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Edison d´Ávila é itajaiense, Mestre em História e Museólogo, mestre em Cultura Popular e Memória de Santa Catarina. Membro emérito do Instituto Histórico e Geográfico de SC, da Academia Itajaiense de Letras e da Associação de Amigos do Museu Histórico e Arquivo Público de Itajaí. É autor de livros sobre história regional de Santa Catarina

Agosto: mês do cachorro louco


Agosto: mês do cachorro louco
(foto: imagem gerada por ia)

O mês de agosto está por findar. Anos atrás, era comum a circulação de crenças populares a respeito deste mês. Frutos da sabedoria ou da inventividade do povo, elas falavam principalmente de negatividades que o mês trazia.

Assim, a exemplificar, noivos não deveriam se casar em agosto, porque teriam desgostos no casamento. Quem sabe, aqui, a crença popular surgiu da associação do nome agosto com desgosto?

Outro dizer, em que muito acreditava o povo de antigamente, afirmava que agosto era o mês do cachorro louco. Dizem especialistas que neste mês as cadelas entram em massa no cio, o que atiça os machos, tornando-os mais agressivos e as brigas de cachorros nas ruas se tornavam comuns. Isso favorecia a transmissão da raiva, se algum deles estivesse infectado. Pode ser que daí a sabedoria popular tenha gerado essa crença.

Em verdade, naqueles tempos, a notícia de que na rua havia um cachorro louco – isto é, infectado pela raiva – alvoroçava a vizinhança. Crianças eram retidas em casa e os adultos circulavam com o maior cuidado, até que o animal fosse enfim sacrificado.

Antigamente, os cães eram os guardiões das propriedades de seus donos; hoje se diz tutores. Sua área de convivência eram os amplos quintais das casas, as crianças brincavam com eles, gatos e ratos eram espantados. Dentro das casas, não se costumava tê-los. O quintal era o espaço deles, a correrem da frente aos fundos e dos fundos à frente; dormindo sobre o tapete de entrada da casa ou a roer ossos sobre o gramado do jardim.

Agora, desde que a classe média “chegou ao paraíso” – consumista –, mudaram-se usos e costumes, e os cães foram confinados com seus tutores nos exíguos espaços dos apartamentos de hoje. Tornaram-se “pets” sem quintais para correr, nem gramados para roer ossos! O muito que lhes concedem são ocasionais passeios pelas calçadas das vias públicas, que se tornaram latrinas deles. Então, cabe a pergunta: não se pode confinar pássaros em gaiolas, mas se pode aprisionar cães em apartamentos? Como compensação, tutores de hoje vêm demandando por “direitos” dos cães: afiliação por seus tutores, registro civil, dentre outras inovações. “Ó tempora, ó mores!”, diriam os latinos.

Pode-se crer, mesmo assim, que para cães e tutores bom mesmo era o tempo em que os “melhores amigos do homem e mulher” podiam correr livres pelos quintais.

E quando alguém no portão, querendo entrar, perguntava se o cachorro mordia, seu tutor respondia brincando:

- Este mês cachorro não morde! Porque ele mordia as pernas do estranho, não o mês.


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