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Sobre a preservação da caixa d’água
A notícia veiculada em 13 de julho de 2022 pelo “DIARINHO”, noticiando que a Caixa d´Água, da rua João Bauer, seria reformada me sensibilizou com recordações da infância.
Edificação com 68 anos de existência, foi ali situada em função da existência de um banco de areia no subsolo, adequado para as fundações pesadas, que já havia sido utilizado na construção da Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento.
Surgiu então uma obra bonita, de aspecto moderno e funcional. Um reservatório cilíndrico, com capacidade de 600 mil litros, era sustentado por seis colunas, livres até o chão.
O revestimento de granilha, utilizado na época para as fachadas de obras públicas, em tom claro, dava-lhe o aspecto austero.
No decorrer dos anos, além do desgaste natural, intervenções foram feitas a prejuízo da beleza original. Para abrigar as bombas, foi feita uma obra no térreo parecida com uma “saia”, solução esteticamente feia.
Em 1979, cercou-se tudo com uma edificação térrea que obstruiu totalmente a visão. Tal prédio, destinado ao escritório da Casan, foi construído por um sistema de pré-fabricação muito simples e barato: somente pilares e vigas, permitindo apenas cargas muito leves. Hoje, com 43 anos de existência e abandonado há anos, seu aspecto é deplorável.
Se houver intenção de recuperar tal ruína, com certeza o custo será alto e não compensador. Sua demolição e consequente desobstrução do entorno, proporcionará uma maravilhosa visão do monumento.
As colunas com a retirada da “saia” serão visíveis e a questão do abrigo das bombas poderá ser solucionado de maneira mais estética.
Com o aspecto novo após o restauro, criaremos um espaço público que tratado paisagisticamente será uma moldura para o principal marco histórico do desenvolvimento sanitário de Itajaí.
Creio que a responsabilidade social do Semasa deve pesar neste ato de resgate do patrimônio cultural e histórico da cidade.
* Arquiteto e urbanista, membro do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Itajaí