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Coluna Fato&Comentário

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Edison d´Ávila é itajaiense, Mestre em História e Museólogo, mestre em Cultura Popular e Memória de Santa Catarina. Membro emérito do Instituto Histórico e Geográfico de SC, da Academia Itajaiense de Letras e da Associação de Amigos do Museu Histórico e Arquivo Público de Itajaí. É autor de livros sobre história regional de Santa Catarina

"Burro velho", vacinas e purgativos


"Burro velho", vacinas e purgativos

Arrefecida a pandemia, ainda se discutem razões e contrarrazões sobre aplicarem-se vacinas em crianças. A resistência em vacinar os filhos vem de muito longe. Em Itajaí, tem-se notícia pelo menos desde 1837, quando o presidente da Câmara de Porto Belo, a cujo território pertencia a então freguesia do Santíssimo Sacramento de Itajaí, reclamou ao presidente da província de Santa Catarina que nenhum pai concorreu a vacinar os filhos, apesar das penas previstas.

O Posto de Profilaxia, instalado em 1921, sob o patrocínio do americano John Rockfeller, que veio a ser a primeira unidade básica de saúde de Itajaí, passou a desenvolver ações de vacinação e combate às verminoses e à malária. As  duas de mais alarmantes índices de contaminação e infestação entre a população daqui. Dessa vez, a concorrência dos pais fora significativa, pois relatório do Posto de Profilaxia em 1924 aponta 44.139 medicados contra essas duas doenças endêmicas e 1477 vacinações.

Mais tarde, em 1938,  ao se criar no município o Centro de Saúde,  ações básicas de combate às endemias se tornaram rotineiras, indo os agentes de saúde inclusive ao encontro das crianças nas escolas para vacinações e administração de purgativos.

A chegada de tais agentes de saúde às escolas causava entre a criançada verdadeira comoção. Alguns choravam, outros empalideciam, a maioria ficava sobressaltada. Tudo porque a vacina contra a varíola ou catapora se aplicava com uma pena metálica de escrever, que arranhava o braço, e uma gota do soro antígeno sobre a arranhadura.

Os mais temidos, porém, eram os purgativos, ministrados às crianças com uma pílula, conhecida como remédio de bicha, juntamente com uma colherada do horroroso óleo de rícino.

Entre os apavorantes guardas sanitários aplicadores,  estava Manoel Pereira dos Santos, conhecido popularmente como “Burro Velho”. Dizia-se que esse apelido tivera origem na forma atrapalhada de Manoel dizer o nome do lugar em que nascera: Barra Velha. A língua, muitas vezes travada por alguns tragos de pinga,  pronunciava Barra Velha de modo tão  arrevesado que o povo passou a entender como “Burro Velho”.

Pois, o assustador agente de saúde, seu  “Burro Velho”, tinha uma forma insólita e peculiar de ministrar os purgativos e prescrever o que aconteceria com o aluno medicado.

Ele, na escola, à frente da fila de crianças, mandava  engolir a pílula e em seguida metia a colherada de óleo de rícino  boca abaixo de cada uma, sempre com a mesma colher!

E então, prescrevia ao estudante de cara torcida e em ânsias de vômito:

- Vás defecar muito!

É preciso que se diga que “Burro Velho” usava mesmo era o termo da linguagem popular...


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