Das 21 armas entregues na city peixeira, 10 delas são revólveres de calibre 38 e seis de calibre 32. Foram entregues ainda quatro espingardas e uma pistola 380, além de dois balaços. Todas já foram inutilizadas e serão destruídas divez em breve. O perfil do povão que colabora com a campanha é, normalmente, de pessoas idosas, informa Ronei Pinheiro, agente da PF responsável pelo recebimento do armamento.
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É o caso de dona Kátia Garcia Miranda, 62 anos. Ela faz parte dos poucos itajaienses que já integraram uma campanha de desarmamento. Há dois anos, a família se livrou de um trezoitão e de uma espingarda de caça. Gostaria que a criminalidade diminuísse e que essas doações de armas se tornassem mais comuns em nossa cidade, pede dona Kátia.
Há também os que integram a campanha pra despachar um objeto que acaba sendo um incômodo. Muita gente traz também porque o dono da casa, que usava a arma, morreu. Em alguns casos, entregam porque a arma é muito velha, comenta ainda o agente Ronei.
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Pro federa, o resultado da campanha em Itajaí não é bom. Ele considera baixo o número de trabucos levados à PF desde o início da campanha. Há semana que não vem ninguém trazer arma alguma, diz.
Se a campanha dependesse do office boy Gerson Pires da Silva Jr., 17 anos, acabaria mesmo não tendo sucesso. Acho que não está rendendo. As pessoas bem-intencionadas devem permanecer com suas armas, opina.
Gerson sabe muito bem o que é ter uma arma apontada pra cabeça. Há dois meses, foi atacado por um bandido no centro da cidade. Pro rapaz, o assalto que sofreu é fruto de uma campanha de desarmamento sem eficiência.
A direção estadual da polícia Federal não soube informar o resultado da campanha até agora na Santa & Bela.
Tem grana pra quem devolver
As campanhas de desarmamento no Brasil começaram em 2004. Este ano, houve mudança na legislação. Agora, quem entregar um trabuco ganha indenização. Revólveres e pistolas de calibres até 38 rendem R$ 100 pro voluntário. Já armas de calibre restrito das forças de segurança, como pistolas de nove milímetros, metrancas ou fuzis, dão direito a um agrado que vai de 200 a 300 pilas. A pessoa que entrega a arma recebe um boleto com senha e já no dia seguinte pode sacar a grana, que vai tá disponível no banco do Brasil por 30 dias. A polícia também não quer saber de onde veio a arma. Basta entregar, pegar o boleto e tchau!
Mariana Braz, 24 anos, auxiliar de produção
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A campanha de desarmamento ajudou um pouco, mas muita gente entrega sua arma por dinheiro e, com o dinheiro, compra outra arma. Por isso, acho que não resolve tanto assim.
Jair Norberto Silveira, 47 anos, funcionário público municipal
Com certeza, a campanha não tem servido para muita coisa. Os homicídios e a violência não vão terminar enquanto a Justiça não cumprir punições adequadas. O bandido nem chega a ficar preso.
Paulo Roberto Silva, 50 anos, comerciário
Eu não vejo manifestos na cidade, nem interesse das pessoas em entregar suas armas. Acho que a campanha não faz muito sentido porque as armas estão mesmo nas mãos dos grandões.
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Ivonete Dalcoquio da Silva, 54 anos, dona de casa
Para mim, a campanha é boa. Acho que as pessoas de bem não precisam andar armadas. Se estão com arma, é porque já têm má intenção.
Thiago Borges, 24 anos, motorista
A campanha surtiu efeito. Acho que um pouco da criminalidade diminuiu. O problema é que os bandidos não entregam arma.
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