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Uma praia que é praticamente uma piscina, de tão calma. Destino famoso no norte de Santa Catarina, a praia de Laranjeiras, em Balneário Camboriú, é muito apreciada por causa das águas tranquilas. Mas, antes de desfrutar do melhor que a natureza oferece, os visitantes precisam superar alguns obstáculos que ameaçam estragar o dia de lazer: estacionamento caótico e dificuldade pra encontrar espaço na faixa de areia.
O único acesso por terra é pela rodovia Interpraias, mas também dá pra chegar lá de teleférico ou de barco de passeio. Pra quem vai de carro, não há vagas delimitadas para estacionar os carangos e os motoristas apertam os veículos nos raros espaços livres da estrada, já que áreas inteiras viraram garagens particulares. Por isso, é bom levar na carteira, pelo menos, R$ 15 pro estacionamento. Essa é a diária mais barata, mas em outros lugares pode chegar até a 30 pilas.
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Em compensação, alguns estacionamentos oferecem churrasqueira. Por esse motivo, seis casais de Brusque optaram por deixar os carangos nas vagas privativas. Josiane Russi, 32, conta que o grupo chegou às 7h de sábado em Laranjeiras. A essa hora a praia ainda estava vazia e eles puderam escolher, de boa, um lugar na faixa de areia. A mãe do pequeno Bruno, de três aninhos, já sabia que, se não corresse contra o relógio, os planos de um fim de semana na praia seriam destruídos como um castelinho de areia levado pelas ondas.
Com o avançar dos ponteiros, os espaços livres começam a rarear e as pessoas se acotovelam na prainha de 750 metros de extensão. O desejo por privacidade também cai por terra. As conversas invadem guarda-sóis alheios e no fim do dia todo mundo parece se conhecer. Então, aos que não se incomodam com o aglomero, Laranjeiras é um paraíso.
Mar sossegado
Quem não gosta de ondas quebrando nas costas ou dos mergulhos apressados pra fugir de um empacotamento de água salgada, a praia de Laranjeiras oferece mar calmo, com inofensivas marolas. Considerada uma pequena bacia, nesse balneário da Maravilha do Atlântico não há correntes de retorno ou repuxo. No entanto, as bandeiras vermelhas no meio da praia sinalizam a presença de pedras no fundo do mar. Algumas são tão grandes que aparecem na superfície da água. Mesmo vigiados pelos dois guarda-vidas que vigiam a praia, muitos banhistas arriscam mergulhos acrobáticos sob o risco de rachar a cachola.
É justamente pela tranquilidade do mar que Josiane e os amigos escolheram Laranjeiras como destino turístico. Enquanto ela e o marido Daniel Imhof, 30, brincavam com o filho Bruno na beirinha da água, a turista diz que não se importa com povão que lota a praia, desde que o pequeno possa brincar com segurança. O mar é calmo e a praia é muito boa pra passar um dia em família. A gente chegou às 7h e só vai embora no fim da tarde, comenta.
O casal Carlos Rodrigues, 58, e Silvana Rodrigues, 45, deixou o bairro Espinheiros e as praias de Itajaí de lado pra curtir o sabadão em Laranjeiras. Junto com os amigos de Balneário Camboriú, Vilson Lehmkuhl, 50, e Márcia Lehmkuhl, 51, eles tavam no meio do formigueiro pegando um solzinho e beliscando um camarão soltinho. Aqui é só sossego. Água boa e comida boa, a gente não quer mais nada, brinca Vilson.
Além da mansidão do local, os banhistas podem aproveitar o mar de Laranjeiras sem medo de pegar uma pereba. No relatório de balneabilidade mais recente publicado pela fundação do Meio Ambiente (Fatma), a praia tá própria para banho.
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Como dentro dágua é só curtição e há várias temporadas não se registram afogamentos em Laranjeiras, as ocorrências atendidas pelos guarda-vidas rolam na faixa de areia. São casos clínicos de queda de pressão, mal-estar e crianças perdidas. Os próprios banhistas ajudam na missão de localizar os pais dos pequenos. No mesmo compasso, todos batem palmas até que a criança volte pros braços dos responsáveis.
Brinquedos levam povão pra voar pelo mar
Como a praia tá sempre lotada e a faixa de areia é estreita, principalmente em dias de maré alta, não rola nem mesmo jogar um frescobol. Certamente algum banhista será acertado pela bolinha ou com uma raquetada. Então, o jeito é encarar as atrações aquáticas puxadas por uma lancha.
A atração mais tradicional é a banana-boat. É também a mais light, de acordo com o dono do equipamento, Vilmar Schackow, 47. Isso porque a boia se mantém o tempo todo na água e não gira como outros brinquedos. O passeio dura cerca de 10 minutos e pode levar, no máximo, 20 pessoas. A idade mínima pra andar de banana é cinco anos e o passeio custa R$ 20.
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Num nível intermediário de aventura fica o disco. Podem subir na boia gigante até 15 pessoas e o custo é de R$ 25 por cabeça. Como o brinquedo fica girando no mar, quem enjoa fácil não deve embarcar na aventura. É permitido o acesso de crianças a partir de 10 anos. Já o big flyer é só para os corajosos. Para no máximo cinco pessoas e no mínimo três, o brinquedo voa na água. Vilmar conta que o big flyer só encosta na água pra pegar impulso e jogar o povão pro alto. Quem não se segurar firme pode levar um caldo. Em todos os brinquedos é obrigatório o uso de colete salva-vidas.
Já quem quiser algo menos radical pode alugar um caiaque por R$ 40 e remar no mar durante uma hora.
Comércio para todos os bolsos e gostos
Geralmente quem procura o serviço de aluguel de cadeiras de praia ou guarda-sol são os visitantes do Barco Pirata ou do parque Unipraias. Os dois atrativos turísticos fazem parada em Laranjeiras e não permitem que os usuários carreguem equipamentos de praia. Mas é preciso ficar atento. Os preços variam bastante. Tem locador que fecha negócio por 20 pilas e empresta duas cadeiras e um guarda-sol pro dia todo.
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Outros alugam os equipamentos individualmente. Dependendo do formato e tamanho da cadeira, o valor fica entre R$ 5 e R$ 8 a unidade. Já os guarda-sóis podem custar de 10 a 40 reales.
Em frente aos restaurantes há mesinhas plásticas com cadeiras e guarda-sóis. Não é cobrado nada pelo arrego, mas quem senta por lá sempre acaba consumindo alguma coisinha.
A turistada ainda pode aproveitar pra fazer umas comprinhas durante o dia. Lojinhas com roupas, chapéus, boias e outras quinquilharias tão à venda em Laranjeiras. Na beira-mar, ambulantes também vendem roupas e bijuterias artesanais.
De acordo com o vendedor de saídas de praia Robson Pacheco, 33, as vendas estão fracas nesse início de temporada. O preço das peças varia de R$ 40 a R$ 90. O bom pra gente é turista de fora. O pessoal local não compra nada e agora a gente tá vendo poucos gringos. Daí fica difícil pra gente, aponta.
O também ambulante William Paredes, 44, deixou o Peru há 20 anos e agora fabrica brincos, colares e pulseiras pra vender na praia. Ele confessa que muita coisa já compra pronta pra economizar tempo e baratear o custo final da mercadoria. Tem brinco de cinco a 20 reales. O povo ainda acha caro, acredita?, comenta.
Mas pra quem quiser levar uma lembrancinha com cara de praia, a melhor opção são os enfeites de conchas. Os trabalhos são realizados pelas artesãs do grupo Artes em Conchas, do bairro da Barra. Tem presentinho de R$ 5, R$ 10 e até 50 pilas.
Por 10 pilas os banhistas também podem fazer tererê no cabelo, aquelas trancinhas com fios coloridos, ou dreads, aquela maçaroca com cara de cabelo piolhento, por R$ 15. Há também tatuadores percorrendo a praia. Eles fazem a arte em hena e cobram de 10 a 50 reales, dependendo do tamanho e da complexidade do desenho. A tattoo de mentirinha dura até 15 dias.
Comida cara espanta muito dos turistas
Um grupo de 15 pessoas, sendo quatro crianças, enfrentou 14 horas de viagem para passar duas semanas na praia. Esse é segundo ano de aventura da trupe e a praia de Laranjeiras é parada obrigatória. Benedito Paulo Rodrigues, 46, conta que a distância de 800 quilômetros entre São Carlos, no interior de São Paulo, e Balneário Camboriú pode ser vencida em 10 horas de viagem, mas o trânsito de fim de ano estendeu o passeio por mais quatro horas, sendo três só de congestionamento entre Penha e a Maravilha do Atlântico.
Depois de tanto sacrifício, o visitante entende que Laranjeiras recompensa o desgaste da estrada. Com uma barraquinha montada às 8h da manhã, eles passam o dia inteiro na praia. As crianças podem brincar sem medo na água enquanto a família enche a pança com os quitutes trazidos de casa ou com um belisco dos restaurantes à beira-mar. Mas é justamente nesse ponto que o grupo de Benedito torce o nariz. Ele sabe que o programa dói no bolso. O povo não fica mais dias porque sai muito caro. Em vez de passar o mês na praia, passa só 10 dias porque o custo da alimentação pesa no bolso, analisa.
Ao todo, são sete restaurantes espalhados na beira-mar, além dos quiosques na areia. Ambulantes também vendem quitutes em meio ao povão. Milho, churros e cocada custam todos R$ 4 a unidade. Quem quiser uma opção mais light tem que desembolsar mais. Um sanduíche natural ou uma salada de frutas sai por R$ 8, enquanto a água de coco fica por R$ 6. Pra bebericar uma caipirinha, os valores variam de 12 a 19 reales. Enquanto a água fica por R$ 3, a latinha de refri ou de cerveja custa R$ 5.
Já pra apreciar uma refeição completa pra três pessoas, acompanhada de arroz, salada, fritas e pirão, o custo médio sai R$ 35 por cabeça. Uma anchova grelhada tá na faixa de R$ 62,90, um prato de linguado custa R$ 102,90, sequência de camarão pode ser encontrada por R$ 129,90 e sequência de frutos do mar por R$ 126,90. Entre os beliscos que o garçom pode levar até na areia, os mais pedidos são o camarão soltinho (R$ 52,90) e camarão à pane, empanado com queijo parmesão (R$ 66,90).
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