Colunas


Política e totens


O cérebro humano, uma porção do encéfalo, necessariamente passa por processos de aprendizado e armazenamento de coisas e fenômenos que lhes são exteriores. Até o limite do que sabemos, somos a única espécie que é capaz de aprender com extrema rapidez e criar culturas diversas para elaborar parâmetros à conduta da vida. Já não é só saciar a fome, mas preferir alimentos; não é só trabalhar e subsistir, mas expressar status e riquezas. E nenhuma espécie torce para um time de futebol!

Vivemos por associação de seres e espécies da natureza como instrumento de formação de grupos sociais. A diferenciação e, em muitos casos, a divergência, constroem a identidade social. Isso é próprio do Totemismo. Com os Totens e as associações que deles derivamos, damos coerência e sentido às práticas sociais e políticas. Não é a diferença que se torna relevante, mas a continuidade ou a complementaridade. Um casal que briga como “cão e gato”, por exemplo, exerce o papel de seres de espécies diferentes, irreconciliáveis, cuja natureza de existência os coloca em situação de concorrência e oposição. Se José é uma “águia”, ou João é uma “lesma”, ou se as fábulas constroem a moralidade humana a partir da “formiga e da cigarra”, encontramos ali sentidos para os humanos e práticas sociais e políticas.

No esporte esses preceitos estão “mais na cara do que nariz”. Times de futebol organizam sua torcida desde totens como “raposa”, “urubu”, “gaviões”, “mosqueteiros”, “galo”, peixe”, “leão”, “porco” etc. num franco sistema de associações de animais ao mundo social. Isso também vale para a criação do jogo do bicho e nossas atividades sociais. As pessoas se reconhecem como pertencentes a um grupo a partir de lógica totêmica, como forma de integração.

De origem “primitiva”, o Totemismo forma grupos coletivos e faz com que o indivíduo já não tenha gênero, idade, propriedades, formação educacional... cada um agora pertence ao grupo. O ...

Já tem cadastro? Clique aqui

Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais

Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!

Vivemos por associação de seres e espécies da natureza como instrumento de formação de grupos sociais. A diferenciação e, em muitos casos, a divergência, constroem a identidade social. Isso é próprio do Totemismo. Com os Totens e as associações que deles derivamos, damos coerência e sentido às práticas sociais e políticas. Não é a diferença que se torna relevante, mas a continuidade ou a complementaridade. Um casal que briga como “cão e gato”, por exemplo, exerce o papel de seres de espécies diferentes, irreconciliáveis, cuja natureza de existência os coloca em situação de concorrência e oposição. Se José é uma “águia”, ou João é uma “lesma”, ou se as fábulas constroem a moralidade humana a partir da “formiga e da cigarra”, encontramos ali sentidos para os humanos e práticas sociais e políticas.

No esporte esses preceitos estão “mais na cara do que nariz”. Times de futebol organizam sua torcida desde totens como “raposa”, “urubu”, “gaviões”, “mosqueteiros”, “galo”, peixe”, “leão”, “porco” etc. num franco sistema de associações de animais ao mundo social. Isso também vale para a criação do jogo do bicho e nossas atividades sociais. As pessoas se reconhecem como pertencentes a um grupo a partir de lógica totêmica, como forma de integração.

De origem “primitiva”, o Totemismo forma grupos coletivos e faz com que o indivíduo já não tenha gênero, idade, propriedades, formação educacional... cada um agora pertence ao grupo. O indivíduo é levado pelas diretrizes totêmicas, sem razão individual, sem reflexão, sem pensamento próprio. Sua condição individual é dominada e praticamente anulada por apelo e pressão de grupo. O sistema de totem é percebido e assumido como dado, como feito, como anterior ao indivíduo.

As expressões do esporte são reveladoras do campo bélico no qual se está, metaforicamente, inserido: disputas como batalhas, confrontos, guerras; jogador como soldado; pipoqueiros a pipocar [saltar para fugir]; ficar fora de combate; ataque, defesa, contra-ataque; fuzilar, torpedo, tiro, foguete, canhão, petardo, combate; artilheiro, volante [tropa de grande mobilidade tática por não portar armamento pesado]. Há estímulos que rodeiam as cabeças dos grupos para ações primitivas da espécie. Revoltas por insucessos e vingança para identificar culpados tornam o humano um ser irracional, um bicho.

Por revolta e vingança vivemos ainda os idos de 2018, movidos para derrotar adversário e tom de guerrilha entre torcidas organizadas. Os totens de “esquerda” e “direita”, como gato e rato, coelho e tartaruga, ratos e ursos, são fontes de estímulos não para o crescimento do País como território ou da Nação como coletivo passional de brasileiro. Servem ao irracional.

A Política de fonte Totêmica nos situa no campo das condições primitivas de comportamentos, atitudes, valores e existência. E pensar que já saudamos o século 21.


Conteúdo Patrocinado


Comentários:

Deixe um comentário:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Para fazer seu cadastro, clique aqui.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

ENQUETE

A soma das receitas do CPF + CNPJ vai mexer no seu bolso?



Hoje nas bancas

Confira a capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯


Especiais

Mudanças no texto não resolvem problemas do projeto, dizem especialistas

PL Antifacção

Mudanças no texto não resolvem problemas do projeto, dizem especialistas

Na sede da COP30, falta água e saneamento em bairros de maioria negra

Belém

Na sede da COP30, falta água e saneamento em bairros de maioria negra

Raoni desafia planos de Petrobras e Lula na COP30: “Não queremos petróleo na Amazônia”

EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO

Raoni desafia planos de Petrobras e Lula na COP30: “Não queremos petróleo na Amazônia”

Obras bilionárias da COP30 revelam contradições entre progresso e precarização em Belém

COP30

Obras bilionárias da COP30 revelam contradições entre progresso e precarização em Belém

Aves infectadas com vírus teriam sido testadas pelos EUA como armas biológicas no Brasil

LABORATÓRIO

Aves infectadas com vírus teriam sido testadas pelos EUA como armas biológicas no Brasil



Colunistas

Hang contra os pichadores

JotaCê

Hang contra os pichadores

Proclamação da República

Charge do Dia

Proclamação da República

A revolução humana da criação

Artigos

A revolução humana da criação

Cartão-postal

Clique diário

Cartão-postal

Cercando conexões

Coluna Esplanada

Cercando conexões




Blogs

Nossas igrejas fizeram aniversário

Blog do Magru

Nossas igrejas fizeram aniversário

O esporte se arrasta

Blog do JC

O esporte se arrasta






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.