Itajaí
Transpiedade esquece povo do interior
Empresa não só tem poucas linhas destinadas às comunidades rurais, como ainda por cima gazeia os horários e não manda os busões
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Os moradores da Itaipava, Canhanduba, Rio do Meio e Loteamento São Pedro, no interior de Itajaí, ameaçam protestar na Câmara de Vereadores contra a empresa Transpiedade, que em agosto assumiu o transportes público em Itajaí. Pela reclamação do povão, a empresa tem retirado os ônibus das linhas que atendem aquelas comunidades. Ontem, a situação tava ainda pior. Quem precisava pegar ônibus cedo para trabalhar tinha que andar até a Rodovia Antônio Heil e contar com a sorte para pegar um ônibus pinga-pinga qualquer que viesse de Brusque. Isso porque as linhas 901, 903, 905 e 907 da Transpiedade não atendiam aquelas comunidades nos primeiros horários da manhã. A moradora Vera Lúcia Vieira Azi, 56 anos, chegou a perder um dia de trabalho na semana passada quando o ônibus da empresa Santa Terezinha não chegou no horário, sob alegação de que havia furado o pneu. “Preciso chegar até às 6h45 no trabalho, depois não tem mais ninguém lá, daí na quarta-feira não consegui ir para o trabalho”, conta. E completa: “Só que teve gente que foi pior, duas vizinhas perderam o emprego porque estavam chegando atrasadas para bater o ponto”. Cerca de 70 pessoas participaram de uma reunião com a Associação de Moradores da Itaipava e os vereadores Rubens Angioletti (PSB) e Robson Coelho (PSDB). Eles solicitaram que a empresa amplie os horários das linhas no período que compreende às 6h e 7h. Também querem que os busões atendam à comunidade na parte da tarde. Ontem, por exemplo, Celi Muller, que mora perto da igreja da Itaipava, chegou no terminal urbano da Ressacanda, na avenida Contorno Sul às 16h55, olhou o quadro de horários da Transpiedade e se revoltou. O próximo busão só sairia à às 19h15. “Tem que se largar a pé esse horário pra ir pra casa, não tem ônibus esse horário para eu ir embora pra casa”, reclamou. Os vereadores pediram à prefeitura que solucionasse o problema, mas até ontem à tardinha não obtiveram retorno, conta o vereador Rubens Angioletti. “Acredito que ainda vamos ter problemas. “Com a Coletivo [antiga empresa), com 58 ônibus, já tinha reclamação, e agora com 20 ônibus a menos eles esperam melhorar o atendimento?”, provoca o parlamentar. De acordo com Rubens, o argumento da prefeitura e da Transpiedade é a logística. Por isso, disse, sugeriu que fossem colocadas vans para atender a demanda. Moradores do loteamento São Pedro estão entre os mais prejudicados Clarice Dalprá Rippel, 48 anos, mora no loteamento São Pedro. Conta que ir para o trabalho ou escola se tornou um problema. Mas, voltar para casa também não está fácil. A filha precisa de carona para chegar no horário no colégio, enquanto ela caminha até a Rodovia para pegar um pinga-pinga e ainda paga 20 centavos a mais que o valor da passagem da Transpiedade. Para retornar, Clarice toma um ônibus às 14h30 na avenida Sete de Setembro, no Centro, e desce no terminal da Ressacada de onde percorre quase três quilômetros a pé para chegar a casa. Caso contrário, teria que esperar até às 16h30 pela linha que passa no São Pedro. “Para nós foi caótico. Antes tinha às 6h, 6h40, 7h15 tinha dois ônibus e depois ainda tinha mais no resto do dia. Levo 40 minutos caminhando, então prefiro ir andando”, relata. Carlos Alberto dos Santos, presidente da Associação de Moradores do Loteamento São Pedro, diz que os usuários até compreendem o processo de troca da empresa, mas que não podem mais esperar por uma solução. São aproximadamente 30 pessoas que dependem todas as manhãs do transporte público para chegarem ao trabalho. “Os ônibus passam somente na avenida Itaipava ou dois ônibus na Antônio Heil, mas dentro do bairro (São Pedro) nenhum. O ônibus deveria passar umas 6h45 no bairro para estar às 7h no terminal em frente à Câmara e para que as pessoas pudessem chegar a tempo em seus trabalhos”, afirma. Na manhã de ontem, pela primeira vez, uma linha passou pelo loteamento São Pedro, mas sem aviso os moradores foram pegos de surpresa quando já esperavam outro transporte às margens da Rodovia. Celso Goulart, assessor especial da prefeitura, confirmou ao DIARINHO que uma nova linha começa a funcionar hoje no bairro. Ela fará o trajeto Ressacada – São Pedro e São Pedro – Ressacada, com horários às 5h50, 6h30, 7h e 7h30. Para a moradora Vera o jeito é “ver para crer”, e caso a promessa não seja cumprida ela diz que ela mesma organizará um protesto com direito a panelas até a Câmara de Vereadores.