Lutzenberg também era agrônomo, escritor, filósofo e paisagista. Ele participou ativamente na luta pela preservação ambiental e recebeu em 1988 o prêmio Livelihood Fondation, o prêmio Nobel do ambientalismo.
Em Itajaí, o final da década de 1970 e começo da de 1980 ficou marcado pela efetivação de vários programas habitacionais, que disponibilizaram mais de 1.000 habitações populares. Cabe destaque para o Núcleo Habitacional Vereador Nilson Lourenço dos Santos, o popular Bambuzal, em São Vicente; o Núcleo Habitacional Abdon Fóes, em Cordeiros, o Núcleo Habitacional Promorar I, no Cidade Nova, e o Núcleo Habitacional Jaí-Açu, em São Vicente.
O Núcleo Habitacional Jaí-açu, composto pelas casas das ruas Saul Schead dos Santos e Paulo Kleis Júnior, foi construído pelo Bescri/BESC S/A Crédito Imobiliário no começo dos anos 1980.
Pois foi para a inauguração em 1981 do Núcleo Habitacional Jaí-açu que o ambientalista José Lutzenberg fora o convidado especial. Tudo porque no núcleo se implementara pioneiramente na cidade o tratamento do esgoto sanitário com plantas aquáticas que podiam auxiliar na purificação das águas servidas do esgoto doméstico. Essa proposta tinha o patrocínio do ambientalista gaúcho, grande divulgador desse processo de tratamento de efluentes domésticos. Para tanto, fora construída uma lagoa de decantação e introduzidas variadas plantas aquáticas, num espaço adequado e ajardinado do núcleo habitacional.
A inauguração e entrega das casas, juntamente com a sustentável estação de tratamento de esgotos, ficou marcada para o primeiro semestre de 1981, para a qual se convidou Lutzenberg. A Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Itajaí ficara encarregada da condução do cerimonial da solenidade.
Aconteceu que o chefe da Assessoria e seu auxiliar entenderam de criar para o evento uma surpresa de que ninguém obviamente ficara sabendo. Após a visita a algumas casas e à estação de tratamento, o ambientalista e autoridades subiram ao palanque para os costumeiros discursos. Tendo falado o representante dos futuros moradores, do Bescri e o ambientalista convidado, chegara a vez do último discurso, o do prefeito municipal. Então, a dupla sem noção da Assessoria de Imprensa fez subir a surpresa, uma guirlanda com balões cheios de gás hélio, fitas coloridas e uma faixa de agradecimento, que se pretendia subisse altaneiramente ao céu. Todavia, não previu a direção do vento e a guirlanda com arco de metal inesperadamente foi levada na direção da rede elétrica da rua em frente ao palanque.
O choque contra os fios ocasionou faíscas elétricas e estouros assustadores que dispersaram espavorido o público. Mesmo no palanque não se viu mais ninguém; todos haviam buscado abrigo nas casas e atrás de muros, inclusive o ilustre ambientalista, que, com certeza, levou o maior susto de sua vida.