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Coluna Fato&Comentário

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Edison d´Ávila é itajaiense, Mestre em História e Museólogo, mestre em Cultura Popular e Memória de Santa Catarina. Membro emérito do Instituto Histórico e Geográfico de SC, da Academia Itajaiense de Letras e da Associação de Amigos do Museu Histórico e Arquivo Público de Itajaí. É autor de livros sobre história regional de Santa Catarina

Coloninha: bairro popular de Itajaí


Coloninha: bairro popular de Itajaí

Quando se estabeleceu o segundo perímetro urbano da cidade de Itajaí, pela Resolução Nº 4, de 4 de maio de 1893, duas regiões já muito povoadas se incorporaram à área urbana como bairros: Fazenda e Barra do Rio.

Mas uma outra região, que passara a ser conhecida como Coloninha, também com muitos moradores, ficou incluída naquele espaço urbano. Esse bairro se constituía de toda a área adjacente ao “Caminho da Coloninha”, o qual se iniciava na Estrada da Barra do Rio, agora, Rua Blumenau, e ia até a altura da região do Fiúza Lima. Tal caminho tem hoje o nome de Rua Benjamim Franklin Pereira.

O território da Coloninha ficava nas extremas das sesmarias de José Corrêa de Negreiros e de Mathias de Arzão. Essas sesmarias, ou lotes coloniais, foram concedidas no final do século XVIII. A sesmaria de Corrêa de Negreiros fazia frente no Rio Itajaí-mirim e sua extensão incluía áreas da Vila Operária e Fiúza Lima, São Judas, Dom Bosco, Ressacada e Carvalho. E fora ali, no Fiúza Lima e São Judas, que se assentara um grupo de moradores com pequenos sítios, uma pequena colônia ou Coloninha. Tais moradores tinham comunicação com o Rio Itajaí-mirim e depois abriram outro caminho  de comunicação, como o Rio Itajaí-açu, o Caminho da Coloninha, que terminava na margem do rio, lugar que ficou conhecido como Praia da Coloninha.

Já no começo do século XX, em 1902, conforme notícia de jornal, Coloninha era considerada “um subúrbio desta cidade”, Itajaí. Outra publicação de 1949 trata a região como “aprazível bairro itajaiense”. Por fim, uma notícia de 1941 traz esta informação de cunho social: “é um bairro da cidade de Itajaí, onde se localizam os maiores necessitados”.

De fato, no Caminho da Coloninha e arredores, em seus muitos atalhos e becos    (beco da Bananeira, beco da Castanha, beco do Chumbeiro) residiam majoritariamente trabalhadores do Porto, operários das firmas madeireiras e tantos outros trabalhadores braçais com suas famílias. Era uma população quase sempre pobre ou remediada. E desde o final do século XIX, juntamente com a Fazenda, identificava-se como bairro popular.

O bairro era uma referência na cidade das primeiras décadas do século passado, porque lá estava situada a raia para corridas de cavalos. Nessa época, o hipismo era aqui muito desenvolvido, e as ocasiões das corridas juntavam público bastante numeroso e de todos os recantos de Itajaí. Quando das comemorações do centenário de Itajaí, em 1920, fora na raia da Coloninha que se realizaram as competições hípicas do programa comemorativo.

Entre portuários e trabalhadores de tantas profissões, residiram no bairro pessoas muito conhecidas como Vicente Ferreira de Mello, o Vicente Só, primeiro morador dos sertões de Brusque; Genoveva da Silva, dona Vevinha, parteira das famílias da redondeza; Tiago José da Silva, líder operário e político; Felipe Reiser, comerciante exportador de madeiras.

O espaço urbano da Coloninha e sua memória se desfizeram  com a criação dos bairros da Vila Operária e de São João, que entre si dividiram  o território daquele que foi um dos primeiros bairros populares da cidade.


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