Pelas 15h, os presos começaram o berreiro. Aos gritos, ameaçavam armar uma rebelião, onde os carcereiros seriam mortos. Eles batiam nas celas e faziam a maior arruaça. Pra controlar a baderna, os agentes pediram apoio da polícia Militar. Milicos de Itapema e do Balneário Camboriú.
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Os fardados informaram que os presos teriam feito um carcereiro refém e foram usadas balas de borracha pra conter a fúria dos malencarados. Porém, o diretor da UPA, Marco Antônio Caldeira, garante que a baderna não foi bem assim. Ele conta que os presos apenas fizeram barulho em protesto ao corte de água.
O diretor explica que uma das duas caixas d´água deu problema no sábado. Como ontem arrumaram o estrago, foi necessário brecar o abastecimento por quase uma hora. Como um berrou, incentivou os outros a gritar, mas não houve nada além disso, garantiu.
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Até ontem à noite não houve represálias ao motim. Nenhum preso foi transferido. A administração do presídio pretende identificar quem bolou a bagunça e aplicar as punições, que variam entre ficar sem visita ou banho de sol.
Marco Antônio afirma que não foi necessário fazer um pente-fino depois da zoeira, pois os agentes vasculham as duas galerias todos os dias. Em oito meses nunca encontramos um celular ou algo illegal aqui, se gaba.
Terceiro motim
Este é o terceiro motim no sistema prisional da região em duas semanas. O primeiro auê de presos rolou em 19 de julho em Blumenau. Os enjaulados armaram um barraco depois de uma operação pente-fino que recolheu mais de 100 celulares das celas. No fim de semana, a turma que se hospeda no xilindró de Tijucas também bateu nas grades da cela e ameaçou uma rebelião, pois tiveram o banho de sol e visitas brecadas.
A punição rolou depois que Robson Ferreira do Nascimento, 27, tentou siscapulir. O cara foi transferido pra UPA de Itapema, mas o diretor duvida que ele tenha motivado o novo berreiro. Começou nas celas comuns, informa o administrador.
Marco Antônio também nega que uma organização criminosa esteja agindo nos presídios da região. Se há alguma organização paralela, não temos conhecimento, garante. Ele acredita que os motins, embora tenham rolado em dias próximos, não têm relação e ocorreram por motivos diferentes.
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Pai aflito
Enquanto a polícia amansava as feras, o xadrez de Itapema foi rodeado de curiosos. Moradores da região se amontoaram na porta da UPA pra bizolhar a confusão. Entre eles tava até o pai de um enjaulado. O aposentado J. J. C, 68, largou seus afazeres, pegou uma ziquinha e pedalou até o local pra ter notícias do filho. Pra cada um que saía do xilindró, perguntava se algum preso teria sido ferido. Sou pai, por mais que ele já seja grande, fico preocupado, desabafou.
O aposentado só saiu da frente da UPA depois de ter certeza que os presos não haviam se ferido. Ele conta que o filho, de 20 anos, foi detido por furto de ziquinha e aguarda a dona justa liberá-lo. Já era pra ele ter saído, agora acontece isso... Tomara que esteja bem, torce.
Deputado não tava
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O ex-deputado federal Nelson Goetten, que tá enjaulado na UPA desde maio, ficou longe da bagunça. O administrador da UPA, Marco Antônio Caldeira, explica que o político está enjaulado com outros 12 malencarados na cela do seguro local reservado pra presos ameaçados de morte ou estupradores, como é o caso do ex-deputado. A ala do seguro fica no lado oposto às galerias. Essa turma do seguro, segundo o administrador, não participou do berreiro coletivo. O deputado está em cana desde 30 de maio por acusações de estupro de dimenores.