Nada menos que 74,3 milhões de brasileiros compraram produtos piratas este ano, ajudando a detonar a indústria nacional e o comércio legalizado. É o que aponta pesquisa feita pela empresa Ipsos, de São Paulo, encomendada pela federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ). Na fuçada, que é feita todo santo ano, 52% dos consumidores admitiram que preferiram mercadorias made in Paraguay, sem nota fiscal e sem procedência.
Esta é a primeira vez que na pesquisa, feita desde 2006, mais da metade dos brazucas confessou ter apelado pros piratões. No ano passado, foram 48% dos pesquisados. Isso quer dizer que, em apenas ...
Esta é a primeira vez que na pesquisa, feita desde 2006, mais da metade dos brazucas confessou ter apelado pros piratões. No ano passado, foram 48% dos pesquisados. Isso quer dizer que, em apenas um ano, perto de seis milhões de consumidores que até então resistiam às tentações dos camelódromos, também aderiram às compras de mercadorias que entram pelaqui ilegalmente vindos da China, Taiwan ou mesmo Paraguai.
Ricos tão aderindo à sacanagem
E não pense que comprar em camelô é negócio de pobre. A coisa é até o contrário disso. A fuçada dos sabichões da Ipsos revela que 57% das classes econômicas A e B vão mesmo é nos piratões na hora das compras. Na classe C seriam 52%.
As razões pro povão comprar os piratões são óbvias e não poderiam faltar na pesquisa da Ipsos. O item preço mais em conta, foi de longe o mais apontado: 94%. Depois vem o é mais fácil de encontrar (12%), está disponível antes do original (6%) e o estava a procura de um produto descartável (3%). Pra alcançar status de alguém que comprou produto de marca também aparece na pesquisa, com 2%.
Mas o que mais causa estranheza é que o povão tem plena consciência de todo o mal que faz o comércio de produtos fajutos. Pela pesquisa, 60% das pessoas sabem que uma mercadoria pirata pode fazer mal e que alimenta o crime organizado. O povão também tem consciência de que os produtos piratas provocam o desemprego, afetam o comércio organizado e prejudicam os artistas ou a indústria nacional.
Como foi feita
A pesquisa O consumo de Produtos Piratas no Brasil da Fecomércio-RJ/Ipsos foi realizada com mil pessoas em 70 cidades do país, incluindo nove regiões metropolitanas.
Mercadorias falsificadas fazem mal pra saúde e pro bolso, diz chefão da Procon
Pro advogado Rafael Martins Seára, chefão da procuradoria de Defesa do Consumidor (Procon) da prefa de Itajaí, não há nada de inofensivo ao se comprar produtos piratas. No mínimo, a pessoa tá sendo cúmplice de um crime, descasca o dotô.
Os problemas com os piratões, ressalta Rafael, são vários. Começa pelo risco à saúde. Eles não possuem qualquer controle de qualidade, explica. Um exemplo citado pelo chefão da Procon são os brinquedos de camelô que não tenham o selo do Inmetro, o órgão federal que controla a qualidade dos produtos. Eles podem conter tinta tóxica, com metais pesados, que a criança pode colocar na boca e acabar se contaminando, lasca. Ou então, diz ainda o chefão da Procon, alguma peça pode soltar e a criança acabar engasgada.
O risco, diz Rafael, não é apenas pra pimpolhada. No caso de cosméticos ou perfumes, podem causar riscos como alergia ou intoxicação, já que não se tem certeza dos produtos que foram usados, alerta.
Além da saúde, o bolso também sofre. O produto corre o risco de ter uma vida útil menor, pois vai quebrar mais fácil, lembra o advogado. E aí vem outro problema. Produtos piratas não têm garantia de fábrica, faz questão de dizer o chefão da Procon, concluindo: Preço não é tudo na escolha de uma mercadoria. Às vezes, o barato acaba saindo mais caro.