Antes, porém, precisa-se saber que Roberto Burle Marx (1909/1994) paisagista, pintor, desenhista, escultor e designer, tornou-se internacionalmente reconhecido como paisagista e criador de afamados jardins. Fora ele que pela primeira vez passara a utilizar plantas nativas brasileiras em seus projetos. São projetos seus, dentre outros, os conhecidíssimos jardins do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, do Parque da Pampulha, em Belo Horizonte, do Parque de Ibirapuera, em São Paulo, e do Aterro do Flamengo, também no Rio.
E como tudo se passou com o caso de Burle Marx e Itajaí?
Era o ano de 1958 e naquela altura os prefeitos de Itajaí já haviam se cansado com as seguidas depredações dos jardins públicos da cidade e desistido deles. Na Praça Vidal Ramos, no Jardim Bruno Malburg, nos fundos da Igrejinha da Imaculada Conceição, os espaços dos canteiros de flores foram preenchidos com pedras e cimentados. Atestara-se, com isso, a vitória do vandalismo sobre o bom-gosto e a civilidade.
Antônio Augusto Nóbrega Fontes, folclorista, ativista cultural e colunista do Jornal do Povo, itajaiense de coração e residente no Rio de Janeiro, vindo visitar aqui familiares seus, espantou-se com os “canteiros de pedras lascadas” da cidade. Inconformou-se, assim como muitos daqui.
De volta ao Rio, conversou com seu amigo Burle Marx. Eles eram vizinhos na Praia do Leme, onde ambos residiam. Fontes frequentava em muitos finais de semana o sítio do amigo em Guaratiba, hoje tombado como patrimônio natural e histórico pelo IPHAN. Ficou, então, acertada a parceria de Burle Marx com Itajaí.
Pressuroso, Nóbrega Fontes então escreveu em sua coluna “Rosa dos Ventos”, de 26 de janeiro, do Jornal do Povo, de Itajaí, que tinha uma proposta do amigo para o projeto do jardim da Praça Vidal Ramos. Com a boa nova, esperava adesão imediata da administração municipal. Burle Marx à época estava construindo os jardins da Fundação Rockfeller, em Caracas, na Venezuela.
Decepcionante surpresa, a proposta feita não mereceu atenção alguma. Ficou sem resposta. O grande paisagista nada cobraria, apenas se deveria fornecer as plantas e os jardineiros.
Perdeu, desse modo, Itajaí a oportunidade de contar entre seus logradouros públicos com um jardim da assinatura do grande Burle Marx, que depois mais se celebrizaria em Brasília, Washington, Haia, Londres.
Aqui em Santa Catarina, ele é o autor do projeto paisagístico do Aterro da Baía Sul, em Florianópolis, de 1971.