Passados 60 anos da separação da “cidade filha” Balneário Camboriú da “cidade mãe” Camboriú, via emancipação, quis o destino histórico, mas o também planejado desejo de reinvenção política, que os dois municípios possam ser novamente reconectados por meio de uma também histórica e inédita eleição que alçou pai e filha ao comando respectivo da gestão administrativa destas comunidades, a partir de 2025. A segunda etapa deste processo começa agora e será mostrar que a queda do muro entre as duas cidades deverá ir para além do simbolismo de uma vitória eleitoral conjunta e se constituir, de fato, em novos rumos de desenvolvimento e de aumento da qualidade de vida para seus moradores.
A história mostra nestas últimas décadas que Camboriú veio perdendo seu potencial produtivo e estrutural nas suas vocações econômicas originárias, o setor agrícola e também na exploração das jazidas de granito e pedra calcárea, ficando para trás a fase da Capital do Café Sombreado e Capital do Mármore. Na contrapartida, nestes últimos anos, houve a valorização imobiliária e o surgimento do turismo rural e religioso, retomando certo crescimento populacional e econômico, mas sem a devida infraestrutura adequada provocando o aumento dos problemas sociais, sem falar na piora do saneamento básico. É um potencial que precisa ser reorganizado a partir de um planejamento sério, organizado e profissional, incluindo a valorização das atuais empresas e atração de novas, sobretudo, industriais.
De outra parte, Balneário Camboriu não conheceu a estagnação; ao contrário, nas últimas décadas experimentou acelerado desenvolvimento com a valorização da indústria da construção civil, do desenvolvimento e da modernização do turismo, mas sem esquecer a conciliação com o investimento no social, característica essa que teve a contribuição de nossas três gestões administrativas, incluindo aí o pioneirismo da política de parcerias público-privadas no âmbito municipal. Esse equilíbrio entre a modernidade e o social, o governar para as pessoas, no entanto, acabou sendo interrompido nestes últimos anos e a maior prova disso foi o recado dado nas urnas pela maioria da população, desejando que o processo seja retomado. Assim como o eleitor de Camboriú deu seu aval para as propostas de mudanças e de um novo tempo na gestão pública.
Essa reconexão pública, política e de parceria de gestão administrativa entre as duas cidades certamente será o grande desafio prático daqui para a frente, mas estamos preparados, animados e ansiosos para seu efetivo início com base no profissionalismo e unindo forças em torno das vocações históricas e das principais demandas das duas comunidades. Saúde, educação, turismo sustentável, mobilidade urbana, serviço social e estímulo à novas matrizes industriais e econômicas estarão entre as prioridades, sem esquecer as questões urgentes como obras para garantia do abastecimento de água potável e a melhoria nos índices de saneamento básico, sobretudo a adequada coleta e tratamento de esgotos, entre outras. Para obter resultados diferentes, precisamos fazer coisas diferentes. Coragem e vontade de trabalhar neste sentido não nos faltarão.