Ideal Mente
Por Vanessa Tonnet - Vanessatonnet.psi@gmail.com
CRP SC 19625 | Contato: (47) 99190.6989 | Instagram: @vanessatonnet
Infância e saúde mental: o que precisamos enxergar antes que vire sofrimento silencioso
A discussão sobre saúde mental infantil ganhou força nesta semana após o caso do jovem que, desde a infância, apresentava sinais de sofrimento psíquico que não foram compreendidos a tempo. Episódios como esse, embora extremamente dolorosos, levantam uma reflexão urgente: como identificar, acolher e intervir precocemente nos sinais de sofrimento emocional das crianças? Muitos transtornos que aparecem na adolescência e na vida adulta começam muito antes, frequentemente entre os sete e 14 anos, mas por falta de informação esses sinais costumam ser confundidos com “birra”, “rebeldia” ou “fase”. Mudanças bruscas de comportamento, regressões, agressividade repentina, retraimento extremo, problemas de sono, queda no rendimento escolar, medos intensos e falas sobre não querer existir não são frescura, são pedidos de socorro. E precisam ser vistos assim.
Também é fundamental romper com a ideia de que criança “não tem problemas”. Elas sentem profundamente, vivem lutos, inseguranças, conflitos familiares e mudanças bruscas. Porém, ao contrário dos adultos, não têm maturidade emocional para expressar o que vivem. Sem espaço seguro para falar, pequenos sofrimentos se transformam em dores silenciosas que crescem com o tempo. Por isso, a família tem papel decisivo: criar um ambiente onde sentimentos são bem-vindos, evitar frases que invalidam emoções, manter rotina e previsibilidade, observar mudanças persistentes e procurar ajuda especializada sem tabu ou vergonha. Cuidar da saúde mental não pode ser o último recurso; precisa ser parte do desenvolvimento saudável.
A escola também é peça-chave. Professores costumam ser os primeiros a notar alterações no comportamento das crianças, e as instituições precisam estar preparadas com práticas de educação emocional, acompanhamento e encaminhamento adequado quando algo foge do padrão. Mas existe um desafio maior: o acesso. Muitas famílias percebem o sofrimento, mas não encontram atendimento especializado, especialmente no sistema público. Investir em psicologia escolar, CAPS infantil e políticas de prevenção não é luxo, é urgência. A saúde mental coletiva começa na infância, mas precisa ser sustentada ao longo de todas as fases da vida.
Já tem cadastro? Clique aqui
Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais
Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!
