ITAJAÍ
A política não pode ser um negócio pessoal
Carta aberta à população de Itajaí e aos seus representantes
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(A pedido)
Como ex-vereadora e cidadã, não posso me calar diante da proposta de aumento do número de vereadores e de assessores em Itajaí.
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Muitos pensadores e teólogos costumam dizer que o nível de uma sociedade é medido pela forma como ela trata seus animais ou seus prisioneiros. Hoje, observando nosso cenário político — não só no Brasil, mas também em Itajaí — vejo-me obrigada a acrescentar algo: nossa sociedade é medida também pelo modo como aceitamos ser enganados por pessoas mal-intencionadas, travestidas de políticos, que visam apenas o seu bem pessoal e se esquecem completamente das pessoas e da sociedade que deveriam estar protegendo e representando.
Enquanto uma falsa direita e uma falsa esquerda se digladiam como se fossem donas da pura verdade, apontando dedos, nossos personagens políticos continuam livres, operando dentro das instituições.
Refiro-me aos políticos que, ao assumirem o cargo, transformam o serviço público em balcão de negócios para o crescimento de fortunas pessoais.
Refiro-me àqueles que dizem "eu não sou corrupto", mas se corrompem moralmente ao aceitar e promover leis que beneficiam apenas os movimentos políticos, enquanto a população é a única que, na sua grande maioria, sofre.
Usam o argumento da "pluralidade" para justificar o injustificável.
Vereador é eleito por todos e para todos. Se o objetivo fosse realmente inclusão e representatividade por bairros, bastaria redistribuir o trabalho dos 17 atuais com indicadores eficientes, fosse por geografia ou qualquer outro critério. Mas não é isso que querem.
O que buscam é o "jeitinho brasileiro" para acomodar interesses, distribuir cargos e diluir a responsabilidade.
E, nesse meio tempo, perdidos e diluídos em circos e demonstrações teatrais cheias de mentiras, pergunto: “onde está o dinheiro?”
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Esse dinheiro está sendo drenado para manter máquinas públicas inchadas.
Mais vereadores não garantem qualidade; garantem, sim, um aumento absurdo de custos com salários, infraestrutura e assessores.
Esse velho erro que cometemos constantemente nas urnas, de "colocar a raposa para cuidar do galinheiro", tem nos levado a péssimos lugares e a péssimos resultados.
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Acredito e defendo o que muitos temem dizer: o político não deveria fazer do mandato o seu sustento familiar. A política deveria ser um ato de doação de tempo à comunidade por pessoas que já têm seu trabalho e sua vida provida.
Se querem tanto aumentar o número de cadeiras por "amor à democracia", por que não dividem o salário dos 17 atuais entre os 21? Por que não abrem mão da remuneração em prol da cidade?
A resposta é óbvia: sem o dinheiro, o interesse acaba.
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Levantei e propus isso quando vereadora. Numa discussão sobre o aumento das cadeiras em Itajaí, sugeri que, se aumentássemos o número, que os vereadores passassem então a trabalhar sem salário, como já foi feito um dia, num passado não tão distante.
Com essa minha proposta, o assunto “morreu”... ou melhor colocando: com essa minha posição, "matei" o assunto.
Agora, vejo que a mudança foi aprovada em ano que antecede uma grande eleição, e por “unanimidade” ... me assusto e me pergunto: onde iremos parar?
Legisladores falam em "cumprir a lei", mas se recusam a atualizar as leis que permitem essas atrocidades.
Eu já aceitei que talvez não veja a verdadeira mudança ética nesta vida, mas escrevo isso pelos meus filhos. A mudança só começará quando pararmos de engolir essa "conversa pra boi dormir".
Itajaí precisa de eficiência, não de mais parlamentares. Precisamos de gente com vergonha na cara, princípios e caráter, que entenda que o dinheiro público é sagrado e não um fundo de reserva para interesses egocêntricos.
Digo não ao aumento de cadeiras! Digo não ao aumento de assessores!
A sociedade precisa acordar e não podemos mais aceitar esses retrocessos e abusos com o dinheiro público, com nossos impostos e com nossa cidade.
Para encerrar, faço um apelo ao prefeito de Itajaí e ao presidente da Câmara de Vereadores, chefes do executivo e do legislativo que ocupam cadeiras que deveriam servir como escudo da população contra excessos e como condutor de benfeitorias sempre para o bem-comum, e não como realizador de medidas que aprovam o desperdício de recursos.
Como ex-vereadora, sei que a pressão política dos partidos, dos vereadores e de todo um sistema arcaico e ineficiente que se beneficia desses absurdos é grande, mas a pressão da história e da nossa consciência deve ser maior.
Tenho certeza de que a grande maioria dos moradores de Itajaí se posicionaria contra esse aumento e faço, então, este apelo direto: não sancionem este retrocesso.
Repensem essa medida que afronta a realidade de quem trabalha e produz por Itajaí.
Os senhores têm agora em mãos a oportunidade de agir como verdadeiros líderes, colocando o interesse público acima de conveniências políticas absolutamente questionáveis, e acima de momentos e situações no mínimo duvidosas.
Não permitam que suas gestões sejam lembradas como aquelas que incharam a máquina pública enquanto a cidade pedia por melhores resultados.
A política de Itajaí não precisa de mais cadeiras; ela precisa de mais eficiência e de mais respeito.
Aline Aranha - Cidadã e ex-vereadora de Itajaí
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