Estudantes de 15 a 18 anos do Instituto Federal de Santa Catarina, campus Itajaí, organizaram na semana passada um marmitaço solidário para protestar contra o preço da única refeição disponível na escola. O prato livre da cantina custa R$ 26,60, valor considerado alto pelos alunos, que reivindicam um bandejão com comida acessível. Vale mencionar que o ensino médio técnico integrado exige que os estudantes fiquem no campus o dia inteiro — incluindo o horário de almoço.
A mobilização foi na quinta-feira passada, no estacionamento em frente ao campus. O grupo preparou marmitas a R$ 2, com opção vegana, usando doações de professores e alunos. “Organizamos um movimento ...
A mobilização foi na quinta-feira passada, no estacionamento em frente ao campus. O grupo preparou marmitas a R$ 2, com opção vegana, usando doações de professores e alunos. “Organizamos um movimento contra a fome, motivado pela ausência de um bandejão ou restaurante estudantil no IFSC Itajaí”, explicou a presidente do Grêmio Estudantil, Lívia Bittencourt Wilbert. “O Grêmio fez tudo sozinho, com apoio de professores e alunos. A gente se uniu para fazer uma diferença a favor da luta pela comida de qualidade”.
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Foram oferecidas cerca de 80 marmitas, segundo os organizadores. Muitos pais de estudantes também compraram o alimento e elogiaram a iniciativa.
Mobilização nacional
O diretor da Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (Fenet) e membro do Grêmio, Di Flores, disse que o ato local faz parte de uma discussão maior que envolve institutos federais de todo o país. “É importante ressaltar que o nosso marmitaço foi uma construção de luta que aconteceu aqui em Itajaí, mas também de uma construção de luta que vem acontecendo nos institutos federais de todo o país”, afirmou.
Ele conta que o tema alimentação apareceu como um dos principais problemas no Encontro Nacional da Fenet, em setembro. “São diversos estudantes que entram dentro do ensino técnico, mas que não conseguem permanecer. Isso se mostra através da alimentação. Não são poucos os estudantes que saem do IF e não concluem os cursos por causa da alimentação que hoje não existe na maior parte”, disse.
Di também destacou que a mobilização se conectou à greve nacional de estudantes no dia 26 de novembro. “Decidimos construir esse marmitaço, que foi um ato em que pudemos oferecer alimentação para os estudantes, mas também reivindicar que nós não queremos aceitar mais o que é colocado hoje para nós”.
Segundo ele, muitos alunos relataram dificuldades para comer no campus. “Muitas vezes iam pro IF esperando poder comer pelo menos a banana que é oferecida, porque dentro de suas casas não tinham o que comer, e quando chegaram lá nem a banana foi oferecida”.
União dos alunos
A vice-presidente do Grêmio, Betina Mayumi Adachi Bandeira, descreveu o dia como marcante. “Foi muito incrível a mobilização que a gente fez. A gente conseguiu mobilizar cinco alunos para ajudar e uma professora também muito importante ajudou a gente”, contou. “O objetivo foi mostrar que dá, sim, para os estudantes terem uma alimentação boa e barata”, enfatizou.
Betina reforçou que o problema é recorrente. “Às vezes a comida aqui é R$ 26,00 e tem gente que não tem condição de trazer de casa e nem condição de pagar. Acaba comendo uma coxinha. Já vi gente passando mal aqui na escola por fome”, completou.
O DIARINHO procurou a direção do IFSC Itajaí para comentar a manifestação e as reclamações dos estudantes. A escola não respondeu até o fechamento desta matéria.
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