Coluna Fato&Comentário
Por Edison d'Ávila -
Dide Brandão: centenário do artista de Itajaí
Dentre os artistas plásticos de Itajaí, um dos nomes de maior prestígio no meio artístico é sem dúvidas o de José Bonifácio Brandão, conhecido entre os itajaienses como Dide, o modo de ser chamado em família.
Dide era filho de Joca Brandão e Alcina Silveira Brandão, nascido a 6 de agosto de 1924, portanto há 100 anos, em Itajaí. A família Brandão se notabilizou pelo envolvimento de seus membros com as artes. O avô, Manoel Marques Brandão era desenhista e entalhador, o pai, João Marques Brandão – Joca Brandão – e os tios atuaram nas áreas do teatro, da música e das artes plásticas.
O menino Dide desde cedo demonstrava pendores para o desenho e a pintura. Já moço em Itajaí, passou a fazer parte da equipe do pintor alemão Frederico Latta, na pintura decorativa de interiores de várias residências. Foi quando mais aperfeiçoou sua técnica de pintura.
No começo dos anos de 1950, Dide e o irmão Arnaldo Brandão mudaram-se para o Rio de Janeiro, então Capital do Brasil. Lá ele começou a cursar a Escola Nacional de Belas Artes, prestigioso e mais antigo centro de formação artística do país, que teve início com a famosa Missão Artística Francesa, trazida por Dom João VI em 1816.
No ano de 1952, Dide veio a participar pela primeira vez de uma exposição, o IV Salão Municipal de Belas Artes do Rio de Janeiro. Nessa exposição, inclusive, receberia o prêmio de Menção Honrosa pela pintura exposta. A primeira exposição em Santa Catarina aconteceu em 1954 no Salão do Hotel Lux, em Florianópolis.
Os itajaienses puderam apreciar a arte de Dide Brandão, desde 1955, quando realizou na cidade, na Sociedade Guarani, a primeira mostra. A essa primeira exposição, seguiram-se tantas outras, nos anos de 1956, 1958, 1960, 1973, 1975. Ele vinha anualmente a Itajaí e sempre que dispunha de novos trabalhos artísticos fazia questão de trazê-lo para mostrar à gente da sua terra natal. Todas as exposições eram feitas em espaços escolhidos nas sedes de clubes da cidade, já que não se dispunha à época de galeria de arte. A mostra de 1973 integrou a programação do 1º Festival de Inverno de Itajaí e a sua última exposição na cidade, no ano de 1975, aconteceu no salão nobre do atual Palácio Marcos Konder.
Dide foi pintor, desenhista, gravurista e entalhador. A importância de sua produção artística o fez merecer um verbete no Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos. Quando transferiu residência para Brasília, capital recém inaugurada, abriu a Galeria de Artes Banga, muito bem referenciada no meio artístico da Capital Federal; sendo sócio fundador da Associação de Artista Plásticos de Brasília.
Dide Brandão, o irmão escritor Arnaldo Brandão e uma irmã faleceram tragicamente num acidente automobilístico, na BR-101, no dia 2 de fevereiro de 1976, quando vinham a Itajaí para assistir a festa de Nossa Senhora dos Navegantes, de que eram devotos.
O prefeito João Omar Macagnan, em 1990, como homenagem, denominou a Casa da Cultura de Itajaí, como Casa da Cultura Dide Brandão. O Museu Histórico de Itajaí tem uma boa coleção de suas obras e deve expor uma delas, neste mês de agosto, como “Peça do Mês”, em sua homenagem. Já da Casa da Cultura Dide Brandão, nada se sabe...