Trabalhar 12 horas seguidas, descansar apenas duas e voltar pra outra jornada de 12 horinhas; levar bronca sem parar de ralar; receber rango com atraso; e até colocar menores pra trampar. Estas situações, que podem ser classificadas pelas leis brasileiras como trabalho degradante ou escravo, estariam rolando na maior festa da city peixeira: a Marejada. A denúncia vem do sindicato dos Vigilantes e Empregados de Segurança (Sinvac-Itajaí), que dedurou ao ministério do Trabalho (MT) a empresa Job Recursos Humanos, de Porto Alegre/RS, vencedora da licitação pra cuidar da limpeza da festoca portuguesa e do pescado. A firma, que estaria tratando os funcionários igual bicho, também teria descumprido várias exigências da licitação. O MT entrou com uma ação na dona justa, que determinou o bloqueio de uma grana da Job pra garantir o pagamento da peãozada. A prefa afirma que multou a empresa e não vai pagar o dindim da licitação até que tudo seja resolvido.
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O presidente do Sinvac, Adilson Luiz Grando, conta que visitou a festa, no dia 9 de outubro, e observou várias irregularidades. Ele informou ainda que o sindicato procurou a secretaria Municipal ...
O presidente do Sinvac, Adilson Luiz Grando, conta que visitou a festa, no dia 9 de outubro, e observou várias irregularidades. Ele informou ainda que o sindicato procurou a secretaria Municipal de Turismo, que não deu bola pras broncas. No início da Marejada, visitei a festa e vi que vários pontos do contrato não tinham sido cumpridos. Ligamos para a secretaria de Turismo e a resposta deles foi que a empresa Job tinha vencido a licitação, revela Adilson, que decidiu procurar o MT após o nem te ligo da prefa.
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Adilson conta que os vários perrengues não podem ser ignorados. Além das condições desumanas de trampo, os peões não têm garantia alguma de que irão receber o pagamento, pois não possuem contrato. Pra piorar, ainda há cinco menores trabalhando. Quando informamos isso na delegacia Regional do Trabalho de Itajaí, eles registraram o depoimento de três trabalhadores, entraram com uma ação na Justiça e bloquearam R$ 55 mil para garantir o pagamento de todos os funcionários da empresa que trabalham na limpeza da festa, conclui.
O contrato de licitação firmado entre a prefa e a Job, no valor de R$ 129 mil, determina que a secretaria de Turismo tenha um fiscal pra monitorar os serviços prestados. Mesmo com essa suposta bizolhada, a empresa descumpriu várias exigências contratuais, como a ausência de relógio-ponto e um número de funcionários menor que o determinado na papelada deveriam ter 45 peões à noite e 20 durante o dia -, mas os trabalhadores dizem que há 14 de noite e oito de dia. Nós advertimos a empresa e a multamos. E agora esperamos a defesa deles. A única coisa que podemos fazer é garantir que a empresa não receberá o pagamento se não corrigir as irregularidades, tentou sisplicar a secretária de Turismo, Rogéria Santos de Gregório, que ontem informou não ter conhecimento das denúncias do Sinvac.
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O DIARINHO procurou alguém responsável pela Job, mas ninguém foi encontrado pra falar das denúncias.