Ontem Tatiana foi anunciada como a nova presidenta da empresa e vai atuar ao lado da diretora executiva Adriana Amorim, braço direito de Rogério. A sucessão era um pedido do próprio Rogério, feito ainda em 2007, quando a empresa se tornou uma holding - tipo de sociedade criada pra administrar todas as firmas do grupo.
Visivelmente triste, a herdeira de Rogério diz que nunca desconfiou que o pai se mataria, mas confessou que ele estava triste na última semana. Mas passou por vários momentos tristes na vida, meu pai sempre foi uma fortaleza, afirma, surpresa. Ela não confirmou se ele era acompanhado por algum médico específico, apenas se limitou a dizer que Rogério cuidava muito da própria saúde e era normal encontrar exames médicos no seu escritório.
Ela conta que, volta e meia, ele tomava medicamentos para dormir. Mas isso é até comum, tendo em vista a pressão que ele tinha, referindo-se ao império montado e mantido pelo empresário.
Tatiana diz que não estranhou o fato de a acompanhante do pai, Ana Cristina Araújo, 20, não ter chamado os bombeiros, ao ver o empresário agonizando em cima do tapete do closet. Ela desceu e chamou o monitor do prédio. Na hora do desespero é difícil a gente julgar a atitude de uma pessoa. A primeira coisa que ela fez foi descer e pedir ajuda, diz a diretora da firma, Adriana Amorim. Tatiana diz que ninguém da família sabia da existência da arma. Nem combinava com ele, aponta.
Sabendo do baita desafio que tem pela frente, Tatiana promete que não vai deixar de realizar nenhum sonho do pai e garante que vai assumir todas as funções, inclusive a administração de 15 dos 30 prédios erguidos pela empresa. Entre os projetos que ficaram em andamento está a construção da Embraed Tower, a reforma do resort Infinity Blue, a construção do centro de produção, com 13 mil metros quadrados, que vai abrigar o depósito da empresa e uma marcenaria que poderá, inclusive, atender a concorrência.
A herdeira diz, ainda, que pretende manter e até ampliar as obras e os projetos sociais que o pai mantinha. Ele sempre ajudava, mas era discreto, não gostava de confetes. Pretendo seguir com isso, talvez até mais atuante, promete. Na primeira vez que falou com os jornalistas, a filha de Rogério Rosa diz que não faz ideia do que fez o seu pai cometer suicídio. Ainda estou tentando entender. Não desconfio de nada, estou tentando processar isso ainda, diz, com tristeza no olhar.
Diretora garante que firma está às pampas
Na entrevista coletiva, a executiva Adriana Amorim, conhecida por ser o braço direito de Rogério Rosa, fez questão de frisar, em vários momentos, que a empresa está super bem das pernas. Estamos no nosso melhor ano, afirmou, quando o DIARINHO perguntou se o boato de dívidas era verídico e seria a causa do suicídio do patrão.
Sem revelar nenhum valor ou detalhe em números, Adriana diz que é natural que o mercado sinta o impacto, mas garante que nada mudou dentro da empresa. A empresa não se abalou nem vai se abalar. A alma do Rogério era essa empresa, por isso a decisão de mantê-la aberta na segunda-feira [18], explica.
Sem dar nome aos bois, Adriana garante que, na prática, não houve alteração no grupo gestor que atuava ao lado do empresário na tomada de decisões. Segundo a executiva, a empresa estava preparada para o trampo caso Rogério quisesse se afastar da diretoria. Ela destaca que, nos últimos anos, a firma entregou 13 novos prédios e outras 14 obras estão em andamento, que totalizam 320 mil metros quadrados. Segundo a bagrona, a empresa tem cerca de mil funcionários e terrenos que somam mais de 1,2 milhão de metros quadrados para novas construções.
Tragédia aconteceu na véspera do níver
O dono da Embraed, Rogério Rosa, morreu com um tiro no peito um dia antes de completar 60 anos. A única pessoa que estava com ele na cobertura onde morava era a funcionária da empresa, Ana Cristina Araújo, 20 anos, que se identificou à polícia como namorada do patrão. Assim como a família, a polícia acredita tratar-se de suicídio.
No depoimento, a jovem disse ao delegado que investiga o caso, Osnei Valdir de Oliveira, da DIC, que estava dormindo quando ouviu o tiro e foi até o closet, onde encontrou Rogério agonizando. A moça chamou o porteiro do edifício, que recorreu ao superior. Só depois disso é que os bombeiros foram chamados.
De acordo com Osnei, o depoimento da jovem é condizente com as imagens das câmeras de segurança do circuito interno do prédio. Em entrevista ao DIARINHO, a diretora do instituto Geral de Perícias da Maravilha do Atlântico, Lúcia Beduschi, confirmou que o tiro que matou o empresário foi à queima-roupa, mas os laudos que vão confirmar na mão de quem estavam os resquícios de pólvora só serão revelados no final do inquérito, daqui a cerca de 20 dias.
A missa de 7º dia da morte do empresário será celebrada no sábado, dia 23, às 19h, na igreja Matriz Santa Inês, centro de Balneário Camboriú.