso da mulher e a tentativa de homicídio do bebê, ferido com gravidade ao ser retirado do útero da mãe. Segundo a promotoria, as provas apontam que a acusada seria autora de outros crimes, todos relacionados com assassinatos, o tentado e o consumado.
A pedido da defesa, a acusada passou por perícia judicial para apurar suas condição mental, em exame que concluiu que a mulher é mentalmente sã. Segundo o ministério Público, a mulher pretendia roubar o bebê de 36 semanas que estava em gestação.
As provas também levantaram o plano arquitetado pela mulher para atrair a vítima. Inicialmente dada por desaparecida pela família, Flávia foi levada para um local ermo para supostamente participar de um chá de bebê surpresa. Em uma cerâmica desativada, ela levou uma tijolada na cabeça e desmaiou. R. teria usado um estilete pra retirar o bebê do útero e fazer o parto de forma precária. A hemorragia do ferimento causou a morte da professora e o corpo dela foi escondido em um forno da olaria.
A suspeita de envolvimento do marido da acusada foi cogitada após o assassinato. A mulher teria se encontrado com o companheiro - que acreditava na falsa gravidez alegada pela esposa - e ido até o hospital de Canelinha. Ela chegou a cortar o próprio corpo pra simular o parto. No hospital, ela informou que o bebê era seu e que fizera o parto na rua, necessitando de ajuda. A equipe do hospital desconfiou da situação diante das informações contraditórias e chamou a polícia, que descobriu a farsa rapidinho.
Acusações
A mulher denunciada pela promotoria será julgada pelo crime de homicídio doloso, com os agravantes de ter sido praticado por motivo torpe, dissimulação, com meio cruel e de forma que dificultou a defesa da vítima. A ação possibilitou a prática de outro crime – o roubo da criança – e feminicídio.
R. ainda será julgada por tentativa de homicídio do bebê, crime agravado pelo uso de recurso que impediu a defesa da vítima.
Contra a mulher, ainda pesam acusações de ocultação de cadáver, parto suposto, subtração de incapaz e fraude processual, todos devem ser julgados no tribunal do júri por estarem ligados ao assassinato de Flávia e à tentativa de assassinato da criança.
A mulher está presa no presídio de Itajaí. O marido foi solto ainda em outubro de 2020, quando a justiça acatou o pedido de absolvição da promotoria, que entendeu que o homem não teve participação nos crimes e também foi enganado pela mulher. A bebê se recuperou e é cuidada pelo pai.