Dois anos. Este foi o tempo que durou o projeto Acolher e encaminhar, do conselho tutelar de Camboriú. Esta semana, quando completaria o segundo aniversário, o projeto que tira menores das ruas durante a madrugada e oferece encaminhamento psicológico e social, foi encerrado. O trabalho, segundo o povo do conselho, foi por água abaixo por falta de apoio da prefeitura.
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Pelo menos três madrugadas por semana, os cinco integrantes do conselho tutelar pegavam a Kombi dada pela prefa e rodavam o município na madrugada atrás de dimenores. Cada menor encontrado era cadastrado ...
Pelo menos três madrugadas por semana, os cinco integrantes do conselho tutelar pegavam a Kombi dada pela prefa e rodavam o município na madrugada atrás de dimenores. Cada menor encontrado era cadastrado, recebia acompanhamento de psicólogo e assistente social e era entregue aos cuidados dos responsáveis.
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O chefão do conselho, Adriano Gervásio, explica que o gás do serviço terminou com a falta de incentivo da prefa. Há dois anos, quando foi bolado, a administração municipal ficou de dar suporte, inclusive, de efetivo, pra evitar o desgaste dos conselheiros. Pela falta de remuneração, os funcionários da prefa abandonaram o trabalho voluntário e deixaram todo o projeto nas costas dos conselheiros.
Adriano ainda conta que eles tinham que fazer os plantões da madrugada e cumprir expediente durante o dia. O trampo dobrado não era recompensado com folga ou dindim extra. Chegamos a carga horária de 88 horas por semana, sendo que temos que trabalhar 40 horas semanais, conta Adriano. Ele afirma que tentou uma negociação com a administração municipal, mão não conseguiu melhoria pro serviço. Como não tiveram uma luz no fim do túnel, encerraram o projeto e devolveram a Kombi pra prefa.
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Adriano afirma que o conselho continuará a oferecer o trabalho diário e de plantão, mas que os conselheiros irão se revezar em equipes pra atender à população. Vamos dar apoio em todos os casos que formos chamados, mas em regime de plantão, adianta.
Oferecendo migalhas
Na sessão da câmara de vereadores de terça-feira deve rolar a votação de um projeto de lei que prevê um agrado de 10% no salário base dos conselheiros que toparem encarar o projeto. Adriano afirma que a oferta é mirradinha e não vale a pena. O risco que corremos por estar na rua, de madrugada, sem policiamento, na entrega dos menores, é maior que esse estímulo, lascou.
O secretário de Assistência Social, Antônio Paulo da Silva Neto, o Piteco, afirma que não vai deixar o projeto morrer. Ele recebeu a informação oficial do fim do projeto ontem e pretende se reunir com a prefeita Luzia Coppi Mathias (PSDB) até segunda-feira. O projeto não vai parar, garantiu, sem dar detalhes. O barnabé não soube informar por que a prefa não auxiliou o pessoal do conselho nos últimos meses, mas pretende fazer uma reunião pra negociar uma volta nos serviços. A prefeita não foi encontrada pra comentar o assunto.
Projeto ajudou na luta por segurança
O projeto foi criado em agosto de 2009, junto com a primeira força-tarefa de Camboriú. Segundo dados do conselho, ele ajudou a tirar 400 dimenores das ruas. Quase todos, segundo os conselheiros, receberam atendimento de especialistas, voltaram pra escola e largaram as ruas.
O comandante dos milicos de Camboriú, capitão Alfredo Von Knoblanch, afirma que no primeiro ano, o projeto ajudou a diminuir pela metade o número de crimes praticados por dimenores. Ajuda a prevenir a criminalidade, afirma. O fardado relembra que a molecada na rua, tarde da noite, está em situação de risco, em contato com malencarados e usuários de drogas.
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O capitão relembra que a maioria dos criminosos teve uma infância envolvida com violência ou falta de base familiar. Com o projeto, o moleque é retirado da rua e ainda aprende como deve agir dali em diante pra trilhar o caminho do bem. Dá um efeito imediato e maior ainda a médio e longo prazo, opina.