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Coluna Fato&Comentário

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Edison d´Ávila é itajaiense, Mestre em História e Museólogo, mestre em Cultura Popular e Memória de Santa Catarina. Membro emérito do Instituto Histórico e Geográfico de SC, da Academia Itajaiense de Letras e da Associação de Amigos do Museu Histórico e Arquivo Público de Itajaí. É autor de livros sobre história regional de Santa Catarina

“Montecchios”e “Capuletos” também em Itajaí


“Montecchios”e “Capuletos” também em Itajaí

Itajaí, com toda certeza,  não tem o charme romântico da Verona do século XVI, em que se passou o trágico romance de Romeu e Julieta, proibidos de vivê-lo por causa da inimizade política de suas famílias Montecchio e Capuleto.

Mesmo, e felizmente, sem a tragédia final do romance dos amantes de Verona, em Itajaí também a inimizade política de famílias itajaienses chegou toldar namoros e casamentos entre enamorados, cujos pais  eram irreconciliáveis adversários políticos, e gerar muitos comentários.

Veja-se que os dois primeiros casos a seguir narrados foram a  épocas em que chefes e correligionários de cada facção partidária, fiéis à corrente política a que pertenciam, mal se cumprimentavam, só frequentavam locais e liam o jornal  da sua corrente política. Não era admissível, portanto,  qualquer possibilidade de quebra dessa regra de ouro. Muito menos, admitia-se que houvesse  namoros ou promessa de casamento entre adversários políticos.

O primeiro deles se deu entre as famílias Liberato e Flôres. Os Liberato, desde que se estabeleceram em Itajaí, vindos de São Francisco do Sul,  passaram a chefiar o  partido Liberal. Era o tempo da monarquia. Já o coronel José Henriques Flôres, tendo antes sido liberal, depois se fez empedernido  chefe do partido Conservador no município. Pois um romance surgiu entre Joaquim Pereira Liberato, o penúltimo dos irmãos, e Maria Clara, filha do coronel Flôres. Isso, na década de 1860.  O namoro causou grande alvoroço nas respectivas famílias e na pequena Vila de Itajaí. Um Liberato casar com uma Flôres! Ninguém acreditava. Todavia, por fim,  o pai da noiva, de temperamento mercurial, para surpresa de todos,  acabou por concordar com o casamento da filha e Joaquim, do clã Liberato, inimigo político. Houve casamento, mas sem trégua política.

O caso seguinte foi o namoro de Cesar, filho de Antônio Ramos, um dos líderes da UDN, e Lucy, filha de Arno Bauer, chefe local do PSD, no final dos anos de 1940. Udenistas e pessedistas eram adversários ferrenhos em Itajaí. Detestavam-se. O namoro  teve começo calmo e se desenvolveu até o noivado sem maiores percalços. Mas, em 1947,  o pai de Cesar e o pai de Lucy se apresentaram como candidatos a prefeito. A briga política UDN x PSD reacendeu, com as duas famílias envolvidas na acirrada disputa eleitoral. Então, os noivos não puderam mais segurar a situação e desfizeram o noivado. Passadas as eleições, vencidas pelo pai de Lucy, pouco a pouco,  acalmaram-se os ânimos e os ex-noivos, felizes, reataram o noivado e logo marcaram o casamento. A grande festa de casamento, realizada na casa do pai da noiva, reuniu os mais altos chefes udenistas e pessedistas de Itajaí e do Estado, que confraternizaram noite  adentro sem dar mostra alguma de serem adversários políticos, que há pouco destratavam-se nos palanques.

O último caso é mais recente, do ano de 2014. A disputa política na cidade agora era entre progressistas e petistas, capitaneados pelo prefeito Jandir Bellini e pelo deputado Volnei Morastoni. Então, para espanto das famílias e  militantes de ambos os partidos, surge a notícia de que Keity Bellini, sobrinha do prefeito, e Lucas Morastoni, filho do deputado, estavam a namorar. Na família, diziam a ela: com tantos moços na cidade, você vai namorar logo um Morastoni!  No entanto, os antagonismos entre direita e esquerda foram deixados de lado e o romance Bellini mais Morastoni teve, afortunadamente, um final feliz.


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